ALOÍDAS, DA FORÇA BRUTA À SABEDORIA
Havia uma geração de Gigantes que não pertencia às divindades primordiais. Eram os Aloídas, filhos de uma aventura amorosa de Poseidon, deus dos mares e Ifimedia, esposa de Aloeu. Conta a lenda que Ifimedia apaixonou-se por Poseidon e passeando à beira do mar foi pegando pequenas porções de água das ondas em suas mãos e derramando-a em seu peito. Não resistindo aos encantos, Poseidon viveu com ela um romance do qual nasceram os filhos gêmeos Oto e Efialtes.
Os gêmeos eram chamados de Aloídas por terem sido adotados por Aloeu, marido de Ifimedia. Eles se distinguiam por sua extrema beleza. Além de serem gigantes, eram fortes e agressivos. O fato é que tiveram um rápido crescimento. Aos nove anos os Aloídas já haviam alcançado a altura de dezessete metros e já se mostravam violentos seguindo seus impulsos por onde passavam.
Certo dia os Aloídas junto com outros gigantes resolveram se rebelar contra Zeus. Pretendendo destronar Zeus, raptar a deusa Hera - a esposa de Zeus - e a deusa Ártemis, eles empilharam os Montes Ossa e Pelion. Assim eles conseguiram criar uma grande escada para escalar e invadir o Olimpo - a morada dos deuses. Quando Ares, o deus da guerra tentou impedí-los, os intrépidos gigantes aprisionaram Ares em um pote de bronze. Ali o deixaram por treze meses, até ser libertado por Hermes - o mensageiro dos deuses.
Na rebelião, os gigantes ameaçaram atirar as montanhas ao mar na tentativa de secá-lo. Diante de tanta ousadia, Zeus fulminou os Aloídas com seus raios e os aprisionou para sempre nos infernos. Amarrados a uma coluna cercada por serpentes, foram submetidos ao suplício eterno e torturados perpetuamente por uma coruja que gritava sem parar...
O mito dos Aloídas está relacionado à descoberta da inteligência sobre os impulsos, da vitória da inteligência do homem sobre os seus instintos. É a força dos instintos que nos levam à ação e, embora haja uma diversidade de instintos, há alguns considerados básicos que podem se tornar dominantes e influir em nossa personalidade. São os instintos distorcidos na infância que produzem os comportamentos obssessivos.
Os aspectos físicos dos instintos foram reconhecidos como necessidades, o que permitiu uma nova visão sobre o comportamento do ser humano, que não busca apenas saciar suas necessidades físicas, mas deseja crescer e se desenvolver. As necessidades básicas, fisiológicas e de segurança, são mais primitivas e devem ser saciadas para evitar um estado indesejável, que são a fome, a sede e o medo.
As necessidades dos níveis mais altos são necessidades de crescimento, que buscam serem saciadas para se alcançar algo desejável, que são o afeto, a participação social, o reconhecimento de seus talentos, habilidades e autorealização. Ao mesmo tempo em que é desejável atingir os níveis mais altos, as necessidades básicas se mostram poderosas, pois somente quando estão saciadas, total ou parcialmente, torna-se possível perceber os níveis mais altos.
À medida que as necessidades sobem na hierarquia, tornam-se menos animalescas, mais distantes do instinto e mais humanas, mais próximas da razão. A razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. É, entre outros, um dos meios que os seres humanos usam para propor razões ou explicações para causas e efeitos.
A razão está particularmente associada à natureza humana, permitindo resolver problemas, encontrar coerência ou contradição, descartar ou formar novos conceitos de uma forma ordenada e geralmente orientada para objetivos. Isso inclui raciocinar, aprender, compreender, ponderar e julgar, por vezes usada como sinônimo de inteligência e sabedoria.
Como símbolo da sabedoria, a coruja tem muito a nos ensinar. Ave noturna, ela não suporta a luz do sol. Seus olhos são adaptados para enxergar no escuro e localizar suas presas sob a fraca luminosidade do luar. Como as corujas se orientam pela reflexão (a luz solar sobre a lua) e não pela percepção direta (a luz solar), os gregos as associaram ao conhecimento, fruto da reflexão e da sabedoria.
A coruja era um animal de estimação da deusa Athena, a deusa da sabedoria, da estratégia, da justiça e da habilidade. Capaz de girar a cabeça quase que completamente e ver todos os lados, a coruja significa a capacidade de buscar diferentes pontos de vista para analisar todos os lados de uma questão. Compreender que há outros pontos de vista, é o início da sabedoria.
Fonte: Aqui
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