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terça-feira, 13 de junho de 2017

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A CABEÇA DE NUN-KANDI

Post Original: Aqui



"Era uma coisa medonha e abjeta. Uma cabeça semi-descarnada, suspensa por um aparato encerrado numa cúpula de vidro. A coisa deixava transparecer uma aura de meliflua maldade. Era algo horrível de se ver, parecendo um dos troféus obtidos pelas tribos de caçadores de cabeças da África Setentrional. Tive um sobressalto ao ver a coisa e senti como se as órbitas ocas estivessem de alguma forma a me observar. E quando senti um arrepio escalando pelas costas, foi como se os lábios rachados da coisa de alguma estivessem arqueando em um horrível esgar de caveira".

A Cabeça de Nun-Kandi é um artefato pertencente a cultura Tcho-Tcho.

Segundo as lendas, Nun-Kandi foi um poderoso feiticeiro tribal que viveu em tempos imemoriais. Foi ele um dos primeiros magos a estabelecer contato com Lloigor e Zhar, as terríveis entidades confinadas no interior do Platô de Sung. Em troca da devoção do povo Tcho-Tcho, as criaturas teriam ensinado a Nun-Kandi o conhecimento dos Mitos e magias que serviram para firmar o pacto existente até os dias atuais, entre o povo impuro e as entidades ancestrais.

Ainda conforme as tradições orais dos Tcho-Tcho, Nun-Kandi deixou Alaozar para peregrinar nas montanhas em busca de iluminação. Enquanto meditava ele teria sido cercado por inimigos e assassinado. A cabeça do feiticeiro foi decepada e enviada para a cidade de Sangpo onde foi fincada em uma lança e colocada sobre o portão da cidade para apreciação da população.

Consta que os habitantes da cidade comemoraram a derrota do temido feiticeiro, mas que durante os festejos a cidade teria sofrido a ira dos antigos. Alguns dizem que um terremoto varreu Sangpo da existência destruindo prédios e palácios, outros afirmam que uma doença infecciosa dizimou cada homem, mulher e criança da noite para o dia. Seja qual for a verdade, conta-se que quando não havia mais viva alma na cidade, o único som que se ouvia nas ruas desertas de Sangpo era a risada demoníaca da cabeça sobre o portão.

Os Tcho-Tcho teriam recuperado a cabeça e a levado para uma de suas aldeias onde ela passou a ser tratada com idolatria. Não se sabe em que circunstâncias o grotesco artefato teria sido perdido, contudo é fato que a cabeça resurgiu no início do século XX, quando pesquisadores da Universidade Miskatonic, trabalhando no Nepal a descobriram em escavações.

Em 1912 ela foi enviada para a América junto com dezenas de objetos recuperados na expedição. Ela é parte da Exposição Permanente do Museu da Universidade como um curioso item no acervo do Departamento de Estudos Orientais.

Poderes:



A Cabeça de Nun-Kandi é um artefato místico. Quando palavras mágicas são recitadas diante da cabeça descarnada um brilho efêmero surge onde antes existiam os olhos. Os lábios então começam a proferir palavras que a despeito de serem ditas em um idioma perdido são compreendidas perfeitamente por aqueles que a escutam. As palavras eivadas de maus agouros constituem uma narrativa medonha sobre os Antigos e segredos tão blasfemos que podem trazer a loucura.

Presenciar a cabeça descarnada falando tem um custo de 1/1d6 pontos de Sanidade na primeira vez que se testemunha a hedionda cena. A cada dez minutos ouvindo as parábolas da Cabeça de Nun-Kandi, o ouvinte perde 2d6 pontos de sanidade e ganha metade desse valor em Cthulhu Mythos (arredondando para baixo).
Um indivíduo deve tapar os ouvidos e deixar o recinto caso não queira receber esse dúbio benefício. A única forma de calar a cabeça é cobrindo-a com um tecido ou deixando-a sozinha.

Existe um detalhe insidioso quanto aos ensinamentos da Cabeça de Nun-Kandi, qualquer indivíduo que aprenda no mínimo 12% em Cthulhu Mythos com a narrativa do artefato desenvolve sensibilidade para emanações psíquicas das entidades dos Mitos. Aos poucos a pessoa começa a perceber a ação dos Mitos além do véu da realidade na forma de sussurros e alucinações que apenas ele é capaz de ouvir e ver. Tal experiência abre as portas a uma loucura cada vez mais profunda que invariavelmente conduz a ruína.

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