A MORTE DE BALDER
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Mas o deus Loki não partilhou da alegria geral e pensou para si que, dada a rapidez com que Gna tinha efetuado a viagem para recolher as promessas, decerto se tinha esquecido de alguma criatura. Disfarçou-se então de velhinha e foi ao Asgard felicitar Frigg por ter conseguido adiar de tal forma a morte do filho. Frigg agradeceu, lamentando-se no entanto de que a sua mensageira Gna se tivesse esquecido na sua viagem de falar com uma planta insignificante. Loki tanto indagou que descobriu ser esta planta o agárico, arbusto que cresce na copa de árvores como o carvalho. Cortou então um ramo, afiou-o, e dirigiu-se para junto de Hod, o irmão de Balder que era cego e que nunca costumava participar nas celebrações festivas pois trazia mau augúrio. Sugeriu então ao deus das Profundezas que atirasse o ramo a Balder para participar na comemoração; mas Hod replicou que não podia ver o alvo devido à sua cegueira. Loki disse-lhe que guiaria a sua mão e Hod atirou o ramo afiado matando instantaneamente o irmão.
Este ato chocou todos os deuses e todos os homens, ao ponto de até os gigantes Jötuns, inimigos dos deuses, participarem solidariamente no funeral de Balder. Nana, mulher de Balder, suicidou-se com o desgosto.
Este funeral teve um aspeto curioso: o barco que continha a pira funerária recusava-se a sair de terra, tendo sido chamada a gigante Irokkin para o empurrar.
No entanto, Frigg não se conseguiu conformar com a morte do seu amado filho e começou a planear uma maneira de enviar ao Helheim (o inferno) alguém com coragem suficiente para levar o resgate em ouro e trazer o seu filho de volta.
Foi o irmão de Balder, Hermod, o Ágil, quem empreendeu a viagem, montado no cavalo mais veloz do mundo, Sleipnir, que pertencia a seu pai. Depois de nove dias e nove noites de viagem chegou à margem de um rio com uma ponte com o teto em ouro guardada por uma mulher armada que vigiava para que nenhum dos que tinham entrado no Helheim saísse nem que entrasse nenhum ser vivo. Mas quando Hermod se identificou e disse qual era a sua missão a sentinela deixou-o entrar.
Depois de percorrer o sinistro reino chegou à deusa Hel, rodeada pela sua corte de seres sombrios e acompanhada por um galo negro. A deusa deixou-se comover pela dor geral que a morte de Balder tinha provocado e deixou que este saísse do inferno sob a condição de que todas as criaturas do Universo continuassem a chorar a sua perda. Logo cavalgou Hermod de volta, levando o dedal de Nana a Frigg e o anel de Balder a Odin como provas de afeição, e pedindo a todos os seres vivos que chorassem a morte de Balder. No entanto, o deus nunca foi resgatado do inferno até ao dia de Ragnarok porque Loki, disfarçado de velha para escapar ao castigo dos outros deuses, se recusou a chorar a morte de Balder, e a juntar-se ao dilúvio causado pelas lágrimas de toda a Humanidade. No entanto, o belo deus presidiria o renascimento do mundo depois do dia de Ragnarok.
Nesta história reflete-se o clima do norte da Europa, em que metade do ano se vive na penumbra deprimente esperando ansiosamente a outra metade, alegre e luminosa.
É numa antiga fórmula mágica em alemão antigo que se encontra a única referência a este deus, na qual se relata o episódio em que o seu cavalo se magoou quando cavalgava com Odin, sendo curado por este.
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