Erva-de-passarinho ou visco é uma planta arbustiva hemiparasita das famílias Loranthaceae e Santalaceae, que pertence à Ordem das Santalales.Nativa em todas os continentes do mundo, parasita diversas espécies de árvores de grande porte.
As bagas de algumas espécies possuem propriedades medicinais e, por isso, a planta era utilizada como remédio para a epilepsia e distúrbios nervosos, para doenças cardíacas, hipertensão e para a digestão.
Na Europa, a planta está associada em algumas culturas às festividades do Natal, assim como o azevinho, ou ao renascimento, havendo uma lenda escandinava que diz que duas pessoas que se encontram debaixo de um visco devem se beijar para celebrar com amor a ressurreição de Balder, divindade da mitologia nórdica. Já os druidas a tinham como planta sagrada e sempre a colhiam no inverno, quando realizavam seus importantes atos religiosos.
Os antigos celtas acreditavam que o visco tinha poderes mágicos de cura e usavam-no como antídoto para veneno, infertilidade e para afastar espíritos maléficos. A planta também era vista como um símbolo de paz e dizem que entre os romanos, os inimigos que se encontravam embaixo de um visco baixavam suas armas e se abraçavam.
Shakespeare a cita no Ato I de sua peça Titus Andrônicus: "Superada pelo musgo e o maligno visco". De onde se depreende que, na tradição original, a função do visco seria algo como dissipar o mal-olhado que se dirigia à frente de casa. Reza a tradição moderna, cristã, que se duas pessoas se encontrarem ao mesmo tempo debaixo de uma rama de visco, devem trocar um beijo. Daí que em 1971 a cantora norte-americana Aretha Franklin tenha gravado uma canção de Natal intitulada Kissing by the Mistletoe (Beijando-se sob o Visco). Há em Afetivagem um texto, do escocês Edwin Morgan, que menciona - de passagem - a tradição do ramo de visco durante o ciclo natalino.
Entre outras propriedades, atribuía-se o poder para proteger e curar de forma mágica, além de suas virtudes para combater a arteriosclerose e pressão arterial.
Era considerado um símbolo de paz e um poderoso amuleto de proteção, além de um símbolo de masculinidade, ao contrário do azevinho, que era o símbolo da feminilidade. De acordo com uma velha superstição, colocava-se sobre o berço do bebê para evitar que as fadas o roubasse e substituísse por outro.
Há lendas que dizem que os seus poderes mágicos vêm do facto de ter sido criado com um elemento que não era do céu nem da terra, já que as suas raízes nunca tocam a terra, apesar de não se manter por si só no ar. Daí o costume de o colher sem permitir que caia ao chão e de pendurá-lo no teto.
Segundo o mito da colheita do visco, os cachos deviam ser cortados por um sacerdote druida na lua nova antes do solstício de inverno. Apenas um sacerdote druida do sexo masculino (não se tem provas legítimas de mulheres druidas) podia faze-lo e, para isto, uma pequena foice de ouro devia ser usada, não podendo deixar cair nenhum dos ramos sobre na terra. Utilizavam, para isto, panos estendidos sob a árvore, segurados por outros druidas, ou aprendizes, abaixo do ramo que seria cortado.
O visco há tempos vem sendo chamado de "erva-dos-druídas" e são raramente encontrados em carvalhos (a árvore dos druidas), o que dava mais valor ao visco dos carvalhos e enaltecia ainda mais sua coleta.
Lenda Indígena Sobre o Visco:
"Houve um tempo, que o visco crescia no solo como uma pequena planta arbustiva. Um dia, quando ele estava crescendo no chão, um pássaro sagrado, conhecido como "Pássaro de Fogo", o encontrou e começou a comer suas bagas. Depois de come-las, o pássaro agradeceu, e o visco educadamente respondeu: - "Estou feliz que você gostou dos meus frutos, mas não vou ficar aqui por muito tempo porque vou morrer em breve".
O pássaro abriu o seu bico vermelho e perguntou: "Por que você deve morrer, bela planta?"- e o visco respondeu - "Porque eu sou verde o ano todo. Meus frutos crescem no inverno, quando as bagas outros sumiram, muitos animais se alimentam delas, mas eles pisam em meus galhos e eles estão frágeis, por isso, não viverei por muito tempo." - então, o pássaro, com pena do visco, lhe disse - "Vou levá-lo do chão e colocá-lo onde os animais que andam sobre a terra não poderão mais pisotea-lo".
O sagrado pássaro levou o visco em seu bico forte, voou até o topo de uma alta árvore, e fixou suas raízes em um do galhos. Voltou ao chão, colheu um pouco de terra, subiu novamente, e embalou ao redor das raízes da planta.
"Agora você vai crescer aqui nesta árvore, e os animais não quebrarão mais seus galhos." - disse o pássaro - "Sim, eu vou crescer, mas minhas sementes cairão no chão e meus descendentes irão sofrer como eu!" - retrucou o visco.
O "Passaro de Fogo" limpou o longo bico e aderiu algumas das bagas do visco em outro galho e disse - "Viu? Eles vão brotar lá como você. E sempre que outras aves comerem os seus frutos, elas limparão seus bicos como eu, e suas sementes continuarão crescendo sobre os galhos". O visco, porém, teve que adaptar-se a viver sem a terra e continuou crescendo sobre as árvores. Servindo sempre como alimento aos mais diversos pássaros e obtendo deles a cooperação para perpetuar a sua espécie."
Hoje em dia os americanos têm o costume de se beijar quando se encontram ambos embaixo de um visco. Isso se deve talvez ao fato de que os escandinavos associavam tal planta com Frigga, a rainha do amor. Os que se beijavam embaixo do visco tinham a promessa de felicidade e sorte no ano vindouro.
Em geral o arranjo é disposto de forma arredondada e com fitas amarelas ou vermelhas - do tipo que se vê em cartões de Natal. Na falta do visco, as pessoas também usam ramos de pinheiro e azevinho. Esse costume de reverenciar o visco parece vir de tradições pré-cristãs, celtas, relacionadas a druídas e outras entidades.
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