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quinta-feira, 20 de março de 2014

Mitologia: A HISTORIA DE CRUNNCHU

A HISTORIA DE CRUNNCHU
O Ciclo de Ulster. Boa parte da mitologia da Irlanda pré-cristã foi preservada, o que nos permitiu tomar conhecimento de alguns belos e intrigantes textos e registros

Crunnchu era um fazendeiro muito rico, casado, com quatro filhos e muitos serviçais, que vivia infelicíssimo há já muitos anos pois a sua mulher morrera logo após ter dado à luz a última das crianças.
Um belo dia, quando Crunnchu estava a descansar numa confortável cadeira no vestíbulo de sua casa, chegou uma estranha mulher que, sem uma palavra, se pôs imediatamente a fazer os trabalhos da lida da casa. Pela hora de jantar, a mulher dirigiu-se à cozinha e deu as ordens necessárias aos criados como se sempre tivesse morado ali.
A refeição foi passada em total silêncio e só no dia seguinte os dois começaram a falar um com o outro numa conversa que se prolongou por horas e horas. O nome da mulher era Macha; no fim da conversa, estavam apaixonados e em breve se casaram.
O tempo passou e Macha engravidou. Chegou, entretanto, a data da Grande Feira do Ulster e Macha avisou o marido de que não deveria falar dela a ninguém sob pena do seu amor terminar tragicamente. Crunnchu tomou boa nota do aviso e partiu.
Durante a Feira, era costume realizarem-se imponentes corridas de cavalos nas quais participavam sempre os mais velozes animais do Rei; como em ocasiões anteriores, os cavalos reais ganharam facilmente, o que deixou o soberano vaidosíssimo
e fez com que não se calasse, bravateando sobre o valor dos seus corcéis.
Incomodado com a arrogância do Rei, Crunnchu, sem pensar no que fazia e esquecendo o aviso da mulher, disse ao monarca que a sua esposa Macha conseguiria ser mais rápida que os próprios cavalos. O rei ficou furioso com o atrevimento do fazendeiro e ordenou que Macha fosse à Feira para participar nas corridas, enviando imediatamente dois mensageiros a sua casa.
Ali chegados, ouviram Macha pedir-lhes que não a obrigassem a ir por causa do estado avançado da sua gravidez, mas eles não lhe facilitaram a vida e disseram-lhe que o Rei mandaria matar o marido se ela não os acompanhasse.
Então ela foi e quando se encontrou em face do Rei repetiu-lhe o pedido que já fizera aos mensageiros: que não a obrigasse a correr por causa do bebé que estava para nascer; mas o rei foi irredutível na sua decisão e gritou-lhe:
– Corre, ou o teu marido será morto!
Então Macha respondeu:
– Muito bem. Farei como mandas, mas fica a saber, ó Rei, que amaldiçoo todos os homens do teu reino, o poderoso Reino do Ulster: durante nove gerações, eles irão sentir as dores de uma mulher quando está a dar à luz; e essas dores aparecerão quando menos se esperar e mais o País precisar dos seus homens.
De seguida, Macha fez a corrida contra os cavalos do Rei, venceu e, quase de seguida, por causa do esforço, deu à luz dois bonitos gémeos, morrendo na altura do nascimento deles.
Quanto à maldição que invocara contra o Rei e os homens do Ulster, cumpriu-se mesmo! Durante nove gerações, sempre que os homens iam para a guerra, era precisamente durante as batalhas que as dores mais atacavam os guerreiros dando, assim, vantagem aos inimigos.
A palavra Macha á ainda hoje usada no nome da grande fortaleza do antigo Ulster: Emain Macha, que foi também a residência dos reis daquele território.

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