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Aos urros e berros ecoantes, com blasfêmias de todas as espécies e contra as divindades, os animais se contorciam de um lado para outro, sem o efeito esperado que o carro pudesse ser removido dali. O homem recorreu a todos os santos e demônios; por fim, gritou: “talvez quem pudesse nos ajudar, só mesmo o diabo!”. E o seu santo, naquela hora, passou a ser o demônio, já que não resolveram nada os demais santificados. Que surgisse, então, o demônio. Para resolver uma situação que se encontrava sem remédio.
Repentinamente, ouviu-se um barulho, com grande claridade e um pouco de fumaça. Lá estava “ele” sobre as toras amarradas na carroça atolada, lançava pela boca e olhos uma lasciva chama avermelhada e observava o carroceiro atônito. O carroceiro pôs suas mãos no bolso à procura de um rosário e encontrou somente fumo de rolo. Tentou se lembrar dos seus santos e recitava até orações nunca ouvidas! Mas nada resolvera. Ele, o diabo, continuava ali, sentado e indiferente ao homem que tentava agora se lembrar dos santos e dos desafios que fizera anteriormente contra a divina providência. Enquanto isso, como por encanto os bois lentamente saíram da lama e caminhavam com o peso, como que ajudados por alguma força diferente, invisível.
Essa história se espalhou pelo lugar. E o Diabo de Capanema permaneceu no folclore do lugar. Até hoje, alguns fazem troça, outros ignoram, os demais comentam com dedicação e curioso interesse. E foi assim que aconteceu; a figura ilusória e persistente na imaginação de muitos ficou, vagando por longos tempos.
Fonte: Aqui
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