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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Menu Mitologia: O Shah Nameh

O SHAH NAMEH



O Shah Nameh (em persa شاهنامه ), "Livro dos Reis" ou "Épica dos Reis", é uma grande obra poética escrita no século X, pelo escritor iraniano Ferdusi, que narra a história e a mitologia do Irã, desde a criação do mundo até a sua conquista pelos árabes no século VII. Sua elaboração levou cerca de 30 anos e o livro se constitui de 62 histórias (990 capítulos) e 56.700 dísticos (estrofes de dois versos)

Após a conquista árabe, o pahlavi, falado à época dos Sassânidas, desapareceu dos documentos escritos, tendo sido substituído pelo árabe. Somente no século IX o idioma reaparece, já como o persa moderno, resultante da transformação oral do pahlavi, mediante a incorporação de palavras árabes.

Embora o persa já fosse então utilizado por alguns escritores iranianos, nenhum deles havia produzido uma obra literária tão significativa como a de Ferdusi. Por isso é visto como o momento de reacendimento da língua persa e Ferdusi considerado um herói nacional. Tal como a Commedia de Dante estabeleceu os padrões da língua italiana, o Shahnameh correspondeu à certidão de nascimento da língua persa.

O Shahnameh está dividido em três partes: as eras Mítica, Heroica e Histórica, registrando os feitos de 50 xás ou reis persas em cerca de 60.000 versos dísticos.

A narrativa inicia com heróis e reis persas pré-islâmicos, começando com os relatos míticos da criação do mundo e do primeiro homem, Keyumars, e as guerras heroicas. Boa parte da obra cobre os feitos do herói persa Rustam. A obra termina com a história dos últimos reis sassânidas e a história da conquista da Pérsia pelos muçulmanos.

Em português há uma tradução parcial de João Francisco Diel de Sousa baseada no texto em inglês.

O Shahnameh relata o reinado mítico de 50 xás ou reis persas com muitos contos fantásticos e aventura. Com quase 60.000 dísticos (estrofes de dois versos), o Shahnameh é um dos mais longos épicos já escrito — fruto dos esforços do poeta Ferdowsi. Mas a grandiosidade encontra-se nas muitas histórias do poema.




Shahname significa ‘Livro dos Reis’ e é grafado com várias alternativas como Šāh-nāmah ou Sahnama (em português o apropriado deveria ser Xaname; o título ‘xá’ está bem assimilado).

A obra possui três grandes partes. Como na divisão da História por Giambattista Vico, o tempo é dividido em três eras: a Mítica, a Heroica e a Histórica. Na Era Mítica relata a narrativa da criação do Mundo e a introdução do Mal, com reinados centenários como as vidas dos patriarcas antediluvianos da Bíblia. A Era Heroica retrata quatro gerações, centradas no reinado de Zal e os feitos de seu filho Rostam. E, por fim, — a Era Histórica ou dos Homens, com narrativas sobre Dario e Alexandre; as várias dinastias do período áureo da Pérsia.

O cerne do poema é a história do valente Rostam. Esse herói — congênere de Gilgamesh, Hércules e Ulisses — enfrenta dragões, apaixona-se por uma princesa e sofre a tragédia de matar o próprio filho Sohrab sem o saber em uma batalha.

Escrito para os reis, o épico é majestoso em sua pretensão. É um extenso conselho moral para um reinado glorioso.




Os persas passavam por fervor de renascimento nacional quando o sultão Mahmud de Gházni (971 –1030) se emancipou do controle árabe do Califado Abássida fundando o Império Gaznévida. O poeta Abu ʾl-Qasim Hassan ibn Ali Ferdowsi Tusi (c. 940–1020) decidiu registrar o espírito do tempo com o monumental épico baseado em folclore, outros poemas menores e sua própria criatividade. Em seu trabalho, deliberadamente evitando arabicismos, marcou o início do idioma persa contemporâneo, como fez o Chanson de Roland para o francês ou a Divina Commedia para o italiano. Um milênio depois, os leitores do farsi moderno conseguem compreender essa epopeia sem grandes dificuldades.

Ferdowsi

Ferdowsi (ou Ferdusi) era de uma aristocrática família de fazendeiros do nordeste do Irã cuja sorte diminuiu com o fim da dinastia sassânida. Esperava cair nos favores de Mahmud que, entretanto, só lhe pagou a metade da quantia esperada e em uma moeda de menor valor. Desgostoso, Ferdowsi torrou seu prêmio na visita a um banho público e a um bar. Ferdowsi retornou para Tus, fez um poema satírico contra Mahmud, morreu na pobreza.

Como Os Lusíadas, a narrativa heroica do Shahnameh constrói um propósito nacional. Ainda hoje o poema faz parte da identidade de vários povos irânicos (e até mesmo de turcos e de caucásios), sendo importante para a religião parsi, pois registra as crenças da época zoroastriana do Irã pré-islâmico. Seus personagens dão nomes a muitos bebês e suas citações viraram provérbios. As rádios iranianas transmitem diariamente trechos do poema.

Há várias adaptações dessa epopeia. Desde quadrinhos (aliás, os manuscritos com as iluminuras do poema precedem as graphic novels), cinema e versões infantis ou edições luxuosas. O Livro dos Reis passou a ser recitado na arte do naqqal. Contadores de estórias fazem performances no Irã e na Ásia Central apresentando-se em cafés e festas privadas. Normalmente um naqqali conta de forma teatral um capítulo de 90 minutos por dia e em seis meses o poema inteiro.



Esse épico persa, pouco conhecido no Ocidente, faz parte do cânone da literatura mundial. Todavia, poucas são as traduções disponíveis. Em português há uma tradução parcial de João Francisco Diel de Sousa Literatura e imagens persas no Livro dos Reis, baseada no texto em inglês do iranista Dick Davis, que recentemente lançou sua tradução definitiva (Penguin Classics, 2016). O wikisource em inglês  contém o texto quase completo.


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