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sábado, 16 de julho de 2016

Menu Contos: O Filho do Fim e a Borboleta (Parte 02)

O FILHO DO FIM E A BORBOLETA (Parte 02)


— Não pedi que viesse, sequer sabia que existia. — disse a jovem o fazendo rir. 

— Ah, mas de todos que habitam este maldito lugar você é o único que tinha sim, ainda que todas as lembranças lhe tenham sido ceifadas até mesmo da alma, a noção de que vivia em uma bela e luxuosa gaiola. — ele retrucou batendo com o indicador em sua têmpora. — E me pediste sim, ainda que inconscientemente para que eu viesse lhe resgatar. Esta aqui não é a única gaiola que habitas borboleta. 

Ou devo chamá-la de passarinho? Quem sabe um nome mais apropriado para sua verdadeira existência... — ele sugeriu evocando na alma da jovem tudo aquilo que ela se esquecera. E quando o peso da verdade recaiu sobre seus ombros ela o encarou com um olhar mais profundo e perguntou sorrindo:

— O que queres em troca deste ato de bravura? Vejo que não és mesmo um cavaleiro branco, contudo acaba de realizar um ato de heroísmo, afinal vejo também que nenhum vivente seria capaz de chegar aqui com o corpo e a alma intactos. — ela argumentou vislumbrando os desafios que espreitavam o Templo do Saber e aquilo evocou em seu invasor a lembrança do que havia passado para estar ali. Ele simplesmente riu mais uma vez e com ainda mais escárnio batendo de leve em seu sobretudo a fim de retirar alguns grãos da poeira milenar que no tecido repousava.

— Tens razão, nenhum vivente seria capaz de libertá-los deste cárcere, mas porque o fariam? Afinal eles não tem parte nesta prisão? Porque acha que os deuses estão em gaiolas tão bem planejadas? – ele disse fazendo-a ponderar sobre o que lhe acontecera e uma lágrima escorreu em seu rosto aveludado, afinal ela era um daqueles que amara a humanidade. — No entanto eis que consegui abrir aquela porta e basta que um único indivíduo comece a acreditar para que toda a magia volte a trama habitar. — ele disse apontando para a porta e então a encarou mais uma vez. — Perguntaste o que quero em troca deste ato, eis que preciso saber. O que acontece? O que é que vês para o amanhã?

— Vieste perguntar ao sonho o que deveria indagar ao destino... Temo não... — ela começou a dizer, mas foi interrompida.

— O destino não se configura sem o sonho, ele está fadado à lógica da linearidade daquilo que se faz, às leis da ação e reação, enquanto o sonho é capaz de enxergar aquilo que aos olhos jamais será perceptível. O que vês?

— Vejo um mundo repleto de lápides. Vejo um mundo sem aqueles com a coragem para fazer o que deve ser feito ainda que cientes de todas as consequências. Vejo um mundo sem heróis. — ela disse sentindo seus olhos marejarem e a tristeza lhe assomar a alma. — Isto não é um sonho... — ela por fim disse levando a mão aos lábios.

— Não, não é. E eras a única capaz de me dizer. 

— O que vais fazer? — ela indagou sendo tomada pela esperança.

— Vou fazer o que deve ser feito, ciente das consequências que isto implicará. E antes que diga, não, eu não sou um maldito herói, mas hei de criar um a quem todos chamarão de vilão. — ele disse sorrindo com um brilho nos olhos que revelava todo o seu deleite em jogar aquele jogo titânico. — E então? Vai correr o risco de perder suas asas ou prefere sua gaiola dourada? — ele a questionou estendendo sua pálida mão.

Ilusionista

Arte: GUWEIZ

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