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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Menu Mitologia: A Mulher Aranha

A MULHER ARANHA - Deusa Americana

Os hopis, um povo dos pueblos, vivem no nordeste do Arizona.
Seu nome, hopi, tem sido traduzido de diversas formas: "pacífico", "justo" ou "virtuoso". Sua tradução mais comum é "povo pacífico" ou "povo da paz". Este povo agrícola tem vivido no Arizona há incontáveis séculos; as marcas dos seus clãs podem ser encontrados por todo o sudoeste.
A Mulher-Aranha ou Kokyang Wuhti é um ser criativo. Esta entidade sagrada é uma pessoa e muitas ao mesmo tempo. Ela possui todo o conhecimento e está em toda a parte. Pode aparecer como uma jovem, uma velha, ou uma aranha. Pode ser vista ou tornar-se leve como o ar.
É considerada a Mãe de Tudo: "Segundo o mito indígena, o mundo foi criado por ordem do deus-sol. Havia também a Mulher-Aranha, que deu vida ao mundo, crinado plantas, animais e finalmente seres humanos da terra e de si mesma." Ele possui poderes divinos e sabedoria ilimitada. Sabe todos as linguagens. Tem acesso profético ao futuro. Kokyang Wuhti é guardiã: ela cuida da proteção e do bem-estar das pessoas necessitadas.
É vista frequentemente como uma velha vigorosa e nunca é representada por ninguém nas cerimônias hopis Por sua associação com a terra, na qual ela vive, ela tem as características de uma Deusa da Terra. É velha como tempo, e jovem como a eternidade.


A LENDA DA CRIAÇÃO HOPIS
No início dos tempos, uma faísca de consciência se incendiou no espaço infinito. Esta faísca era o espírito do Sol, chamado Tawa. Tawa então criou o primeiro mundo: uma enorme caverna povoada unicamente por insetos. Observando como se moviam os insetos, achou aquela povoação formigante pouco inteligente. Então lhes enviou a Avó Aranha que disse aos insetos:
"Tawa, o espírito do Sol que os criou, está descontente com vocês, porque não compreendeis em absoluto o sentido da vida. Assim, me foi ordenado que os conduza para o Segundo Mundo, que está acima do teto da caverna".
Os insetos então começaram a escalar as paredes da caverna em direção ao Segundo Mundo. A subida era tão alta e tão penosa que, antes de chegarem ao Segundo Mundo, muitos dos insetos já haviam se transformado em animais poderosos. Tawa os contemplou e disse:
"Estes sobreviventes são tão estúpidos como os do Primeiro Mundo. Tampouco parecem capazes de compreender o sentido da vida".
Novamente pediu a Avó Aranha para que os conduzisse para o Terceiro Mundo. E no transcurso desta nova viagem, alguns animais se transformaram em homens.
No Terceiro Mundo, a Avó Aranha ensinou aos homens a tecerem e as mulheres a fazerem potes. Ela também instruiu convenientemente e na cabeça dos homens e mulheres começou a despontar uma vaga ideia sobre o sentido da vida. Entretanto, bruxos malvados, extinguiram a luz e cegaram os humanos. As crianças choravam, os homens guerreavam e se lastimavam, haviam perdido o sentido da vida.
A Avó Aranha voltou e lhes disse:
-"Tawa, o espírito do Sol, está muito triste com todos vocês. Haveis desperdiçado a centelha de luz que havia brotado em suas cabeças. Agora, devereis ascender ao Mundo Superior (ou Quarto Mundo). Mas desta vez, deverão encontrar o caminho sozinhos".
Os homens, perplexos, se perguntavam como poderiam subir para o Mundo Superior. Durante algum tempo permaneceram em silêncio. Em fim, um ancião tomou a palavra:
-"Creio ter ouvido ruído de passos no céu". -"Está correto", falaram os demais. "Também nós temos escutado os passos de alguém lá em cima". Sendo assim, enviaram o "pássaro gato" para explorar o Mundo Superior que parecia habitado.
O pássaro gato voou para o céu e descobriu um país semelhante ao deserto do Arizona. Lá visualizou uma cabana de pedra e ao aproximar-se, viu um homem que parecia dormir, sentado contra uma parede.
O pássaro gato posou junto a ele e o homem despertou. Seu rosto era pavoroso, vermelho, coberto de cicatrizes, queimaduras, com uns traços negros pintados entre as bochechas e o nariz. Seus olhos eram tão enterrados nas órbitas que eram quase invisíveis, mas o pássaro viu brilhar entre eles um resplendor aterrador. Reconheceu então aquele personagem: era a Morte.
A Morte olhou detidamente para o pássaro gato e lhe disse gesticulando:
-Não tens medo de mim?"
-"Não", respondeu o pássaro. "Venho da parte dos homens que habita, o mundo debaixo deste. Desejam compartilhar contigo este país. Isso é possível?"
A Morte refletiu por alguns momentos. -"Se os homens querem vir", disse finalmente com o olhar sombrio, "Que venham!".
O pássaro gato retornou ao Terceiro Mundo e contou aos homens o que havia visto. -"A Morte aceita compartilhar com vocês seu país", comunicou.
-"Graças sejam dadas!", responderam os homens. "Mas como poderemos subir até lá?" Pediram conselho a Avó Aranha, que lhes disse:
-"Plantem um bambu no centro do povoado e cantem para ajudá-lo a crescer".
Assim os homens fizeram. Cantaram sem cessar e a Avó Aranha dançava para ajudar o bambu a crescer direito. Por fim, a Avó Aranha exclamou:
-"Olhem! A ponta do bambu já alcançou o céu!"
Então os homens escalaram o bambu, alegres como crianças. Nada levavam consigo, estavam nus, tão desprovidos como no seu primeiro dia de vida.
-"Sejam prudentes!", gritou a Avó Aranha. "Sejam prudentes!" Entretanto os homens já não mais a escutavam, pois já tinham alcançado às alturas. Ao chegarem no Mundo Superior, construíram povoados, plantaram mandioca, milho, melões, fizeram jardins e hortas.
E desta vez, para dar sentido as suas vidas, inventaram as LENDAS.
Na mitologia Caiapó, como na nativa americana, a Deusa-Aranha também é Criadora, na medida que possibilita com sua teia o povoamento da Terra, que ao contrário dos Hopis, os homens vêm do Mundo de Cima para o Mundo Debaixo.
A teia é um arquétipo poderoso que nos fala de nossa conexão com todo o Universo. Tudo que existe está interligado com a Grande Teia Universal e, portanto, o que cada um faz, influencia o Todo. Mas a Mulher Aranha, também tem seu lado escuro e é temida por seus aspectos negativos.
Ela é conhecida como uma bruxa que conhece todas as linguagens do mundo, que se reúne todo ano, perto da Mesa Negra, com outras bruxas do mundo.
Em sua autobiografia intitulada "Sun Chief', o hopi Don Talayesva fala do tempo em que Kokyang Wuhti tentou fazê-lo prisioneiro. Nos conta como ele conseguiu escapar dela.
Apesar disso, a Mulher Aranha é uma figura em grande parte benévola. Ela aparece nas lendas de muitas culturas indígenas americanas, incluindo as dos povos navajo e pueblo. Joe Sando, do pueblo de Jemez, conta que as pessoas acreditam que a Mulher Aranha as protege com sua teia.
Devido à reverência dos nativos americanos a todas as formas de vida e devido à ocorrência abrangente dessa figura arquetípica, a maioria dos índios é criada aprendendo a respeitar aranhas, e não matá-las. Isso certamente ocorre no povo pueblo.
Se um índio pueblo mata uma aranha, seja por qual motivo, segundo Joe Sando, ele imediatamente diz "um cego mata", para se livrar da responsabilidade pela morte da aranha. Kokyang Wuhti representa simultaneamente o feminino como guia sempre presente, ajudante, protetora e companheira, e o perigo inerente nessa onipresença.

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