Neste artigo trago um apanhado de diversas lendas do folclore brasileiro bem como alguns dos seres fantásticos da nossa mitologia. Esta postagem sera frequentemente atualizada espero que gostem.
ONÇA BOI
A Onça-boi (ou Onça Pé-de-boi) é um animal fantástico presente no folclore amazônico, que muitos pescadores, caçadores e mateiros que se aventuram pelas florestas juram já ter visto. Segundo os relatos, ela seria uma espécie de onça que possui cascos de boi no lugar de suas patas.
De acordo com o folclore, ela caça sua presa sempre em pares (em contraste com as onças reais, que sempre caçam sozinhas e não formam casais permanentes, unindo-se somente para as relações sexuais). Dessa forma, elas encurralam sua presa (geralmente caçadores), fazendo com que ela sua uma árvore na tentativa de escapar. Elas iram se revezar na vigilância da presa, até que a mesma caia da árvore, devido ao sono ou fome.
O único meio de sobreviver ao ataque da Onça-boi é matar uma delas, tão logo sejam avistadas. Alguns dizem que deve-se matar o macho, e assim a fêmea fugirá. Outros dizem que a fêmea deve ser morta, e então o macho fugirá.
O PÉ DE GARRAFA
O Pé de Garrafa é um ente que vive nas matas e capoeiras. Raramente é visto. Mas ouvem sempre seus gritos agudos. Algumas vezes são amendrontadores ou tão familiares que os caçadores procuram-no, certos de tratar-se de um companheiro ou parente perdido no mato. Outras vezes, aqueles gritos, mais parecem coisa do outro mundo.
E quanto mais procuram menos o grito lhes serve de guia, pois, multiplicado em todas as direções, desorienta, atordoa, enlouquece. Então os caçadores acabam perdidos ou voltam para casa depois de muito esforço para reencontrar o caminho conhecido.
Quando isso acontece sabem logo que o temível Pé de Garrafa está por perto. Assim, não será surpresa nenhuma, se, a partir daquele momento, em qualquer parte da floresta, não encontrarem os vestígios inconfundíveis de sua passagem, claramente assinalado por um rastro redondo, profundo, lembrando perfeitamente um fundo de garrafa.
Supõem que o estranho fantasma tenha as extremidades circulares, maçicas, fixando assim os vestígios que lhe servem de assinatura. Vale Cabral, um dos primeiros a estudar o Pé de Garrafa, disse-o natural do Piauí, morando nas matas como o Caipora. A julgar pelas enormes pegadas que ficava na areia ou no barro de massapê devia ser de estatura invulgar, talvez maior que dois homens.
Outro historiador, o Dr. Alípio de Miranda Ribeiro foi encontrar o Pé de Garrafa em Jacobina, Mato Grosso. Seu informante, Sebastião Alves Correia, administrador da fazenda, fez uma descrição mais ou menos completa. Disse ele: "O Pé de Garrafa tem a figura dum homem; é completamente cabeludo e só possui uma única perna, a qual termina em casco em forma de fundo de garrafa."
É uma variante do Mapinguari amazônico e do Capelobo. Grita, anda na mata e tem uma pegada circular. No entanto, não há nenhuma informação se o Pé de Garrafa mata para comer ou é inofensivo. Também, não há relatos de que já tenha atacado alguém.
Nas velhas missões de Januária, em Minas Gerais, o mítico Bicho-Homem é também chamado Pé de Garrafa. O Prof. Manoel Ambrósio explica que " o Bicho-Homem tem um pé só, pé enorme, redondo, denominado por isto - pé de garrafa."
Há outro personagem cujo nome é Pé de Quenga, uma espécie de demônio que deixa vestígios semelhantes ao que seu irmão Pé de Garrafa imprime na areia dos riachos e no barro vermelho. São rastros redondos, configurando a intrigante presença de uma entidade fora do comum. O Pé de Garrafa é sem dúvida o Pé de Quenga. Mas não possui poderes infernais, nem a fome insaciável dos demais monstros da sua categoria.
Barbosa Rodrigues informa que o Caapora era conhecido em certos Estados como sendo unípede e com um casco arredondado. O Pé de Garrafa possui, claramente, traços característicos do Caapora, do Mapinguari, do Capelobo e do Bicho-Homem. A pata redonda, que lhe dá o nome, lembra o Pé de Quenga. De verdade, o mito está tão mesclado que o Pé de Garrafa, gritador inofensivo do Piauí, perturbador dos caminhos em Mato Grosso, ao chegar em Minas Gerais, ganha o nome de Bicho-Homem e torna-se um devorador insaciável de viajantes e residentes incautos.
MULHER DE DUAS CORES
Conforme a lenda da mulher de duas cores, a assombração aparece de dia, à luz do sol, nas estradas de Minas Gerais, fronteira com São Paulo, ou dentro das pequenas matas. Veste roupas de algodão de duas cores, seu corpo é dividido em manchas pretas e brancas, caminha com pressa nas pontas dos pés quieta e calada. Contam os antigos que a magra mulher é o fantasma da neta de um viúvo fazendeiro, que ao descobrir que a filha estava grávida de um escravo, e tinha fugido para um quilombo com o negro, encomendou os trabalhos de uma bruxa para que o bebê não viesse ao mundo. Mesmo assim a mãe deu a luz a uma menina de duas cores, com manchas brancas e manchas escuras. O povo do quilombo a acolheu com carinho e costumava costurar roupas diferentes para esta menina, seus vestidos eram de algodão, longos e sempre tingidos de duas cores.
Lenda da mulher de duas cores:
Ao ficar moça ela saiu do quilombo e foi para a cidade, onde foi muito estigmatizada e até maltratada. Com isso, voltou para o quilombo, porém não encontrou mais ninguém do seu povo, já que com a abolição da escravatura todos tinham ido para a cidade. Deste ocorrido, a menina retornou para a cidade em busca de seu povo, porém no caminho, morreu em um acidente de arma de fogo. Diz a lenda que seu espírito não se deu conta da morte, e ela até hoje vaga em busca do seu povo, a passos rápidos e largos, sem colocar o calcanhar no chão.
GUAJARA
O Guajara é uma espécie de duende oriundo do município de Acaraú, no Estado do Ceará. A criatura gosta de assustar pessoas através de barulhos de animais, cortar de árvores e outros ruídos estranhos. O ser gosta reside no mangue e sempre assusta quem passa próximo à sua casa, de forma que persegue os viajantes. O Guajara detém a capacidade de transformar a aparência e com alguma frequência transforma-se em um pato para os viajantes. Caso a criatura fique irritado com alguém, pode ocorrer de o Guajara causar algum mal estar para a vítima como febre alta ou fortes dores de cabeça. De acordo com alguns, o ser é invisível, já para outros tem a forma de um velho barbudo.
O CAVALO INVISÍVEL
Segundo a lenda do cavalo invisível, no tempo da quaresma, período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, os fiéis se preparam para a celebração da festa pascal, que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos. Porém, existem muitos do povo que não obedecem, ou não ligam para essas tradições, que vão da abstinência de carne, mortificações, caridade e orações até o jejum. Para esses, a lenda narra que tarde da noite passa galopando um cavalo em disparada perto da janela do quarto onde dorme o descrente. Embora muitos por anos venham a narrar esse fenômeno, por mais rápido que o alguém tenha aberto a janela, ou saltado para a rua, nunca ninguém o viu o tão misterioso cavalo, somente rastros misteriosos deixados no solo. Contam os mais sábios, que nunca ninguém viu o cavalo pelo motivo dele ser invisível, sendo ele um recado de Deus para respeitar os sofrimentos do seu filho Jesus Cristo.
Esta é mais uma lenda goiana, da cidade de Catalão para ser mais exato. Diz a lenda que uma moça que perdeu o marido ainda jovem ficou muitíssima rica com a herança do homem.
Rita, a moça que a lenda se refere, teve muitos pretendentes após a morte do marido, certamente por causa da incrível fortuna que atraía homens ambiciosos. A jovem sempre rejeitava os pretendentes até a chegada de Roberto, um belo e jovem dentista, que interessou-se pela viúva.
O romance entre Roberto e Rita foi seguindo forte apesar dos amigos da viúva a alertarem sobre os supostos motivos de ambição sobre a sua fortuna. Rita o amava intensamente, mas Roberto nem tanto. Roberto ainda amava a ex-esposa que o largou e ainda levou os seus filhos. O imenso amor de Rita não impediu que Roberto decidisse por voltar a procurar por sua ex-amada e marcou no Morro de São João às 6 horas para dar a notícia a Rita. Havia um certo tempo que Rita já desconfiava que Roberto podia querer abandoná-la e estava disposta a convencer do contrário.
Roberto contou as suas pretensões a Rita no local marcado e apesar das tentativas, ele manteve a decisão. Mas Rita não estava disposta a ser abandonada e alvejou o amado com um revólver.
Após a morte do amado, Rita perdeu a sanidade e passou por diversas vezes em internações em sanatórios. Mesmo assim, ela sempre voltava ao Morro de São João na esperança de reencontrar Roberto. Na cidade dizem que em dias de lua cheia é possível a ver toda de branco no Morro de São João até os dias de hoje.
Um encantado é uma criatura lendária brasileira. Eles vivem em um reino chamado de profundidade subaquática Encante. Encantados são mais comumente visto como uma espécie de golfinho de água doce (boto) ou serpente do mar que tem a capacidade de se metamorfosear em forma humana. Eles são caracterizados pela habilidade musical superior, sedução e atração que exercem sobre as pessoas de sexo oposto. A transformação da criatura em forma humana parece ser rara, e ocorre geralmente durante a noite. Embora na forma humana do Encantado vai usar um chapéu para esconder sua testa saliente. Ela não desaparecerá enquanto ele estiver metamorfoseado e freqüentemente exibe habilidades mágicas, como o poder de controlar as tempestades que usa para assombrar os humanos. Eles usam várias técnicas de controle da mente e podem provocar doenças, insanidade e até mesmo a morte. As criaturas são conhecidas por sequestrarem seres humanos dos quais se afeiçoam os levando para o fundo de seu rio no seu reino subaquático. Muitos moradores não vão perto do rio Amazonas à noite por causa disso principalmente nas noites de lua cheia. Abundância de sul-americanos que acreditam na existência dos Encantados e afirmam ter visto e interagido com a espécie só faz a crença popular ficar cada vez mais forte.
CABRA CABRIOLA
Com este nome que soa vagamente a uma inocente cantiga de roda, podemos, na verdade, identificar uma das criaturas mais violentas e repulsivas do folclore brasileiro.
Tendo sua origem importada, ao que parece, a Cabra-Cabriola aclimatou-se melhor no Nordeste, onde começou a empreender o seu reinado de terror.
Como o próprio nome diz, a Cabra-Cabriola é um ser monstruoso que adora cabriolar, ou seja, dar saltos e requebros. Por outro lado, ao menos no Brasil, ela não possui qualquer feição ingenuamente caprina, uma vez que sua cara se destaca, acima de tudo, pela presença de uma série afiadíssima de dentes e de um par de olhos chamejantes. Sua boca e suas narinas também expelem fogo e fuligem.
Seu alimento predileto são as crianças, e não só as desobedientes. À noite ela gosta de espreitar a casa onde as mães, por alguma razão, estão ausentes e, por meio de estratagemas solertes como o de imitar a voz das mesmas, induz as crianças a abrirem a porta. Uma vez conseguido o intento, a criatura invade a casa aos berros, só restando às suas pequenas vítimas pularem pelas janelas ou invocarem o auxílio do seu anjo da guarda se falharam em escapar serão devoradas pelo monstro impiedosamente.
Conta-se que, certa feita, a Cabra-Cabriola estava à espreita para mais um ataque nas redondezas de uma casa onde uma mãe devia sair à noite para trabalhar.
A mulher saiu, afinal, e a criatura nefasta esperou algumas horas antes de ir à porta pedir às crianças que abrissem.
– Abram, filhinhos! Sou eu, a sua querida mamãe! – disse a Cabra.
Como, no entanto, não tivesse tido o cuidado de disfarçar a voz, viu-se logo expulsa pelos gritos das crianças dentro da casa.
– Fora, Cabra maldita! Bem sabemos que não é a nossa querida mamãe!
No dia seguinte, a criatura infernal procurou um ferreiro e mandou martelar a sua língua até ela ganhar uma compleição mais maleável, capaz de
reproduzir a maviosa voz da mãe das crianças.
Na mesma noite, ela retornou às cercanias da casa e, depois de a mulher sair e um bom pedaço da noite ter transcorrido, foi bater outra vez à porta.
– Abram, filhinhos! Sou eu, a sua querida mamãe!
Desta vez, a sua voz soou tão perfeitamente materna e feminil que as pobres crianças, sem atentarem para a figura de quem lhes falava, escancararam a porta, aliviadas.
Mas quem ficou aliviada mesmo foi a Cabra-Cabriola, ao ver-se senhora da situação. E o final terrível, digno dos irmãos Grimm, é mais uma coisa que demonstra a segur importação do mito.
A MULHER COBRA
Era uma vez uma aldeia onde toda a gente vivia bem, tinham campos e hortas, criação de porcos e galinhas, vacas e outros animais, mas era gente muito agarrada, na dava nada a ninguém.
Um dia chegou lá uma pobre mulher, muito magrinha e muito esfarrapadinha, a pedir. Batia a uma porta, nada. Batia a outra, também nada. Até que chegou à casa mais rica e como na lhe dessem nada de comer pediu que ao menos lhe deixassem dormir no palheiro. Assim foi. Ficou a dormir no palheiro, de dia saía pro campo e à noite voltava. Ninguém sabia o que ela andava a fazer, mas começou a ficar mais gordinha.
Ora, ao mesmo tempo, nunca mais as galinhas punham ovos e começaram a desaparecer galinhas e pintos dos galinheiros e também bacorinhos dos chiqueiros, umas vezes num lado, outras vezes no outro. Não foi preciso mais nada para deitarem culpas à tal mulher.
Ela negava tudo, chorava e jurava que não era ela. Mas não acreditaram e puzeram-na na rua. Foi-se embora nunca mais ninguém a viu mas os animais continuaram a desaparecer na mesma. Então as pessoas começaram a guardar os animais dentro de casa e os mais ricos dentro dos armazéns. Mesmo de dentro do armazém desapareciam galinhas, pintos e patos todas as noites. Os donos revistaram tudo muito bem e descobriram um buraco não muito grande, escavado na porta do armazém. Lá muito de noite foram a porta e pregaram uma tábua a tapar o buraco.
No dia seguinte, quando abriram a porta, o que haviam de ver? Saltou-lhes uma grande cobra, muito gorda, com a barriga inchada, a acometer contra eles. Deram-lhe com um grande varapau e depois de muita pancada a cobra deu um grande grito e transformou-se na tal mulher. Disse-lhes que estava encantada e andava a correr o seu fadário, mas que eles tinham redobrado o tempo da sua pena e que havia de vingar-se. Aí, deu um grande salto e atirou-se contra eles com umas grandes garras estendidas, parecia uma fera. Os homens fugiram espavoridos. Passado isto, quando as pessoas dali iam vender coisas ao mercado, se saíam de casa ainda de noite e sozinhas, às vezes apareciam mortas nos caminhos, estranguladas. Deitaram as culpas à mulher-cobra. O que é que haviam de fazer? Pensaram que era melhor deixarem coisas de comer no caminho à saída da terra, e assim foi. Deixavam o comer à noitinha e no dia seguinte, nada. Tinha desaparecido tudo.
Nunca mais ninguém apareceu morto. Passou muito tempo, foram sete anos, até que um dia de manhãzinha viram na estrada a comida que lá tinham posto na véspera e ao lado a pele duma grande cobra, tão grande que metia pavor.
Então a mulher-cobra desapareceu de vez e nunca mais lá voltou. Bendito e louvado, o meu conto acabou.
A MULHER DE BRANCO
A Mulher de Branco, Dama da Meia Noite, conhecida também como a Dama de Vermelho, Dama de Branco, é um mito universal. Ocorre nas Américas e em toda Europa.
Diz à lenda que uma mulher jovem que não sabe que morreu vive andando pelas ruas da cidade. A tal mulher anda sempre com um vestido vermelho ou branco para encantar os homens solitários que bebem em algum bar.
É uma alma penada com corpo jovem e sedutor que se aproxima dos homens solitários deixando-os encantados.
Ela não aparece à meia-noite, e sim, desaparece na meia noite. Linda como é, parece uma jovem normal. Gosta de se aproximar de homens solitários nas mesas de bar. Senta com ele, e logo o convida para que a leve para casa.
A moça rapidamente pede para que o homem a leve de volta para casa e ele enfeitiçado pela beleza da moça aceita prontamente. Ao se depararem com um muro alto ela desce e o convida para entrar.
Outras vezes, ela surge nas estradas desertas, pedindo carona. Então pede ao motorista que a acompanhe até sua casa. E, mais uma vez a pessoa só percebe que está diante do cemitério, quando ela com sua voz suave e encantadora diz: "É aqui que eu moro, não quer entrar comigo
Quando o homem solitário percebe que se trata de um cemitério, a moça desaparece e o sino da igreja toca avisando que é meia noite.
MAPINGUARI
O folclore dos nativos, afirma que o Mapinguari seria semelhante a uma espécie de primata gigante com braços compridos quase se arrastando no chão.
Certas representações do Mapinguari mostram um monstro forte, feroz e com a boca de abrindo de forma vertical como uma ferida.
Ele andaria normalmente de quatro, mas quando confrontado se ergueria nas patas traseiras para atingir uma altura superior. Furioso, o mapinguari emite um rosnado assustador. Algumas fontes afirmam que ele também exalaria um fedor pior que o de gambás para afugentar seus inimigos e por isso seria conhecido por algumas tribos como "besta mal-cheirosa".
Caçadores indígenas embrenhados nas densas selvas temiam o mapinguari e não se aventuravam em territórios habitados por estes monstros. De acordo com a lenda, a criatura seria carnívora e se alimentaria de humanos que conseguisse apanhar.
O medo do Mapinguari se espalhava entre os habitantes da região e persiste em algumas aldeias isoladas até os dias atuais. Até poucas décadas a crença de que os mapinguari poderiam carregar mulheres e crianças para suas tocas na selva, causava terror. Algumas tribos ficavam à postos com tochas durante toda a noite quando sons estranhos ou cheiros nauseantes emergiam da mata.
A tradição oral dos índios na amazônia relata caçadas épicas ao mapinguari e estórias assustadoras sobre os monstros, um verdadeiro "bicho papão" entre os nativos.
MBOI TU'I
Ele é um dos sete monstros lendários da mitologia Guarani. Ele é o segundo filho de Tau e Kerana. Mboi Tu'i se traduz literalmente como "serpente - papagaio", que descreve a aparência destas criaturas. Mboi Tu'i tem a forma de uma enorme serpente, com uma enorme cabeça e bico de papagaio. Ele também tem uma língua bifurcada vermelho da cor do sangue. Sua pele é escamosa e listrada. Penas cobrem a sua cabeça. Ele tem um olhar prejudicial que assusta a todos que tem a má sorte de ser encontrado com ele. Ele patrulha pântanos e protege a vida dos anfíbios, gosta da umidade e flores, ele solta um poderoso e terrível grito incrível que pode ser ouvido de muito longe e que infunde o terror em todos que a ouvem e é considerado o protetor dos animais aquáticos e as zonas úmidas.
Não confunda a serpente papagaio com a serpente emplumada ou até mesmo com um basilisco
MOÑAI
Deus dos campos abertos, um dos sete Monstros Lendários. Ele é uma serpente com duas antenas, que sobe e desce rápido de árvores à caça pássaros. Hipnotiza-os com as suas antenas e depois os come. Por isso, é também chamado de Senhor do Ar. Diziam também, que ele gostava de roubar coisas dos outros e esconder numa caverna perto de uma montanha, sem que as pessoas percebessem. Aí, acabava todo mundo se acusando. Para acabar com as maldades de Moñai e seus irmãos, a Jovem Porâcý fingiu estar apaixonada por ele e disse que queria se casar. Mas, antes queria conhecer os outros irmãos. Ela e o povo das aldeias aprontaram uma armadilha para prender os Espíritos do Mal dentro da caverna.Moñai a deixou sob os cuidados de Teju Jagua e saiu para buscar o resto de seus irmãos: Mboi Tu’i, Yasy Yateré, Kurupi, Luisón e Ao Ao. Quando ele finalmente trouxe todos eles, começaram os rituais de casamento e houve festa. Os irmãos ficaram completamente embriagados e foi nesse momento que Porâsý tentou fugir da caverna que estava fechada por uma pedra enorme.A Serpente impedia-a de sair e a jogou de volta caverna adentro. Porâsý gritou para alarmar as pessoas que estavam esperando lá fora. Sabendo que ela não conseguiria sair, ela ordenou que as pessoas queimassem a caverna, mesmo com ela dentro. Assim, com o sacrifício de Porâsý, o mal diminuiria no mundo. Os deuses, vendo o esforço da jovem, elevaram a sua Alma e a transformaram em um pequeno, mas intenso ponto de luz destinada a acender a luz da aurora. Assim explicam no folclore guarani o surgimento da estrela d’alva ou Vênus no céu.
TEJU JAGUA
É filho de Tau e Kerana e um dos sete Monstros Lendários, era conhecido como o deus das cavernas, grutas, lagos internos e frutas, era uma quimera assustadora.
Teju Jagua possui um corpo de lagarto, em lendas variantes possuía sete cabeças de cachorro, ou apenas uma de lobo. No alto de sua cabeça central, ou única dependendo da versão , encontra-se incrustada uma pedra preciosa, o carbúnculo
Acredita-se que ele protegia suas frutas e o mel das abelhas que moravam nas arvores de onde habitava, ficava a espreita , esperando os humanos furtar, para poder arrastá-los até sua caverna, onde os prendia e estocava para se alimentar.
Teju Jagua era conhecido por viver nos lugares fechados de água doce, e foi o primeiro dos filhos a ser abandonado, também o mais velho.
QUIBUNGO
O Quibungo é um dos personagens mais assustadores do nosso folclore, embora também não seja criação nativa das terras baianas, onde costuma atuar,mas uma adaptação do antiquíssimo Velho do Saco e de outros personagens assemelhados, espalhados por todo o mundo. (O Homem do Surrão português parece ser o seu protótipo mais próximo.) Seu nome denuncia logo a sua origem africana, pois Quibungo significa “lobo”.
Ao contrário da maioria dos nossos monstros, o Quibungo vive nos campos ao invés de nas matas. Ele é uma mistura de gente e de bicho, pendendo muito mais para o segundo.
Esse raptor de moleques, no entanto, não carrega consigo um saco ou o surrão legitimamente lusitano (uma espécie de bolsa ou sacola de couro) para enfiar as suas vítimas. Ao curvar-se para apanhá-las, uma fenda enorme abre-se nas suas costas, e é nessa caverna lombar que ele as introduz. O buraco torna a fechar-se naturalmente quando ele espicha-se todo outra vez.
Realmente, de meter medo. Descreve-se normalmente esse ser hediondo como uma espécie de lobisomem ou, mais habitualmente, como um preto velho maltrapilho.
BICHO TUTU
Irmão do Bicho-Papão e do Boi da Cara Preta, o Tutu é uma criatura toda negra, sem ter, porém, forma discernível alguma. (A palavra Tutu, segundo
Câmara Cascudo, provém do termo africano quitutu, que significa “ogro” ou“papão”.)
Apesar de não ser tão popular quanto o Bicho-Papão, que chegou a virar termo proverbial, o Tutu é senhor dos terrores noturnos infantis na Bahia, em
Pernambuco, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Existem várias modalidades da criatura, das quais a mais singular é a do Tutu-zambê, que, além de não possuir forma, não possui também a cabeça.
Na Bahia, por sua vez, o Tutu deixa de ser uma mera sombra para assumir a forma explícita de um porco-do-mato, graças à semelhança dos termos tutu e caititu. (O caititu, ou queixada, é uma espécie de porco selvagem, montaria predileta doCaipora nortista.)
Segundo a crença, o Tutu persegue as crianças arteiras e, principalmente, aquelas que não querem dormir. O mito, segundo Câmara Cascudo, é importado da Europa e da África. Nossas mães indígenas, ao contrário, preferiam invocar, numa admirável lição de delicadeza, o auxílio dos pássaros ou animais de sono prolongado, a fim de que o emprestassem a seus indiozinho insones.
"Acatipuru,empresta teu sono para meu filho dormir... Iacuturu, empresta teu sono para meu pequeno filho dormir..., diz, como numa oração, o suave acalanto"
Felizmente, o Tutu, à diferença das outras criaturas monstruosas, pode ser morto como qualquer homem normal.
O SACI
O Saci surgiu entre os povos indígenas durante o período colonial. Inicialmente era um jovem índio moreno com um rabo que vivia aprontando travessuras pela floresta. Com a chegada dos africanos o saci modificou-se para um jovem negro de apenas um perna (que segundo a lenda foi perdida em uma luta de capoeira), que usava sempre um gorro vermelho e um cachimbo. Sua maior diversão é aprontar pela floresta, esconder objetos domésticos e assustar viajantes, mas ele nunca possui intensões perversas é apenas uma criaturinha zombeteira brincalhona que adora travessuras. O Saci tem grande conhecimento sobre as ervas, medicamentos naturais e fabricação de chá. Aqueles que buscam tais ervas em uma floresta habitada por um Saci deve pedir autorização para pegá-las, caso contrário torna-se vítima das brincadeiras e travessuras do Saci normalmente pode se ofertar um pouco de fumo proximo a um bambuzal, os Sacis são grandes apreciadores do fumo. Esta criatura tem a capacidade de andar no centro de um redemoinho e pode ficar invisível o que é um grande incomodo para suas vítimas. Normalmente quando ocorrem os pequenos redemoinhos de ventos que levantam a areia e as folhas secas aqueles que antecedem fortes chuvas ou ventanias diz-se que ali vai correndo um Saci.
Segundo o mito, a única maneira de capturar o Saci é o prendendo com uma peneira feita de bambu, e retirando seu gorro vermelho, fonte do seu poder, então se torna possível coloca-lo em uma garrafa em seguida. Enquanto a pessoa manter poder sobre o gorro o saci é obrigado a obedecer essa pessoa, mas não se enganem por serem seres muito travessos o Saci é dotado de uma inteligência sagaz esta sempre disposto a pregar uma peça e enganar ate mesmo o seu mestre afim de obter novamente a liberdade.
A origem do Saci vem de um broto de bambu, onde vive dentro por sete anos. Após esse tempo ele sai para viver mais 77 anos atormentando os humanos. Quando esse ciclo se completa o Saci morre e vira um cogumelo venenoso.
O dia 31 de outubro é o dia do Saci. Foi criado para atribuir maior importância ao folclore nacional perante o dia das bruxas típico norte-americano. O Saci aparece nos Livros de Monteiro Lobato em sua obra: O Saci e O Sítio do Pica-pau Amarelo, junto com inúmeros outros personagens da mitologia e folclore brasileiros.
Outra versão:
A Lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil é origem Tupi Guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.
É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser. Existem 3 tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se transforma numa ave chamada Matiaperê cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem.
Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos. Alguém perseguido por ele, deve jogar cordas com nós em sem caminho que ele vai parar para desatar os nós, deixando que a pessoa fuja.
Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será recompensado com a realização de um desejo.
Nomes comuns: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá, Matimpererê, Matintaperera, etc.
Origem Provável: Os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando do Século XIX, em Minas e São Paulo, mas em Portugal há relatos de uma entidade semelhante. Este mito não existia no Brasil Colonial.
Entre os Tupinambás, uma ave chamada Matintaperera, com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, e deixou de ser ave para se tornar um caboclinho preto de uma só perna, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.
Também de acordo com a região, ele sofre algumas modificações:
Por exemplo, dizem que ele tem as mãos furadas no centro, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos. Outros dizem que ele faz isso com uma moeda.
Há uma versão que diz que o Caipora, é seu Pai.
Dizem também que ele, na verdade eles, um bando de Sacis, costumam se reunir à noite para planejarem as travessuras que vão fazer.
Ele tem o poder de se transformar no que quiser. Assim, ora aparece acompanhado de uma horrível megera, ora sozinho, ora como uma ave.
O BOTO
A lenda do boto é uma lenda da Região Norte do Brasil, geralmente contada para justificar uma gravidez fora do casamento.Os botos são mamíferos cetáceos que vivem nos rios amazônicos. Diz-se que, durante as festas juninas, o boto rosado aparece transformado em um rapaz elegantemente vestido de branco e sempre com um chapéu para cobrir a grande narina que não desaparece do topo de sua cabeça com a transformação. Esse rapaz seduz as moças desacompanhadas, levando-as para o fundo do rio e, em alguns casos engravidando-as. Por essa razão, quando um rapaz desconhecido aparece em uma festa usando chapéu, pede-se que ele o tire para garantir que não seja um boto. Daí deriva o costume de dizer, quando uma mulher tem um filho de pai desconhecido, que ele é "filho do boto".Essa lenda foi contada no cinema no filme Ele, o Boto (1987) com Carlos Alberto Riccelli no papel principal.
O BOITATA
No folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas. A causa desse mito pode ser explicada com uma reação química, ossos de animais, como bois, cavalos etc. que são ricos em fósforo branco, que é um material inflamável(diferente do fósforo vermelho que é usado como medicamento), se aglomeram em um lugar, o osso começa a se decompor, e sobra apenas o fósforo. Quando um raio ou faisca, entra em contato com os ossos semi-decompostos causa uma enorme chama.A palavra, de origem indígena como a lenda, tem o significado de cobra (mboi) de fogo (tata), sendo Mbãetata em sua lingua original. Pensaram então, em juntar as duas palavras (mboi e tata) para transforma-las neste mito: Boitatá. Na obra Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto, há um conto com este nome que descreve bem o que seja a lenda. Há registro de que a primeira versão da história foi feita pelo padre José de Anchieta, que o denominou com o termo tupi Mbaetatá - coisa de fogo. A idéia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, "Veio a imagem da marcha ondulada da serpente ". Foi essa imagem que se consagrou na imaginação popular Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem dois faróis, couro transparente, que cintila nas noites em que aparece deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Em Santa Catarina, a figura aparece da seguinte maneira: um touro de "pata como a dos gigantes e com um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo".A versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa região, narra a lenda que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar. e de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul. Ainda hoje, esta lenda folclórica impressiona adultos e crianças, sendo citada, inclusive, como personagem de destaque em várias obras contemporâneas como, por exemplo, “Quem tem medo do Boitatá?”, de Manuel Filho, lançada em 2007. Nesta história infanto-juvenil, o avô do protagonista, Sandrinho, é cego pelo próprio Boitatá. A serpente também é relembrada na história de José Santos, “O casamento do Boitatá com a Mula-sem-cabeça”, onde o autor descreve de forma lúdica a união de vários seres do nosso folclore. Nas referidas obras, assim como em muitas outras, o ser fantástico é citado como “o Boitatá”, mas é possível encontrar citações como “a Boitatá” tal como ocorre na obra recente de Alexandra Pericão, "Uaná, um curumim entre muitas lendas", em que a serpente, também comedora de olhos, é descrita de um jeito bem contemporâneo, com citações divertidas como “Mas ninguém, até hoje, e isso é o mais espantoso de tudo, conseguiu colocar uma foto sua na internet. Apesar do tamanho gigante, a serpente é tão discreta, que só conseguem vê-la aqueles que ela mesmo captura”. Também José Simões Lopes Neto, em obra supramencionada, refere-se ao ser no gênero feminino, valendo citar o trecho: “Foi assim e foi por isso que os homens, quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, muito outra, chamam-na desde então, de boitatá, cobra do fogo, boitatá, a boitatá!”.
CAIPORA
Caipora é uma entidade da mitologia tupi-guarani. A palavra “caipora” vem do tupi caapora e quer dizer "habitante do mato". No folclore brasileiro, é representada como um pequeno índio de pele escura, ágil e nu.Caipora é habitante das florestas, reina sobre todos os animais e ele destrói os caçadores que não cumprem o acordo de caça feito com ele. Seu corpo é todo coberto por pelos. Ele vive montado numa espécie de porco-do-mato e ele carrega uma vara. Primo do Curupira, algumas versões dizem que é o pai do Saci Pererê, ele protege os animais da floresta. Os índios acreditavam que o Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite.O caipora é considerado em algumas partes do Brasil como canibal, ou seja dizem que comem quem ele vê caçando até um pequeno inseto. No imaginário popular em diferentes regiões do País, a figura do Caipora está intimamente associada à vida da floresta. Ele é o guardião da vida animal. Apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo aquele que abate animais além de suas necessidades. Afugenta as presas, espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador simulando os ruídos dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e assim dá falsas pistas fazendo com que ele se perca no meio do mato. Mas, de acordo com a crença popular. é sobretudo nas sextas-feiras, nos domingos e dias santos, quando não se deve sair para a caça, que a sua atividade se intensifica. Mas há um meio de driblá-lo. O Caipora aprecia o fumo. Assim, reza o costume que, antes de sair numa noite de quinta-feira para caçar no mato, deve-se deixar fumo de corda no tronco de uma árvore e dizer: "Toma, Caipora, deixa eu ir embora". A boa sorte de um caçador é atribuída também aos presentes que ele oferece. Assim, por sua vez, os homens encontram um meio de conseguir seduzir esse ente fantástico. Mas fracasso na empreitada é atribuído aos ardis da entidade. No sertão do Nordeste, também é comum dizer que alguém está com o Caipora quando atravessa uma fase de empreendimentos mal sucedidos, e de infelicidade. Há muitas maneiras de descrever a figura que amedronta os homens e que, parece, coloca freios em seus apetites descontrolados pelos animais. Pode ser um pequeno caboclo, com um olho no meio da testa, cocho e que atravessa a mata montado num porco selvagem; um índio de baixa estatura, ágil; um homem peludo, com vasta cabeleira.Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, "ser caipora é o mesmo que ter azar, ter sorte madrasta, ser perseguido pelo destino (...). Nas lendas tupis, o caapora é representado ora como uma figura de um pé só, à maneira do saci, ora com os pés virados para trás, simbolizando por isso, como diz João Ribeiro, 'a pessoa que chega tarde e nada alcança'"
CUCA
A Cuca é um dos principais seres mitológicos do folclore brasileiro. Ela é conhecida popularmente como uma velha feia na forma de jacaré que rouba as crianças. A origem desta lenda está num dragão, a cuca das lendas portuguesas, tradição que foi levada para o Brasil na época da colonização. No Brasil, a "Cuca" normalmente é descrita como tendo a forma de um jacaré com longos cabelos loiros. Isso na verdade se tornou mais popular por causa das várias adaptações para a televisão da obra infantil de Monteiro Lobato, o Sítio do Picapau Amarelo, onde a personagem era sempre representada por uma atriz com uma fantasia de jacaré de cabelo amarelo. No livro original escrito por Monteiro Lobato em 1921, a personagem é descrita apenas como uma bruxa velha com rosto de jacaré, e unhas compridas como as de um gavião.O Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira traz cuca significando bicho-papão, coco, papa-gente, tutu, bitu, boitatá, papa-figo. A cuca é um bicho imaginário criado e usado para fazer medo às crianças choronas que não querem dormir."Para Câmara Cascudo (citado por Melo, 1985, p. 25), a cuca pode ter três origens. De Santa Coca que aparecia nas procissões da província do Minho, em Portugal. Também no Minho, coca é o nome popular de abóbora que, assim como em nossos dias, era perfurada desenhando-se nela os contornos dos olhos e da boca, e colocando-se uma vela acesa dentro. A terceira possível origem é a partir de “Farricoco”, personagem amedrontador, vestido com uma túnica que acompanhava a procissão de Passos, no Algarve, também em Portugal."
CURUPIRA
Um dos mais populares e espantosos entes fantásticos das matas brasileiras. O curupira é representado por um anão ou anã, de cabeleira rubra, com os pés ao inverso de calcanhares para a frente. A mais antiga menção de seu nome fê-la o venerável José de Anchieta, em São Vicente, em 30 de maio de 1560: "É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios e que os brasis chamam Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhos disso os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oferenda, rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal". Nenhum outro fantasma brasileiro colonial determinou oferenda propiciatória. Demônio da floresta, explicador dos rumores misteriosos, do desaparecimento de caçadores, do esquecimento de caminhos, de pavores súbitos, inexplicáveis, foi lentamente o Curupira recebendo atributos e formas físicas que pertenciam a outros entes ameaçadores e perdidos na antiguidade clássica. Sempre com os pés voltados para trás e de prodigiosa força física, engana caçadores e viajantes, fazendo-os perder o rumo certo, transviando-os dentro da floresta, com assobios e sinais falsos. Do Maranhão para o sul até o Espírito Santo, o seu apelido constante é Caipora. Eduardo Galvão informa: "Currupira é um gênio da floresta. Na cidade ou nas capoeiras de sua vizinhança imediata não existem currupiras. Habitam mais para longe, muito dentro da mata. A gente da cidade acredita em sua existência, mas ela não é motivo de preocupação porque os currupiras não gostam de locais muito habitados. Gostam imensamente de fumo e de pinga. Seringueiros e roceiros deixam esses presentes nas trilhas que atravessam, de modo a agradá-los ou pelo menos distraí-los. Na mata, os gritos longos e estridentes dos Currupiras são muitas vezes ouvidos pelo caboclo. Também imitam a voz humana, num grito de chamada, para atrair vítimas. O inocente que ouve os gritos e não se apercebe que é um Currupira e dele se aproxima perde inteiramente a noção de rumo." O estado de São Paulo, pela lei de 11 de setembro de 1970, assinada pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré, "institui o Curupira como símbolo estadual do guardião das florestas e dos animais que nela vivem." No município de Olímpia, nesse estado, por mais trinta anos consecutivos não são assinados quaisquer documentos oficiais durante a semana em que ocorre o Festival de Folclore, no mês de agosto, período em que a autoridade municipal é representada pelo Curupira, que exerce o seu poder protegendo a população local e os visitantes que ali comparecem, pássaros, matas, etc. No Horto Florestal da capital paulista há um monumento ao Curupira, inaugurado no Dia da Árvore, 21 de setembro.
MULA SEM CABEÇA
Essa horrível criatura é a forma que toma a concubina do sacerdote. Na noite de quinta para sexta-feira, transforma-se num forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. Lança chispas de fogo pelo buraco de sua cabeça. Suas patas são como calçadas com ferro. A violência do galope e a estridência do relincho são ouvidas ao longe. Às vezes soluça como uma criatura humana. O encanto desaparecerá quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro ou se alguém tirar um gota de sangue com uma madeira não usada. Dizem-na sem cabeça, mas os relinchos são inevitáveis. Quando o freio lhe for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. A tradição comum é que esse castigo acompanha a manceba do padre durante o trato amoroso (J. Simões Lopes Neto, Daniel Gouveia, Manuel Ambrósio, etc.). Ou tenha punição depois de morta (Gustavo Barroso, O Sertão e o mundo). A Mula sem cabeça corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do Lobisomem, assim como, em certas regiões do Brasil, para quebrar-lhe o encanto bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa. Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior). Chamam-na também Burrinha de padre ou simplesmente Burrinha. A frase comum é "anda correndo uma burrinha".E todos os sertanejos sabem do que se trata. Em um dos mais populares livros de exemplos na Idade Média, o Scala Celi, de Johanes Gobi Junior, há o episódio em que a hóstia desaparece das mãos do celebrante porque a concubina assiste à missa (Studies in the Scala Celi, de Minnie Luella Carter, dissertação para o doutorado de Filosofia na Universidade de Chicago, 1928). Gustavo Barroso supõe que a origem do mito provenha do uso privativo das mulas como animais de condução dos prelados, com registros no documentário do século XII. Entre as diversas descrições que existem é comum atribuir à mula-sem-cabeça as seguintes características:- sua cor é sempre marrom ou preta; - não possui cabeça, mas sim uma tocha de fogo no lugar; - traz, nos cascos, ferraduras de ouro ou de prata que fazem um enorme barulho; - relincha muito alto podendo ser ouvida há muita distância; - costuma imitar gemido humano; - só aparece altas horas da madrugada e dá preferência às noites de quinta e de sexta-feira quando faz lua cheia.
A LENDA DA VITORIA REGIA
A lenda da vitória-régia é uma lenda brasileira de origem indígena tupi-guarani. Há muitos anos antes de Cristo, em uma tribo indígena, contava-se que a lua (Jaci, para os índios) era uma deusa que ao despontar a noite, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia - as cunhantãs-moças. Sempre que ela se escondia atrás das montanhas, levava para si as moças de sua preferência e as transformava em estrelas no firmamento. Uma linda jovem virgem da tribo, a guerreira Naiá, vivia sonhando com este encontro e mal podia esperar pelo grande dia em que seria chamada por Jaci. Os anciãos da tribo alertavam Naiá: depois de seu encontro com a sedutora deusa, as moças perdiam seu sangue e sua carne, tornando-se luz - viravam as estrelas do céu. Mas quem a impediria? Naiá queria porque queria ser levada pela lua. À noite, cavalgava pelas montanhas atrás dela, sem nunca alcançá-la. Todas as noites eram assim, e a jovem índia definhava, sonhando com o encontro, sem desistir. Não comia e nem bebia nada. Tão obcecada ficou que não havia pajé que lhe desse jeito.Um dia, tendo parado para descansar e beber água pois estava com muita sede após esta longa cavalgada Naiá sentou-se à beira de um lago, viu em sua superfície a imagem da deusa amada: a lua refletida em suas águas. Cega pelo seu sonho, lançou-se ao fundo e se afogou. A lua, compadecida, quis recompensar o sacrifício da bela jovem índia, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", única e perfeita, que é a planta vitória-régia. Assim, nasceu uma linda planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.
TEINIAGUÁ (SALAMANCA DO JARAU)
Ícone da cultura gaúcha, a Teiniaguá, é uma Princesa Moura, transformada em lagartixa pelo Diabo Vermelho dos índios, Anhangá-Pitã. Séculos atrás, quando caiu o último reduto árabe na Espanha, veio fugida e transfigurada em uma velha; para que não fosse reconhecida e aprisionada. Corpo de lagartixa (ou salamandra), encontra-se no lugar de sua cabeça uma pedra preciosa cintilante, cor de rubi, que fascina os homens e os atrai, destinada a viver em uma lagoa no Cerro do Jarau. Mas um dia o sacristão da igreja da aldeia próxima, assolado pelo calor, foi até a lagoa refrescar-se. Ao se aproximar percebeu que a lagoa fervia e na sua frente a Teiniaguá surgiu, rapidamente ele a agarrou, a aprisionou em uma guampa, e foi para seus aposentos atrás da igreja. Durante a noite, ao abrir a guampa, ocorre uma mágica, ela volta a ser mulher e lhe pede vinho. Sabendo que o único vinho que podia oferecer era o do padre, não hesitou em buscá-lo. Todas as noites o fato se repetia, e os padres começaram a desconfiar; uma noite entraram no quarto do sacristão, a Teiniaguá, rapidamente se transformou em lagartixa e fugiu para as barrancas do Uruguai, ele foi preso.O sacristão foi condenado a morte, e no dia da aplicação da sentença, sua amada sentiu um mau pressentimento e voltou à aldeia para resgatá-lo. Utilizando magia, o encontrou e nesse momento houve um grande estrondo, que produziu fogo e fumaça e tudo afundou. Ficaram confinados após isso, em uma caverna profunda, chamada de Salamanca do Jarau. De onde só sairiam quando surgisse algém capaz de cumprir as sete provas: as espadas ocultas na sombra, a arremetida de jaguares e pumas furiosos, a dança dos esqueletos, o jogo das línguas de fogo e das águas ferventes, a ameaça da boicininga amaldiçoada (única que não está presente na literatura épica, é um proveitamento folclórico), o convite das donzelas cativas, o cerco dos anões. Com os desafios superados, seria concedido ao valente vencedor um desejo, o qual, ele deveria depois renegar. Após duzentos anos, chega à furna um gaúcho chamado Blau, que conheceu a lenda através de sua avó charrua. Sem hesitar ele cumpriu as provas, pórem, não desejou nada. A princesa ficou triste, pois assim não conseguiriam, ela e seu amado sacristão, libertarem-se do encanto. Quando o gaúcho montava em seu cavalo para ir embora, o sacristão lhe deu uma moeda de ouro, como lembrança de sua estada; sem poder recusar, colocou a moeda no bolso e foi embora. Alguns dias depois ficou sabendo que um amigo seu desistira de ser criador de gado, lembrou da moeda e foi comprar um boi, mas ao retirá-la para pagar foram surgindo novas moedas e ele conseguiu comprar todos. Admirado com a riqueza de Blau, o amigo espalhou a notícia, e todos ficaram espantados com ela. Acreditando que ele havia feito um pacto com o demônio, ninguém mais quis lhe vender nem comprar nada. Sentindo saudade da vida de antes, voltou à gruta para devolver a moeda mágica. Chegando lá, contou a história ao sacristão e lhe devolveu a moeda. Ao colocá-la em sua mão, o feitiço foi quebrado com uma grande explosão. Da furna saíram os dois condenados, transformados em um belo casal de jovens. Casaram-se e trouxeram a descendência indigeno-ibérica aos povoados do Rio Grande do Sul.
O PAPA FIGO
Papa figo é uma figura lendária do folclore brasileiro, conhecida principalmente na Bahia. É uma lenda urbana bastante conhecida e assustadora. Há relatos em que ele se parece com uma pessoa normal para outros, teria unhas de ave de rapina, e orelhas e dentes de vampiro.Ele matava meninos e meninas mentirosos para chupar-lhes o sangue e comer-lhes o fígado (daí o nome, corruptela de papa-fígado). Isso porque ele sofria de uma doença rara (para alguns, o mal de Hansen, o que explicaria sua aparência grotesca), e acreditava que sangue e fígado de crianças o curariam. O mal de Hansen (também chamado de lepra) foi uma doença que matou muita gente no início do século 20, talvez daí venha a lenda.Outros relatos dão conta de que pessoas acometidas do mal de Chagas eram confundidas com o papa-figo, por causa do inchaço em algumas partes do corpo e no fígado.
O BIXO DA FORTALEZA
O Bicho da Fortaleza é a lenda de um monstro que aterroriza as crianças do Vale do Jequitinhonha e de boa parte das regiões vizinhas, em Minas Gerais e na Bahia, é o Bicho da Carneira, também chamado de Bicho da Fortaleza, Bicho de Pedra Azul, Bicho da Rodagem e Lanudo. Esse monstro da mitologia popular assume diferentes formas. A mais frequente é a de um cachorro preto e grande que aparece ao entardecer ou depois que a noite cai. Também é descrito como a figura de um lobisomem ou animal peludo desconhecido na nossa fauna – o Lanudo –, ou um homem sedutor, ou um personagem misterioso que traja capa escura e aparece nas noites sem lua, ou ainda como uma pessoa comum. O comportamento também varia: o que usa capa realiza operações mágicas e seduz mocinhas; o homem comum é reconhecido pelo apetite fabuloso e pela menção aos familiares; e o animal consome uma quantidade anormal de alimentos, abate bezerros, ataca cachorros, mata e deixa feridos, muitos de uma vez só. E as mães ameaçam as criancinhas com aparições desse monstro se não dormirem cedo
Versões:
Uma versão envolve um personagem histórico da cidade; Joaquim Antunes de Oliveira, político e fazendeiro, considerado pessoa letrada veio da cidade de Gorutuba/BA, atual Janaúba, a convite de seu primo e cunhado, Quintiliano Antunes de Oliveira por volta dos anos de 1860 e se estabeleceu no Arraial de Nossa Senhora da Boca da Caatinga.Joaquim Antunes que era descendentes de cristãos-novos (denominação dada aos judeus recém convertidos ao cristianismo em contraposição aos cristãos-velhos), durante uma visita de uma comissão de padres jesuítas na década de 1890, teria invadido a igreja durante uma missa realizada pelos padres sendo por esse motivo excomungado.Por volta do ano 1900, foi vitimado por uma doença desconhecida que o deixou paralisado e afastado do convívio social o que fez com que a população se lembrasse do episódio ocorrido na igreja.Não demorou muito e Joaquim Antunes veio a óbito. Foi sepultado em um túmulo projetado por ele mesmo, com gavetas, o que era uma novidade na época. Na década de 1930, a administração do já emancipado município de Fortaleza resolveu mudar a localização do cemitério da cidade e o coveiro responsável pelo translado dos corpos ao notar que o caixão de Joaquim Antunes pesava mais que os outros resolveu abri-lo e descobriu que o corpo de Joaquim Antunes estava em perfeito estado de conservação.Após a fixação definitiva da sepultura de Joaquim Antunes no novo cemitério, seu túmulo rachou e foram achados pelos de animais nas rachaduras. As rachaduras foram por diversas vezes tampadas voltando a se fender. Daí surgiu o nome Bicho da Carneira, nome comumente usado para designar túmulo. A lenda estava definitivamente formada. Numa segunda versão diz que Joaquim Antunes, um rico fazendeiro, tinha a obrigação de cuidar de todo um rebanho em sua fazenda usando uma mula para o trabalho. Certo dia a mula após todo um dia de trabalho estava muito cansada, porém mesmo assim Joaquim insistiu em selar o animal para ir passear. Sua mãe revoltada com a atitude tirou a sela da mula e tocou o animal para o curral. Joaquim então ficou furioso e xingou a mãe. Como se na bastasse ele selou a própria mãe e foi montado nela até a cidade, batendo muito na pobre senhora. Um tempo depois Joaquim morreu, porém sua mãe continuou viva. Mas certo dia quando o caixão foi aberto notou-se uma pelugem sobre os ossos como só um animal teria. E desde então diz a lenda que o Bicho de Pedra Azul sai do caixão para assustar as pessoas e arrancar a cabeças de cachorros rua afora, para tentar se livrar um pouco da raiva que passa. Outra explicação para a transformação de Joaquim Antunes em monstro foi que ele foi enterrado no pequeno cemitério de Catingas, que ficava na praça principal do povoado, e foi objeto de disputas políticas que determinaram seu deslocamento, já em 1919, para local mais afastado. Seus restos foram então transferidos para a nova sepultura, que misteriosamente rachou. Além disso, apareceram pelos de animal entre as fendas. A sepultura foi reparada, mas as rachaduras voltaram a surgir mais de uma vez, também misteriosamente. Na mesma época, na Fazenda Gameleira, onde Joaquim vivera, sumiu uma banda de porco. Estava criada a lenda.
CABEÇA SATÂNICA
Cabeça Satânica ou Cabeça Errante, é um dos muitos fantasmas do folclore brasileiro. Não se pode indicar com exatidão a época em que esse mito surgiu, sabe-se apenas que é de origem europeia, e certamente tem raízes portuguesas. A versão mais aceita é a de que tenha chegado ao país através dos colonizadores desembarcados em Recife-PE, mas depois foi se espalhado pelas zonas do agreste, sertão e alto sertão, sendo pouco conhecida nas capitais. Os relatos a seu respeito são variados e assustadores. Alguns a descrevem como sendo a cabeça de uma pessoa de cabelos compridos, a se deslocar rolando ou saltitando pelo chão, mostrando os olhos arregalados e amedrontadores, sempre com um grande sorriso enigmático estampado na face. Outros a apresentam como a cabeça de um cangaceiro de feições rudes e castigadas pelas adversidades, que contempla sorridente a todos os que com ela se deparam. Uma terceira versão a representa como sendo uma cabeça conduzida por outro ser fantasmagórico, que com uma das mãos a segura pelos cabelos, mas a solta assim que se defronta com alguém, para que ela possa perseguir a vítima, que por infelicidade, estava no lugar errado e na hora errada.Costuma surgir de repente, como se fosse uma pessoa comum, quase sempre de costas para o individuo a quem pretende intimidar. Isso sempre acontece tarde da noite e em lugares onde haja pouca luminosidade, certamente porque a obscuridade aumentará a sensação de pavor. Então aquela pessoa estranha e irreconhecível, se desfaz no chão em poucos segundos, surgindo em seu lugar à assustadora cabeça rolante. Trata-se de uma entidade tão temida pelos habitantes das regiões afastadas, que a simples menção do seu nome já exige o Sinal da Cruz, e costumam evita-lo, mesmo quando a conversa gira em torno de assombrações. Isso porque associam seu nome à encarnação viva do próprio diabo, que costuma sair a noite, para perseguir aqueles que por qualquer motivo, estão perambulando pelas ruas, com ou sem destino.Dizem que basta um toque dessa entidade maligna, para que a pessoa alcançada adoeça e morra logo em seguida, é considerado sinal de agouro quando ela corre pelas noites a fora, e de repente se detém diante de alguma casa. Nesses casos, tem-se como certo que uma das pessoas que moram ali, acabará morrendo ou contraindo doença grave no prazo de poucos dias. Para que isso não aconteça será necessário que um padre exorcize o local, para depois os moradores nele realizarem uma novena. Essa é, na certeza geral, a única maneira do mal ser afastado definitivamente.Em algumas regiões essa entidade é também descrita como uma enorme cabeça que surge mostrando seus cabelos e olhos de fogo, sempre gargalhando de forma tenebrosa, espalhando terror e pânico por onde costuma passar. Para proteger-se dos malefícios que essa aparição sempre acarreta, recomenda-se que uma cruz feita da palha do Domingo de Ramos, seja colocada do lado de fora da porta de entrada da casa, como se fosse um amuleto a protegê-la. Mas quando ele não funciona e a sinistra cabeça detém-se diante da casa, fazendo com que seu hálito horrível atravesse as frestas da porta e seja sentido por seus moradores, o recurso é que eles se agarrem a um terço bento e comecem a rezar, mantendo sempre bem fechados todos os ferrolhos de portas e janelas, que possam permitir a entrada da aberração que está do lado de fora.
CABLOCO D'AGUA
Caboclo d'Água é um ser mítico, defensor do Rio São Francisco, que assombra os pescadores e navegantes, chegando mesmo a virar e afundar embarcações. Para esconjurá-lo, os marujos do São Francisco fazem esculpir, à proa de seus barcos, figuras assustadoras chamadas carrancas. Outros lançam fumo nas águas para acalmá-lo. Também são cravadas facas no fundo de canoas, por haver a crença de que o aço afugenta manifestações de seres sobrenaturais. Os nativos o descrevem como sendo um ser troncudo e musculoso, de pele cor de bronze e um unico, grande olho na testa. Apesar de seu tipo físico, o Caboclo d'Água consegue se locomover rapidamente. Apesar de poder viver fora da água, o Caboclo d'Água nunca se afasta das margens do rio São Francisco.Quando não gosta de um pescador, ele afugenta os peixes para longe da rede, mas, se o pescador lhe faz um agrado, ele o ajuda para que a pesca seja farta.Há relatos de que ele também pode aparecer sob a forma de outros animais. Um pescador conta ter visto um animal morto boiando no rio; ao se aproximar com a canoa, notou que se tratava de um cavalo, mas, ao tentar se aproximar, para ver a marca e comunicar o fato ao dono, o animal rapidamente afundou. Em seguida, o barco começou a se mexer. Ao virar-se para o lado, notou o Caboclo d'Água agarrado à beirada, tentando virar o barco. Então o pescador, lembrando-se de que trazia fumo em sua sacola, atirou-o às águas, e o Caboclo d'Água saiu dando cambalhotas, mergulhando rio-abaixo.
CORPO SECO
Corpo-Seco ou Unhudo, é um homem que passou a vida batendo e respondendo a mãe. Quando morreu, virou uma criatura maligna que fica grudada nos troncos da árvore, cada pessoa que passa perto dele, ele da um abraço da morte pois tem unhas compridas e esmaga a pessoa no seu abraço. Há também outra lenda sobre ele, diz que ele era um fazendeiro muito egoísta e mesquinho, que apanhava suas frutas para que todos não pegasem e depois de morto ele fica cuidando de suas frutas e mata quem chega perto de seu pomar.No interior de São Paulo, há uma variante desta lenda, conta-se que quando uma pessoa passa perto do corpo seco ele pula nela e suga todo seu sangue, se não passar nenhuma pessoa ele vai morrer, porque se alimenta do sangue humano (semelhante a um vampiro).Há ainda relatos do corpo-seco no estado do Amapá, Paraná, Amazonas, Minas Gerais, em alguns países africanos de língua portuguesa, relatados por soldados brasileiros veteranos da missão UNAVEM III e na região Centro-Oeste do Brasil, principalmente.Em Ituiutaba, Minas Gerais, há uma variação desta lenda, onde conta-se que o corpo-seco - depois de ser repelido pela terra várias vezes - é levado por bombeiros à uma aparente caverna em uma serra que fica ao sul do município. Dizem que quem passa à noite pela estrada de terra que margeia a "serra do corpo-seco", consegue ouvir os gritos do corpo-seco ecoando de dentro da caverna.Á mãe foi amaldiçoa antes de morrer, por ter sido usada como cavalo pelo filho.Até hoje, há o dito popular: "Quem bate na mãe fica com a mão seca".
JURUPARI
Jurupari é um deus da cultura dos povos indígenas centrado nas proximidades do Rio Negro ( não é guarani, sou Nhambiquara e convivo com os Guaranis Mbya e convivi com os Ñandevas, conheço Jurupari por meu povo Nhambiquara mas como a minha família Guarani não há esse conhecimento, mesmo porque o "Deus" Guarani é Nhanderú etê e a versão diabolica seria Anhangá) , descrito como demônio e espírito mau ( essa foi descrita pelos padres que vinham para o Brasil nas proximidades do Amazonas e Rio Negro por volta de 1700), segundo todos os dicionários e os missionários que o aproximaram do diabo cristão, exceção feita ao padre Tastevin, segundo Cascudo . Ainda segundo esse autor, a palavra "jurupari" parece corruptela de "jurupoari", descrita por Couto de Magalhães em curso sobre o "nheengatu", língua geral: "O selvagem", onde literalmente é traduzida por "boca, mão sobre; tirar da boca; che jurupoari - tirou-me a palavra da boca, ou de iuru (boca) e pari (armadilha de talas para peixes, com que se fecha os igarapés), além de referir aos diversos significados míticos, entre os quais o que corresponde à expressão "ser que vem à nossa rede" (lugar onde dormimos), e "gerado da fruta". Cascudo (o.c.).Segundo o Padre. Constant Tastevin (1880-1958), apud: Faulhaber , o nome Jurupari pode corresponder ao “nome próprio de um antigo legislador índio, de quem conservam ainda os usos, leis e tradições lembradas nas danças mascaradas de Jurupari. O nome, segundo esse autor, parece significar máscara, pari, da boca ou do rosto: iu-ru-pari: meter um pari no próprio rosto.O dicionário Aurélio 3 reforça a etimologia tupi e o significado de demônio, estendendo o seu significado a um peixe de rio, ciclídeo (jeropari), ao macaco-de-cheiro e à planta da família das leguminosas (Eperua grandiflora), que podem ou não ter relações com esse signo mítico, o que é evidente no nome do peixe que designa Geophagus daemon ou Satanoperca jurupari
Lenda:
A primeira versão conta a história de uma índia chamada Ceuci que, tal qual a Virgem Maria, teve uma concepção miraculosa. Conta a lenda que Ceuci estava repousando abaixo de uma árvore e, acometida de fome, comeu seu fruto, o mapati (uacu, em algumas variantes), cuja ingestão era proibida às moças no dia em que estivessem em período fértil. O sumo da fruta teria então escorrido pelo seu corpo nu e alcançado o meio de suas coxas, fecundando-a. A notícia chegou à aldeia, e o conselho de anciãos, diante da revolta do povo, resolveu punir Ceuci com o exílio, onde teve seu filho. Esta criança, chamada Jurupari, era na verdade o enviado do Sol, pelo qual foi ordenado reformar os costumes dos homens e encontrar uma esposa para ele. Com sete dias de vida, já aparentava ter 10 anos, e sua sabedoria atraiu a atenção de todos, que passaram a ouvir suas palavras e o ensinamento dos novos costumes que o sol dizia que deveriam seguir. É chamado legislador porque alterou as leis (leia-se costumes) do mundo, transformando-o de matriarcal para patriarcal.Por vezes é visto como um caboclo medonho que está sempre rindo, aleijão de boca torta, sendo muito o cruel e vingativo. Em algumas culturas indígenas, é descrito como uma cobra com braços; em outras, como um índio comum dotado de grande sabedoria e poderes divinos. Já foi descrito como um bebê invisível, ou simplesmente como uma "presença" (espírito).Em alguns dos mitos que envolvem o jurupari, esse heroi morre queimado, e das suas cinzas nasce a palmeira de paxiúba (Socratea exorrhiza), uma árvore de cuja madeira são feitos os instrumentos juruparis tocados nesse ritual. Entre os índios tucanos, a flauta (simiômi’i-põrero) é feita da madeira do uacu (Monopteryx angustifolia). Segundo Piedade, 4 é um instrumento sagrado que tem som de trovão, tendo sido utilizado pelos homens para recuperar os instrumentos juruparis que as mulheres haviam roubado.
A LENDA DA AMOROSA
Lenda da Amorosa trata-se de uma lenda do folclore Fluminense, difundida na região da Bacia Hidrográfica do Rio Macabu, em especial no município de Conceição de Macabu, interior do estado do Rio de Janeiro.Ipojucam e Jandira eram índios sacurus que viviam em diferentes tribos. Ele, caçador afamado, vivia com sua comunidade na parte alta, onde os rios Carukango e Vermelho se unem. Jandira, conhecida pelas redes e cestas de palha que fazia usando a folha seca da macaúba, vivia com sua comunidade na parte baixa, onde existe até hoje um grande bambuzal. Desde jovens se conheciam, brincando entre as pedras do rio, banhando-se na cachoeira. Ela fazia para ele belos cestos de caça, ele trazia para ela os mais diferentes animais. Um dia, Ipojucam caçava para Jandira quando encontrou um estranho rastro, uma pegada humana, que ele seguiu até um imenso tronco oco. Lá dentro dormia um estranho ser, que parecia um pequeno índio, mas era muito cabeludo e tinha os pés voltados para trás. Ipojucam, curioso, acordou a criatura, que assustada montou num caititu que passava nas redondezas e sumiu mata adentro. Ipojucam seguiu a criatura até deparar-se com ela às margens de um regato.-Quem é você ? Perguntou Ipojucam.-Sou o Curupira, defensor da mata e dos animais. Por que você não me matou enquanto eu dormia ?-Por que não costumo matar seres indefesos, só enfrento quem pode me enfrentar.- Você é esperto, garoto, não gosto de caçadores, mas você não caça, você enfrenta os animais dando-lhes oportunidade. Fique com Tupã.E o Curupira sumiu pela floresta montado em seu caititu. Os anos se passaram, Jandira e Ipojucam cresceram belos e fortes. Como era de se esperar, enamoraram-se, tornaram-se noivos, até que os pajés das duas tribos marcaram o casamento para a primeira noite de lua cheia de novembro. Na véspera do casamento, pela manhã, Ipojucam ofereceu uma bela caça a Tupã, como se pedisse as bênçãos pelas núpcias. Anhangá, o maligno deus da morte dos sacurus, que invejava a destreza e a inteligência de Ipojucam, desde que ouvira falar do jovem através do Curupira, surgiu para ele na forma de uma onça branca e o desafiou para uma luta de caça.Com destreza, Ipojucam derrotou a onça, ferindo-a de morte no peito. Irritado, Anhangá ressuscitou o animal, levando Ipojucam a persegui-lo até a cachoeira onde Jandira colhia palha para fazer sua rede nupcial. Quando Anhangá, na forma da onça branca, avistou Jandira, resolveu atacá-la para vingar-se de Ipojucam. Quando percebeu o ataque, Jandira gritou por Ipojucam, que vinha em perseguição à onça, este imediatamente investiu sua lança contra o animal, trespassando-o mortalmente. Imediatamente, Anhangá, humilhado pela derrota que seu animal sofrera, transformou-se numa tromba d’água arrastando Jandira e Ipojucam para as profundezas da cachoeira, que passou a se chamar "Amorosa".
O VELHO DO SACO
Homem do saco ou velho do saco, é uma história muito popular, contada por pais para amedrontar crianças e principalmente por aparecer somente em goleadas.
Segundo a lenda, as crianças do saco que o velho carrega, eram crianças que estavam sem nenhum adulto por perto, em frente às suas casas ou brincando na rua. O velho pegaria a criança caso ela saísse sem ninguém de dentro de casa.
Em versões alternativas da lenda, em vez de um velho, o elemento que levava as crianças era um cigano e, em versões remotas, esse velho ou o cigano levava as crianças para sua casa e fazia com elas sabonetes e botões.
Não há evidências exatas de quando se deu o início das lendas, mas há uma estimativa histórica de que se deu com a chegada dos Sintos e dos Rom no Brasil. A migração do povo Cigano para as Américas se deu no fim do Século XIX. Sem Pátria, num mundo onde tudo se transforma em uma velocidade cada vez maior o povo cigano viveu durante muito tempo marginalizado da sociedade e desenvolveu-se uma aversão da população a esse povo, tachando-os de ladrões, sequestradores e vadios. No início do surgimento da lenda do Velho do Saco, os pais amarravam uma fita vermelha na perna da cama da criança indesejada e o velho do saco passava a noite de casa em casa, se houvesse uma fita vermelha na perna da cama o velho do saco poderia levar embora a criança em questão. Essa história era a versão original da lenda do velho do saco, os pais a usavam para assustar as crianças ou para forçarem as crianças a serem obedientes.
O MINHOCÃO
O Minhocão é uma criatura de cor preto acinzentado, que mede 12,0 m de comprimento por 1,20 m de diâmetro cuja cabeça desprovida de orelha se assemelha a de um cavalo, faz parte (não exclusivamente) das lendas da baixada cuiabana (Cuiabá e arredores, Mato Grosso, Brasil).
Reza a lenda que os pescadores pantaneiros que vivem na localidade de Barão de Melgaço descrevem (ou descreviam) a saga do minhocão como sendo um monstro que vive dentro do Rio Cuiabá, e quando se sente incomodado pelos barulhos causados pelos pescadores, ou ate mesmo quando é jogado caco de vidro ou cabeça de porco no local onde o mesmo mora, ele fica furioso e começa a cavar buraco no fundo do rio, o que provoca desmoronamento de grande parte do barranco derrubando as casas dos ribeirinhos e ou emborcando as canoas dos pescadores, e muitas vezes até consegue mudar o curso do rio.
O Minhocão se parece com uma minhoca, dai o nome. Ele é violento, se enfurece com a presença de estranhos ao seu redor. Vários homens relataram te visto a criatura durante a construção da barragem do Passo Real. Numa noite clara, foi visto por um pescador que, munido de arma de fogo na criatura, mas ela fugiu. Dois dias após, foram encontrados vestígios do Minhocão numa cachoeira próxima, mas ele não morreu, quem morreu, foi um de seus filhotes. Muita gente teme a família do Minhocão.
A lenda diz que não se pode reformar ou restaurar a igreja matriz da capital de Mato Grosso, pois o minhocão encontra-se preso pelos fios de cabelo da Santa.
A IARA
Iara ou Uiara, também referida como “Mãe-d’água”, é uma entidade do folclore brasileiro de uma beleza fascinante. Por ser uma sereia, enfeitiça os homens facilmente por ter a metade superior de seu corpo com formato de uma linda e sedutora mulher. Já a parte inferior do seu corpo em formato de peixe não é muito notada, por estar submersa em água. Assim não há quem resista a sua belíssima face e suas doces canções mágicas.
Seu poder é tão forte que basta convidar os homens para irem à sua direção que eles vão, acreditando vivenciar uma experiência incrível com a encantadora mulher. Porém, as intenções de Iara são malignas e fatais, e o que ela quer na verdade é atraí-los para a morte. São raros os que sobrevivem ao encantamento da sereia e caso retornam não conseguem ter uma vida normal por ficarem loucos. Somente um pajé ou uma benzedeira é capaz de curá-los definitivamente.
Diz a lenda que antes de se tornar uma sereia, Iara era uma belíssima índia trabalhadora e corajosa. Iara se destacava entre os demais, por ser a melhor, e consequentemente despertava a inveja de alguns da tribo, especialmente a de seus irmãos homens, que não se conformavam com tal situação. Seu pai era pajé e a admirava em tudo o que fazia contribuindo ainda mais para a revolta de seus irmãos. Tomados pela inveja e pelo ciúme, os irmãos de Iara decidiram matá-la.
Certa noite, quando Iara repousava em sua cama, ouviu seus irmãos entrando em sua cabana com a intenção de matá-la. Rápida e guerreira, se defendeu e acabou os matando. Percebendo a gravidade da situação e com medo da atitude de seu pai, Iara fugiu desesperadamente pelas matas. O pai de Iara realizou uma busca implacável pela filha. Localizaram-na, e como punição pelo seu ato, foi jogada no encontro do rio Negro com Solimões. Os peixes trouxeram o corpo de Iara à superfície que sob o reflexo da lua cheia transformou-se em uma linda sereia com cabelos longos e olhos verdes.
Desde então Iara permanece nas águas atraindo os homens de maneira irresistível e os matando. Acredita-se que em cada fase da lua, Iara aparece com escamas diferentes e adora deitar-se sobre bancos de areia nos rios para brincar com os peixes. Também de acordo com a lenda, é vista penteando seus longos cabelos com um pente de ouro, mirando-se no espelho das águas.
A lenda da Iara é conhecida em várias regiões brasileiras e existem diversos relatos de pescadores que contam histórias de jovens que cederam aos encantos da tentadora sereia e morreram afogados de paixão.
PISADEIRA
De acordo com a lenda, a Pisadeira ataca durante o sono pesado das vítimas.
Quem é e a aparência:
A Pisadeira é uma lenda do folclore brasileiro, muito popular no interior dos estados de Minas Gerais e São Paulo.
De acordo com esta lenda, Pisadeira é uma mulher de aparência assustadora. Ela e alta e magra, e possui unhas grandes em dedos compridos e secos, olhos vermelhos e arregalados, nariz comprido para baixo e queixo grande. De baixa estatura, a Pisadeira é também descrita com cabelos brancos desgrenhados. Seu olhar transmite algo de maligno, assim como suas gargalhadas que mostram seus horríveis dentes verdes.
Como age a Pisadeira:
De acordo com a lenda, a Pisadeira passa grande parte do tempo nos telhados das casas. Ela fica observando o movimento dentro das casas. Após o jantar, quando alguém vai dormir de barriga cheia ela entra em ação. Sai de seu esconderijo e pisa no peito da pessoa, deixando-a em estado de paralisia. Porém, a vítima da Pisadeira consegue acompanhar tudo de forma consciente o que traz grande desespero para a pessoa, pois nada consegue fazer para sair da situação. Outras versões da lenda dizem que a Pisadeira senta sobre a barriga da pessoa e cobre a boca da vítima com sua mão que apresenta um enorme furo mas não deixa escapar sons. Deixando sua vitima paralisada, a Pisadeira só termina seu ataque quando a vítima desmaia ou morre. Uma das formas de se defender da Pisadeira é fazer a seguinte reza antes de ir para cama: "Pisadeira da mão furada, mão escarrapateada pula o mar cem vezes para lá e para cá e só depois vem me pisar"
Curiosidade:
- Esta lenda está relacionada com o fato de que muitas pessoas, tem sono conturbado, com pesadelos, quando vão dormir após fazer uma refeição pesada.
COMADRE FULOZINHA
Comadre Fulozinha é uma personagem mitológica do Nordeste brasileiro, o espírito de uma cabocla de longos cabelos, ágil, que vive na mata protegendo a natureza dos caçadores, e gosta de ser agradada com presentes, principalmente mingau, fumo e mel.
Algumas pessoas a confundem com Caipora (ou Caapora) ou Curupira. Tem personalidade zombeteira, algumas vezes malvada, outras vezes prestimosa.
Diz-se que corta violentamente com seu cabelo aqueles que a mata adentram sem levar uma quantidade de fumo como oferenda e também lhes enrola a língua. Furtiva, seu assovio se torna mais baixo quanto mais próxima ela estiver, parecendo estar distante. Ela também gosta de fazer tranças e nós em crina e rabo de cavalo, que ninguém consegue desfazer, somente ela, se for agradada com fumo e mel.
Diziam alguns que a Comadre Fulozinha era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena, ela procurou o caminho de volta para sua casa mas não achou e acabou morrendo, seu espirito passou a vagar pela floresta em busca do caminho de volta para casa.
Outros dizem que ela era uma menina que morava no engenho com seu avô que era bastante estressado, um dia quando ele estava bastante estressado, ele pediu um café para a menina, por causa da quantidade de açúcar ou da temperatura do café a menina levou várias pisas, ainda viva ela fugiu para a floresta e acabou morrendo lá.
O BOIÚNA
Lenda muito difundida na Amazônia.
Boiúna seria uma cobra gigantesca que vive no fundo dos rios, lagos e igarapés. Tem um corpo tão brilhante que é capaz de refletir o luar. Os olhos irradiam uma luz poderosa que atrai os pescadores que se aproximam pensando se tratar de um barco grande. Quando se aproximam viram alimento da boiúna. Quando fica velha, a cobra vem para a terra. Como é muito grande e desajeitada fora d’água, para conseguir alimento, conta com a ajuda da centopéia de 5 metros.
Outra versão:
O mito da boiúna fala de uma descomunal serpente que vive no fundo de grandes lagos, rios e igarapés, num lugar chamado “boiaçuquara” ou “morada da cobra grande”. Seu corpo lustroso, refletindo a luz do luar, e seus olhos, que brilham no escuro como archotes, iludem os pescadores incautos, que, pensando tratar-se de um navio aproximam-se e são devorados. Quando atinge a velhice, passa a viver em terra, onde é auxiliado pela Centopéia na obtenção de alimento, pois sua locomoção em terra é difícil e desajeitada.
O povo da mata afirma que, quando a centopéia anda pela mata, seu caminhar produz um som que lembra o tamborilar da chuva caindo, e diz ainda que ela mede 5 metros de comprimento.
É descrito por Alfredo da mata: “…transforma-se em mais disparatadas figuras; navios, vapores, canoas… engole pessoas. Tal é o rebojo e cachoeiras que faz, quando atravessa o rio, e o ruído produzido, que tanto recorda o efeito da hélice de um vapor. Os olhos quando fora d’água semelham-se a dois grandes archotes, a desnortear até o navegante”. Faz parte do ciclo mítico de “como surgiu a noite”, segundo a qual a Grande Cobra casa a filha e manda-lhe a noite presa dentro de um caroço de tucumã. Os portadores, curiosos, abrem o caroço, libertam a noite e são punidos.
Conta a lenda que em uma certa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna (Cobra-grande, Sucuri), deu à luz a duas crianças gêmeas. Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Nonato, e uma menina, chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as duas crianças no rio.
Lá no rio eles se criaram como duas enormes cobras. Honorato não fazia nenhum mal, mas sua irmã tinha uma personalidade muito perversa. Causava sérios prejuízos aos outros animais e também às pessoas.
Eram tantas as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la para pôr fim às suas perversidades.
Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo e elegante rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra.
Para que se quebrasse o encanto de Honorato era preciso que alguém tivesse muita coragem para derramar leite na boca da enorme cobra, fazendo um ferimento na cabeça até sair sangue. Mas ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro. Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará) conseguiu libertar Honorato do terrível encanto, deixando de ser cobra d’água para viver na terra com sua família.
URUTAU
O Urutau é uma ave noturna que, quando a lua desponta, solta um grito triste e assustador. Sobre ele, conta-se uma curiosa lenda.
Numa humilde casinha do sertão, vivia com seus pais uma moça muito feia. Naturalmente, por causa disso, não conseguia arranjar um namorado. O tempo passava, suas amigas todas se casaram e ela continuava desprezada.
Mantendo ainda alguma esperança de que lhe surgisse um pretendente – pois, afinal, tinha suas qualidades: inteligente, trabalhadeira e boa cozinheira – adquiriu o hábito de sair à noite para passear pelos campos e bosques.
Certa vez, em um desses passeios, ouviu o tropel de um cavalo que se aproximava. O coração aos pulsos, imaginou que ali vinha o homem que se casaria com ela. Em poucos segundos viu descer de uma cavalo ricamente arreado, um belo e garboso cavaleiro, um príncipe que se aproximou e perguntou-lhe como podia chegar à estrada principal. A moça habilmente procurou cativar o príncipe pela gentileza e ofereceu-se para acompanhá-lo. Apesar de feia, era muito inteligente e foi fácil manter uma conversa agradável com o príncipe que, impressionado e não lhe percebendo a feiura, pois não havia luar, pediu-a em casamento. Mas infelizmente, sua felicidade durou pouco. A lua surgiu, iluminando o rosto da jovem. O príncipe, tomado de grande espanto, inventou uma desculpa para se afastar e se foi. A jovem, que de nada suspeitava, ficou esperando o seu regresso.
Muito tempo depois, uma feiticeira sua conhecida, ia passando e parou para conversar. A moça contou a ela o que acontecera e pediu para ser transformada numa ave e, assim, poder encontrar logo o príncipe. A feiticeira não queria, mas a jovem insistiu tanto que ela acabou concordando. Partiu, então, a jovem, transformada numa ave feia e desajeitada. Percorreu toda a região por várias vezes e nada de avistar o príncipe, que àquela altura, já estava bem longe.
Desolada, a ave – que era o urutau – procurou a bruxa e pediu para voltar à forma humana. Esta, porém nada pode fazer e a pobre teve que se conformar com seu destino de ave feia e triste. É por isso que, quando a lua aparece, o urutau solta aquele grito triste que parece dizer “foi, foi, foi”, lembrando o príncipe que fugira da moça feia.
Outra versão
Segundo a lenda, uma moça guarani chamada Nheambiú, apaixonou-se profundamente por um bravo guerreiro tupi chamado Cuimbaé, que caíra prisioneiro dos guaranis. Nheambiú pediu a seus pais que consentissem o casamento com Cuimbaé. Todos os insistentes pedidos foram negados, com a alegação que os tupis eram inimigos mortais da nação guarani. Não podendo mais suportar o sofrimento, Nheambiú saiu da taba. O cacique mobilizou seus guerreiros na procura da filha e, após uma longa busca, a jovem índia foi encontrada no coração da floresta, paralisada e muda, tal qual uma estátua de pedra, sem dar nenhum tipo de sinal de vida. O feiticeiro da tribo alegou que Nheambiú perdera a fala para sempre, a não ser que uma grande dor a fizesse voltar a ser o que era antes. Então a jovem recebeu todos os tipos de notícias tristes, a morte de seu pais e amigos, mas ela não dava nenhum sinal, até que o pajé falou “Cuimbaé acaba de ser morto”. No mesmo momento a moça, lamentando repetidas vezes, tomou vida e desapareceu dentro da mata. Todos que ali estavam transformaram-se em árvores fitando a lua e estremecendo a calada da noite enquanto que Nheambiú tomou a forma de um uratau e ficou voando, noite após noite, pelos galhos daquelas árvores amigas, chorando a perda de seu grande amor. O uratau é um pássaro solitário e de hábitos noturnos que dificilmente se deixa ver. Pousado na ponta de um galho seco, emite seu canto tenebroso assemelhado a um lamento humano. Por este motivo, o povo também o chama de “mãe-da-lua”. Seu grito talvez seja o mais assustador de todos, entre as aves. “Meu filho foi, foi, foi…” – interpreta o povo. Por causa de seu grito, o uratau é muitas vezes associado a maus presságios, mas segundo a mitologia tupi-guarani, é uma ave benfazeja.
Em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, Câmara Cascudo testemunha que essa ave noturna, de canto agourento, “melancólico e estranho, lembrando uma gargalhada de dor”, cercou-se de “misterioso prestigio assombrador”.
Coutinho escreve que as penas dessa sinistra ave são um poderoso “amuleto de preservação da castidade feminina”. A mesma informação é dada por Câmara Cascudo e Orico, que evocam o testemunho de José Veríssimo, 40, que afirma ser a pele da ave, seca ao sol, que serve de breve contra a luxúria, “curando” as donzelas das tentações do sexo. Bastava que se varresse o chão, a rede ou cama onde a jovem deitasse, para que fosse afastado dali o que pudesse despertar desejos carnais. O mesmo caráter agourento é atribuído a outra esta espécie de coruja, a “Rasga-Mortalha”, esta última – esclarece Câmara Cascudo – tem esse nome em virtude do som que produz o atrito de suas asas, que faz lembrar um pano sendo rasgado.
O NEGRINHO DO PASTOREIO
O Negrinho do Pastoreio É uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.
Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. ‘‘Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece’’, disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul.
UIRAPURU
Um jovem guerreiro se apaixonou pela esposa do grande cacique.
Como não podia se aproximar dela, pediu a Tupã que o transformasse num pássaro.
Tupã o transformou em um pássaro vermelho, que à noite cantava para sua amada.
É por isso que o Uirapuru é considerado um amuleto destinado a proporcionar felicidade nos negócios e no amor.
O Uirapuru é a ave de canto mais lindo da floresta. Quando ele canta, atrai as outras aves. Elas ficam silenciosas em volta dele, ouvindo-o cantar. Dizem que é tão mágico que depois de morto serve de talismã. Não há quem não fique encantado com o canto do Uirapuru.
Os índios têm uma estória muito bonita sobre como surgiu o Uirapuru. Contam eles que havia, em determinada tribo, duas moças índias que eram muito amigas. Estavam sempre juntas. Uma não largava a outra. Não havia nada que afastasse uma da outra.
Um dia, as duas acabaram-se apaixonando pelo mesmo índio, que era o novo cacique da tribo. Como ambas eram muito bonitas, ele não se decidia por nenhuma delas.
Quando chegou a época do novo cacique se casar, os mais velhos pediram que ele resolvesse sobre qual delas seria sua noiva. Sem saber qual escolher, ele propôs uma prova: aquela que acertasse com uma flecha, em pleno vôo a ave que ele indicasse seria a sua noiva. Se ambas acertassem, nova prova seria realizada.
No dia seguinte, na floresta apenas uma conseguiu acertar a ave e foi a escolhida. A outra passou a andar sozinha e ficava cada dia mais triste. Sentia saudade do cacique e da sua querida amiga, mas tinha vergonha de encontrá-los. Por isso, chorava. Chorou tanto que Tupã ficou compadecido. Para que a moça pudesse ver o casal de que tanto gostava, transformou-a num passarinho de aparência simples. Imediatamente ela voou para a cabana do cacique. Assim que chegou, viu o casal tão feliz, mas tão feliz que sentiu ciúme e ficou mais triste do que nunca.
Para resolver o problema, Tupã deu à índia-passarinho um canto muito bonito que a faria esquecer sua tristeza.
- De agora em diante – disse Tupã – você será o Uirapuru. Seu canto será tão bonito que a fará esquecer a sua tristeza. Quando os pássaros ouvirem suas notas maravilhosas, não poderão resistir. Ficarão em silêncio para ouvi-la cantar.
E assim foi. Até hoje a moça índia canta quando sente tristeza e toda a passarada fica em silêncio para ouvir o seu maravilhoso canto mágico.
O CABEÇA DE CUIA
É um ser alto, magro, de cabeleira farta que lhe cai sobre a testa e que sacode quando nada nos rios da região do Maranhão e do Piauí.
Faz suas viagens durante as enchentes do rio Paraíba.
De sete em sete anos sai a procura de uma moça, que tem que se chamar Maria para que possa devora-la, às vezes, porém, devora crianças que estejam nadando no rio.
Conta a lenda que Cabeça de Cuia era um rapaz que não obedecia sua mãe e a maltratava tanto aprontava e afrontava que ele terminou por deixar a casa da família.
Sofreu, então, uma maldição da mãe e foi condenado a viver durante 49 anos nas águas do rio Paraíba.Somente depois de comer sete Marias é que poderá voltar ao seu estado normal.
A lenda diz que sua mãe, uma velha bruxa, viverá enquanto ele estiver nas águas do rio.
O TESOURO DOS CORPOS SECOS
Diz a lenda, que um grupo de escravos eram muito maltratados e torturados por uma tradicional família de latifundiários da época. Eram desmoralizados e passavam por constantes humilhações públicas para demonstrar o poderio daquela gente que controlava a política da cidade de São Thomé das Letras.
Revoltados, os escravos se amotinaram e prepararam uma tocaia para a família que ia à missa todos os domingos. Enquanto o varão ia conduzindo o carro de boi e a mãe rezava o terço, os escravos o observavam do mato. Em casa restava apenas uma menina de 5 anos, que tinha ficado aos cuidados da mãe-preta, a escrava governanta.
Ao sentirem preparados, os escravos atacaram e mataram friamente seus proprietários e rumaram até a fazenda, onde a escrava escondeu a menina dentro de um colchão de capim, mentindo que a mesma fugira para o mato ao ouvir os gritos dos pais. Os negros saquearam todo o ouro e pertences da fazenda, prometendo entregá-los à Igreja, porém não o fizeram. Foram perseguidos pelos fazendeiros da região e muitos foram presos, flagelados e mortos. Um pequeno grupo se escondeu em uma gruta, mas acabaram morrendo se sede e fome. Seus corpos não apodreceram, mas secaram e hoje, acreditasse que aquele que achar os corpos secos, achará também o ouro.
O CAPELOBO
O capelobo, também chamado cupelobo, pertence ao folclore do Pará e do Maranhão. O nome parece ser uma fusão indígena-português: capê (osso quebrado, torto ou aleijado) + lobo. A lenda lhe dá características de licantropo e, às vezes, também de vampiro. Pode aparecer em duas formas. Na forma animal, é do tamanho de uma anta, mas é mais veloz. Apresenta um focinho descrito como de cão, anta, porco ou tamanduá e tem uma longa crina. Peludo e muito feio, sempre perambula pelos campos, especialmente em várzeas. Na forma semi-humana, aparece com um corpo humano com focinho de tamanduá e corpo arredondado. Segundo Câmara Cascudo (Geografia dos Mitos Brasileiros, “Ciclo dos Monstros”) é um animal fantástico, de corpo humano e focinho de anta ou de tamanduá, que sai à noite para rondar os acampamentos e barracões no interior do Maranhão e Pará. Denuncia-se pelos gritos e tem o pé em forma de fundo de garrafa. Mata cães e gatos recém-nascidos para devorar. Encontrando bicho de porte ou caçador, rasga-lhe a carótida e bebe o sangue. Só pode ser morto com um tiro na região umbilical. É o lobisomem dos índios, dizem. No rio Xingu, certos indígenas podem-se tornar capelobos. Segundo S. Fróis Abreu (Na Terra das Palmeiras, 188-189, Rio de Janeiro, 1931): “Acreditam que nas matas do Maranhão, principalmente nas do Pindará, existe um bicho feroz chamado cupelobo... Um índio timbira andando nas matas do Pindará chegara a ver um desses animais que dão gritos medonhos e deixam um rastro redondo, como fundo de garrafa. O misterioso animal tem corpo de homem coberto de longos pêlos; a cabeça é igual à do tamanduá-bandeira e o casco com fundo de garrafa. Quando encontra um ser humano, abraça-o, trepana o crânio na região mais alta, introduz a ponta do focinho no orifício e sorve toda a massa cefálica: 'Supa o miolo', disse o índio.”
Já segundo Lendas do Maranhão, de Carlos de Lima, o capelobo parece-se com a anta, mas é mais ligeiro do que ela, e tem cabelos longos e negros e as patas redondas. Sua caçada é feita à noite, quando sai em busca de animais recém-nascidos para satisfação de sua fome inesgotável. Se apanha qualquer ser vivente, homem ou animal, bebe-lhe o sangue com a sofreguidão dos sedentos. Dando gritos horríveis para apavorar os que encontra, que, paralisados de medo, têm o miolo sugado até o fim através da espécie de tromba que ele introduz no crânio da pobre vítima. Esses gritos, que no meio da mata se multiplicam em todas as direções, desnorteiam os caçadores e mateiros que assim vagam perdidos, chegando, às vezes, a enlouquecer.
AO AO (Aho Aho)
Ao Ao, também grafado como Aho Aho, é o nome de uma monstruosa criatura da Mitologia guarani. Um dos filhos de Tau e Kerana, é uma das figuras centrais da mitologia dos povos que falam a Língua guarani, localizados históricamente no Paraguai, norte da Argentina e sul e oeste do Brasil. Ao Ao é freqüentemente descrito como sendo uma voraz criatura parecida com um carneiro, com um grande conjunto de presas afiadas. Alternativamente também aparece como sendo um humanóide de falo grande e pecaminoso. O seu nome é derivado do som que faria ao perseguir suas vitimas. Segundo a lenda o primeiro Ao Ao teria uma enorme virilidade e por isso é identificado como o principio da fertilidade pelos guaranis. Produziu grande descendência de iguais a ele, que servem coletivamente como senhores e protetores das colinas e montanhas. É descrito ainda como sendo canibal devorador de gente. Embora sua descrição física seja claramente não humana, é meio humana por nascimento, então o termo canibal se aplicaria. De acordo com a maioria das versões do mito, quando localiza uma vítima para sua próxima refeição, persegue o infeliz humano por qualquer distância ou em qualquer território, não parando até conseguir sua refeição. Se a presa tentar escapar subindo em uma árvore, o Ao Ao circundará a mesma, uivando incessantemente e escavando as raízes até a árvore cair. De acordo com o mito, a única árvore segura para escapar seria a palmeira, que conteria algum poder mágico contra o Ao Ao, e se a vitima conseguisse subir em uma, o monstro desistiria e sairia em busca de outra refeição. Outras versões dizem que o Ao Ao também teria a função de levar as crianças desobedientes para seu irmão, Jaci Jaterê.
JACI JATERÊ
Jaci Jaterê (também grafado como Jasy Jatere em Guarani e Yasy Yateré em espanhol) é o nome de uma importante figura da Mitologia guarani. Um dos sete filhos de Tau e Kerana, as lendas de Yacy Yateré são das mais importantes da cultura das populações que falam o idioma Guarani, na América do Sul. Com um nome que significa literalmente pedaço da Lua, é único dentre os seus irmãos a não possuir uma aparência monstruosa. Usualmente é descrito como um homem de pequena estatura, ou talvez uma criança, aloirado e às vezes com olhos azuis. Tem uma aparência distinta, algumas vezes descrita como bela ou encantadora, e carrega um bastão ou cajado mágico. Como a maioria de seus irmãos, habita na mata, sendo considerado o protetor da erva-mate. Algumas vezes é visto como protetor dos tesouros escondidos. Jaci Jaterê também é considerado o senhor da sesta, o tradicional descanso ao meio do dia das culturas latino-americanas. De acordo com uma das versões do mito, ele deixa a floresta e percorre as vilas procurando por crianças que nao descansam durante a sesta. Embora seja naturalmente invisível, ele se mostra a essas crianças e aquelas que veem seu cajado caem em transe ou ficam catalépticas. Algumas versões dizem que essas crianças são levadas para um local secreto da floresta, onde brincam ate o fim da sesta, quando recebem um beijo mágico que as devolve a suas camas, sem memória da experiência. Outras são menos claras, onde as crianças são transformadas em feras ou entregues ao seu irmão Ao Ao, uma criatura canibal que se alimenta delas. Muitas lendas Guarani têm muitas versões por serem apenas orais, mas está claro que a intenção é manter as crianças obedientes e sossegadas durante a sesta. Como já foi dito, o poder de Jaci Jaterê vem de seu bastão mágico, e se alguém for capaz de tirar seu cajado, ele se atira ao chão e chora como uma criança pequena. Neste estado, se alguém perguntar pelos tesouros escondidos, recebe uma recompensa, lenda semelhante ao Leprechaun ou duende europeu. Alguns estudos associam o Jaci Jaterê à gênese da lenda do Saci Pererê, que por influências africanas e europeias acabou por se distanciar das características originais.
Espero que tenham gostado.
MarcioLasombra.
Uau! Amplamente rico! Obrigado! Um excelente material para meus futuros projetos. Agradeço e deixo o link do meu curta "Caçadas nas Horas Mortas": https://www.youtube.com/watch?v=zD3OOPJyDoA
ResponderExcluirFicamos felizes que tenha gostado do nosso conteúdo esperamos que seja um leitor regular da arcanoteca ^.^
ExcluirMuito bom esse post! Muito completo! Uma boa fonte de informações sobre o nosso folclore!
ResponderExcluirObrigado espero que gosto de nosso conteúdo e nos visite sempre que possível.
ExcluirGostei demais, tem mitos que ainda não conhecia. Ótima fonte de informação.
ResponderExcluirMUITO BOM....ADOREI!!! NÃO CONHECIA VÁRIOS.
ResponderExcluirFicamos felizes que tenha gostado. Volte sempre.
ResponderExcluirVocês criaram? porque é incrivel
ResponderExcluirDesculpe me mas não entendi a pergunta.
Excluirum dos melhores acervos sobre mitos ao qual tive acesso nos últimos anos!
ResponderExcluirParabéns ao trabalho feito!
Ficamos muito felizes que tenha gostado amigo leitor. Volte sempre !! E se quiser divulgue.
ExcluirMuito legal. Tão horripilante e fantástico quanto o folclore japonês. Bom trabalho com o site. Abraço.
ResponderExcluirCADE A LENDA DO BOITATA
ResponderExcluirEsta abaixo da lenda do Boto. E só olhar com mais atenção.
Excluirmuito boa materia
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