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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Menu Mitologia Grega: Dédalo e o Labirinto

DÉDALO E O LABIRNTO



O guarda avançou esbaforido palácio adentro e se reportou diretamente ao rei Minos.
– Senhor, senhor! Eles escaparam! Os atenienses escaparam do Labirinto e o Minotauro está morto!

Minos enrubesceu. Nunca um rei ficara tão furioso. Nem tanto pela  fuga em si. Nem tanto pela morte do Minotauro. Mas pela traição que naturalmente se havia configurado. Num urro, a voz do monarca ecoou por todas as salas palacianas. 

– Déééééédaaaaaaalooooooo!!! 

Estava claro que, se os atenienses conseguiram escapar do Labirinto, seu projetista havia de tê-los ajudado. Afinal de contas, aquela era a prisão perfeita. O próprio Minotauro, que lá vivera anos e anos, jamais conseguiu encontrar a saída. Como puderam os prisioneiros de Atenas sair em tão pouco tempo? Devia haver um modo, mas o único que poderia conhecê-lo era Dédalo. O rei mandou chamar o inventor.

– Dédalo, está sabendo o que se passou no Labirinto? 
– Claro, senhor. A cidade toda sabe. Os prisioneiros escaparam. 
– O que tem a dizer sobre isso?
– Um prodígio, senhor. Vossa Majestade sabe que projetei o Labirinto para ser à prova de fuga...

– E, no entanto, eles escaparam! 
– É como eu disse. Um prodígio. 
– Pois estamos prestes a ver um novo prodígio no Labirinto, caro inventor. 

– Como assim, Majestade?

 – Condeno-o ao aprisionamento no Labirinto e, para aumentar o teu sofrimento, irá contigo seu filho Ícaro. Tenho razões para acreditar que você ajudou os atenienses a fugir. E, se você está dizendo a verdade, e o Labirinto é mesmo à prova de fuga, saberemos, ao constatar seu apodrecimento entre suas paredes. 

Assim, Dédalo e Ícaro foram levados ao Labirinto e deixados lá para morrer. Sem a possibilidade de aplicar o recurso que havia ensinado a Ariadne para a fuga dos atenienses, o velho inventor estava temeroso de que fosse seu fim. Mas não se daria por vencido antes de refletir muito sobre o assunto. 

– Hmm, meu filho, não sei como sairemos daqui sem ajuda externa. Eu realmente projetei o Labirinto para ser inescapável. Não há meio de vencê-lo,  nem por terra nem por mar... Ei, é isso! Já sei! Não se pode sair do Labirinto por terra nem por mar, mas... 

– Pai, e como isso nos ajuda? 
– Não vê? Por terra ou por mar! Entretanto, podemos escapar dele pelo ar! 
Ícaro achou que seu pai tinha enlouquecido. 
– Como haveremos de sair por ar, pai? Por acaso, vamos bater asas e voar? 
– Exatamente!

Ícaro então teve a convicção de que Dédalo estava mesmo maluco. Mesmo quando o pai lhe explicou em detalhes o plano, continuava incrédulo.

– Vamos recolher tantas penas quantas encontrarmos dentro do Labirinto. Há várias aves que o sobrevoam, de forma que não será tão difícil encontrá-las. Com materiais encontrados por aqui, como galhos velhos, construiremos a estrutura das asas. E com cera colaremos as penas. Sairemos daqui voando! 

Seria possível? Ícaro sempre reconheceu o brilhantismo de seu pai e tratou de seguir as instruções. Não custava tentar. 

E dessa forma Dédalo fabricou dois pares de asas e ensinou Ícaro a usá-las. Mas advertiu o filho:

 – Nosso mecanismo de voo é dos mais precários. As penas estão coladas com cera. Por isso, mantenha baixa altura: se você se aproximar do sol, o calor derreterá a cera e suas asas se desmancharão ao vento. 

– Sim, papai.

Os dois decolaram e, por incrível que pareça, deu certo. Saíram do Labirinto pelo ar e logo estavam fora de Creta, sobrevoando o mar. O rumo dos dois era a Sicília. Mas Ícaro logo se encantou com o poder sobre-humano recém-adquirido. Contrariando as instruções do pai, começou a elevar-se mais e mais. Encantado com o brilho do sol, decidiu que tentaria se elevar até ele, para desvendar seus mistérios. Parecia hipnotizado pela possibilidade  de ir mais longe e mais alto que qualquer um. Dédalo via aquilo aterrorizado. 

– Meu filho! Meu filho! Desça! Desça!
– Não se preocupe, pai! Está tudo bem! Quero voar mais alto que o mais poderoso dos pássaros!
– Não, Ícaro! Não faça isso! Desça! 

Mas Ícaro, como é comum aos jovens, não ouviu o conselho de seu pai. Atraído pelo calor do sol como um inseto pela luz, continuou subindo, e a cera começou a derreter. Suas asas se desmancharam e, de súbito, Ícaro despencou, mergulhando nas águas do Mar Egeu. Nunca mais se viu sinal do impetuoso explorador.

Dédalo pousou em segurança na Sicília e foi recebido com hospitalidade pelo rei siciliano, que via na crise em Creta uma ótima oportunidade de ter o gênio criador do Labirinto a seu serviço.

Minos, em contrapartida, foi tomado pela fúria e queria executar Dédalo a todo custo. Mas sabia que precisaria de inteligência, mais do que de força bruta, para localizar o fugitivo. Propôs então um concurso e o divulgou em toda parte: pagaria uma fortuna a quem conseguisse fazer passar um fio por todas as curvas de uma rebuscada concha cheia de complexas formas espiraladas. Assim que Dédalo ficou sabendo do desafio, comunicou ao rei da Sicília que era capaz de solucionar o mistério com facilidade, de modo que pudesse receber o prêmio. A estratégia de Dédalo foi fazer um pequeno orifício na concha, grande apenas o suficiente para que uma formiga passasse por ele, amarrada a um finíssimo fio. Com a formiga já dentro da concha, o inventor a fechou. Depois disso, bastou fechar a passagem e esperar que o inseto saísse do outro lado. Em pouco tempo, a formiga estava fora da concha, e o fio passava por todas as curvas rebuscadas em seu interior. 

Minos foi comunicado do sucesso no desafio e teve a certeza de que só a genialidade de Dédalo seria capaz de vencer mais esse labirinto. Ordenou que o rei da Sicília entregasse seu desafeto, mas teve o pedido recusado. Cego pela fúria, Minos então mandou seu exército invadir a Sicília. Uma violenta batalha se desenrolou, mas ao final o rei cretense saiu derrotado e perdeu a vida por sua sede de vingança.

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