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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

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A CRUZADA DAS CRIANÇAS




Liderados por meninos pobres, milhares de camponeses, mendigos e doentes cruzaram a Europa, em 1212, em procissões que queriam chegar a Jerusalém

Estêvão tinha apenas 12 anos. Era analfabeto e ajudava a família cuidando de cabras em Cloyes, no norte da França. Em maio de 1212, foi até Saint Denis, onde o rei Felipe Augusto havia se instalado, para entregar-lhe uma carta. O menino dizia que Jesus em pessoa lhe pedira para liderar uma nova cruzada contra os muçulmanos.

Mas, diferentemente das quatro incursões anteriores à Terra Santa, o exército cristão deveria ser formado por crianças. Segundo Estêvão, com o coração e a alma livres de pecados, elas receberiam a ajuda de Deus, venceriam os infiéis e retomariam Jerusalém.

Não se sabe se Felipe recebeu o menino e é provável que ele sequer tenha lido a tal carta. Sabe-se porém que o monarca ficou intrigado com a pregação do pequeno pastor e, como não tinha certeza do que fazer com ele, mandou consultar os acadêmicos da Universidade de Paris. 

A resposta foi sábia: o rei deveria mandá-lo de volta para casa. E assim o fez. Até aqui, a história está documentada e consta dos textos dos principais cronistas da época, entre eles Vincent de Beauvais e Roger Bacon.

A partir daí, o que aconteceu a Estêvão virou um mito que foi recebendo enxertos aqui e ali, até se tornar um dos episódios mais emblemáticos da Idade Média, conhecido como a Cruzada das Crianças. Estêvão se tornaria uma lenda, mas não seria o único. 

Na Alemanha, no mesmo ano, movimentos muito semelhantes aconteceram. "Juntas, essas procissões teriam reunido cerca de 40 mil pessoas, segundo os textos medievais, mas a maioria dos especialistas acredita que é exagerado", diz o historiador Malcolm Barber, da Universidade de Reading, Inglaterra.

Para entender essas manifestações populares é preciso voltar ao início do século 13. Na baixa Idade Média, as migrações eram comuns em toda a Europa. A população crescera bastante e havia muitos camponeses sem terras, migrando de vila em vila, procurando trabalho ou algum tipo de assistência. 

Essa multidão que vivia em trânsito ou à beira das estradas era um público farto para os pregadores messiânicos, que dominavam a cena religiosa. "O cristianismo estava ameaçado por muçulmanos e bárbaros e os movimentos de 1212 são filhos dessa crise", diz Christopher Tyerman, professor do Hertford College, em Oxford, Inglaterra.

Após o fracasso da Quarta Cruzada, entre 1202 e 1204, surgiu no norte da França e no vale do rio Reno (na atual Alemanha) a ideia de que uma dessas peregrinações deveria se transformar numa nova cruzada popular composta apenas por pessoas comuns e desarmada que iria retomar Jerusalém apenas com o auxílio divino. 

Assim, quando Estêvão apareceu em Saint Denis, parecia uma resposta às preces daquelas almas cristãs atormentadas que perguntavam: "Por que nós não conseguimos expulsar os muçulmanos de solo sagrado?" Na lógica medieval, Deus não parecia disposto a ajudar as tropas comandadas por nobres pecadores, usurpadores e impuros. 

Por isso, a ideia de realizar uma cruzada com crianças, imaculadas e livres de pecados, como o próprio Jesus, fazia sentido. Se do ponto de vista religioso essa pregação não representava novidade, do ponto de vista prático era um tremendo desafio.

De Saint Denis a Jerusalém seria uma viagem de 4 mil quilômetros que duraria meses ou até anos. Quem seguiria uma criança numa aventura como essas? Que pais deixariam seus filhos partirem assim?




A marcha dos incluídos

Para Tyerman, algumas características da época podem nos ajudar a responder. Primeiro, o próprio conceito de criança era muito diferente do que é hoje. Depois, a palavra latina pueri pode ter sido mal traduzida. "O termo significa "homens jovens" tanto quanto "crianças"", afirma. O professor Barber concorda. "A maioria dos peregrinos não eram crianças, mas jovens trabalhadores rurais, pastores e padres", diz.

Segundo Barber, já havia um movimento popular em Saint Denis antes da entrada do menino na cidade. "Estêvão de Cloyes chegou à cidade e se juntou a religiosos e peregrinos que voltavam do Oriente pregando a realização de uma nova cruzada. Na cidade, o menino, que tinha fama de milagreiro, foi considerado líder, antes que o grupo fosse dispersado pelo rei", diz.

No entanto, Christopher Tyerman acha que esse pode ser o ponto final da história. "Se nos basearmos apenas em provas documentais é impossível afirmar que o grupo tenha ido além de Saint Denis", diz. Para ele, Estêvão e seus amigos nunca chegaram ao Mediterrâneo. "As crônicas francesas da época citam as andanças pelo interior, mas nenhuma afirma que eles estiveram nas proximidades do litoral.

Fontes:
https://historiadomundo.uol.com.br/idade-media/a-cruzada-das-criancas-.htm
http://historia.abril.com.br/religiao/fracassos-europeus-lado-b-cruzadas-434458.shtml
https://www.estudopratico.com.br/cruzada-das-criancas/
http://historia.abril.com.br/religiao/cruzadas-criancas-433547.shtml
http://www.jstor.org/pss/27666637
http://en.wikipedia.org/wiki/Children's_Crusade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruzada_das_Crianças

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