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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Menu Mitologia Grega: Cécrops, O Primeiro Rei de Atenas

CÉCROPS, O Primeiro rei de Atenas



Cécrops, que significa "face com cauda", tinha o corpo metade humano, metade serpente. Diz-se que este lendário grego foi o primeiro rei e fundador de Atenas, um herói cultural que teria ensinado aos atenienses sobre o casamento, a leitura, a escrita e o cerimonial de sepultamento. Uniu todos os povos da região, não através da força e da guerra, mas com sabedoria, poder de persuasão, bons conselhos e boas obras. Cecrops trouxe todas as tribos e clãs que estavam espalhados nas florestas, estabeleceu-se em doze municípios e elegeu um Senado; uma assembléia de homens sábios e prudentes para governar, administrar e cuidar da justiça.

Também deu forma e instituiu regras para a religião e convenceu ao povo a substituir os sacrifícios de humanos e animais sobre o altar por oferendas de trigo, frutas e flores. Com sua habilidade de governar, Cecrops instituiu novas leis, regulamentou o casamento e os funerais. Assim deu força para que a sociedade tivesse mais responsabilidade e coesão familiar. Depois instituiu o primeiro recenseamento da história, criando a enumeração dos habitantes e estabeleceu os registros em seu reino. 

Durante seu reinado, Athena e Poseidon fizeram uma competição sobre quem daria o melhor presente aos atenienses, e assim se tornaria o protetor da cidade. Poseídon bateu numa rocha com seu tridente fazendo jorrar uma belissima fonte, mas a água era salgada e não foi considerada útil. Athena bateu sua lança na rocha e dela surgiu uma oliveira. Cécrops julgou que a oliveira era o melhor presente, porque produzia madeira, óleo e comida; Athena se tornou a protetora e deu seu nome à cidade. 

Cécrops casou-se com Aglauro e dessa união nasceram as filhas: Agrauro pequena, Herse, Pandroso e o filho Erisicton. Certo dia as irmãs Aglauro, Herse e Pândroso receberam um cesto da deusa Athena com a recomendação de jamais abrí-la. Dentro da caixa estava o pequeno Erisicton, que seria o futuro rei de Atenas, gerado pelo amor de Hefesto com a deusa, cujo segredo Athena preferia que ficasse guardado para sempre. Tomadas pela curiosidade, as irmãs abriram a caixa. Ao ver que a criança possuía um rabo de serpente, as moças enlouqueceram e cairam de um penhasco. 

Erisicton morreu antes de Cécrops, e assim o rei não foi sucedido por nenhum de seus filhos. Cranau, o mais poderoso dos atenienses, também autóctone nascido da terra assim como Cécrops, assumiu o torno em 1045 a.C. Foi durante o seu reinado que aconteceu o maior dilúvio da história, quando sobreviveu apenas Deucalião e Pirra. Curiosamente, todas as terras foram inundadas por Poseidon, o deus do mar, que havia perdido a competição...

Reflexão:

A história de Cécrops simboliza o esforço para tornar uma nação justa e democrática, sem assistencialismo e protecionismo que causam apenas dependência e alimenta o sentimento de invalidez. Quando se cria cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, eles não se comportam como inválidos, não dependem do poder e nem de instrumentos de controle e defesa, mas criam a ideia de que devam receber serviços públicos adequados e não toleram desmandos do poder, tendo assim o direito de ser e exercer a verdadeira cidadania.

Sendo Athena, deusa da sabedoria homenageada como a madrinha, a cidade de Atenas teve um passado glorioso por suas artes, ciência e inteligência dos seus habitantes que se tornaram muito mais significativos do que suas guerras e conquistas militares. Cecrops foi o primeiro governante a exercer a diplomacia; a arte de governar e defender seu povo com inteligência e nobreza. 

Ao julgar a questão de Athena e Poseidon, Cécrops considerou o que seria mais útil ao seu povo. Muitas vezes, o que deveria ser usado para educar, libertar, alimentar e reconhecer o poder da cidadania, acaba em mãos perversas que negam a educação para favorecer a ignorância, que gera a dependência, a fome e a incapacidade. Sem esperanças de cidadania, embarca na corrupção; aprende que é melhor ter padrinhos quando se deveria exigir o cumprimento da lei, oferecendo capacitação e oportunidade para todos.

O filho herdeiro morreu antes de Cecrops e o rei não foi sucedido por nenhum dos filhos. Suas filhas que ousaram desvirtuar os segredos da deusa da sabedoria, foram punidas com a loucura e levadas ao penhasco. Simbolicamente representa desenvolver o sentimento de culpa para preocupar-se com o outro e aprender a reparar o mal causado, o mal que deve ser combatido. É preciso que o criminoso não descubra os ganhos secundários do crime, que seja real: o crime não compensa.

O perverso, o corrupto, o marginal algumas vezes consegue escapar das malhas da lei a quem desafia e da justiça a qual tenta corromper. Isto cria no ambiente social a idéia da impunidade, o que leva a um descrédito coletivo na lei e na justiça, e até a tentativas de fazer justiça com as próprias mãos, em cada um que se sente privado do exercício da cidadania e da auto-estima . 

Fugir da lei para o perverso é apenas uma forma infinitamente dolorosa de descobrir que a lei existe, que muitas vezes pode ser distorcida, ser corrompida, mas jamais será destruída, pois a deusa da Inteligência sempre estará presente numa guerra de deuses. Quando governantes se convencerem de que são espelhos para seu povo, estarão construindo cidadãos, futuros legisladores honestos. Uma idéia muito antiga: 

"Educai as crianças e não será necessário punir os homens! " escreveu Rui Barbosa...

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