MONTU
Montu é o deus da Guerra bastante primitivo dos egípcios e já aparece mencionado no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a. C.) e é citado nos Textos das Pirâmides.
Originalmente essa divindade estava ligada a Buchis, o touro sagrado adorado em Hermôntis que simbolizava o poder da fertilidade. No decorrer da XI dinastia (c. 2134 a 1991 a. C.) Montu recebeu um culto especial e vários soberanos adotaram o nome de Mentuhotepe (Montu está contente), incorporando, assim, o nome da divindade ao seu próprio nome. Em Hermôntis foi erguido um santuário dedicado ao deus, protetor da dinastia, e o deus e seu templo passaram a ser considerados como dos mais importantes da região tebana. Foi então, provavelmente, que se criou a personalidade guerreira da divindade. Vitórias conseguidas pelos reis eram atribuídas à força que Montu lhes proporcionava como senhor da guerra e de Tebas. No Império Novo (c. 1550 a 1070 a. C.) os faraós, belicosos que eram, faziam questão de se equiparar a esse deus, ressaltando que no decorrer das batalhas encarnavam a coragem e a força guerreira do deus Montu. Um templo a ele dedicado foi construído durante a XVIII dinastia no santuário de Karnak. Nessa época a divindade era representada com uma clava, um machado e um arco nas mãos e acreditava-se que o faraó fosse seu filho. No Terceiro Período Intermediário (c. 1070 a 712 a. C.) foi adorado em templos da Núbia com o nome de Uronarti.
A Egiptologa Elisabeth Delange nos explica que Montu era adorado sob duas formas animais:
A do touro — para exprimir sua função de deus “engendrador” e sob a forma de falcão — na qualidade de deus “regenerador”. E a autora prossegue: A personalidade solar de Montu abrange as virtudes guerreiras e agressivas da realeza. Ele passa por ter massacrado os inimigos do Sol. Também encarna o vigor e, patrono das armas, protege o faraó no combate. Foi ele, por exemplo, que protegeu Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) na guerra contra os hititas quando o faraó desgarrou-se de seu exército e foi cercado pelo inimigo na famosa batalha de Kadesh. Ao vangloriar-se de sua vitória nesse episódio, Ramsés II proclama:
Eu sou como Montu, eu lanço as flechas com o braço direito.
Eu sou como Montu, meu gládio é poderoso.
Eu sou como Montu em sua hora, quando seu ataque
se produz.
Vejo que as duas mil carruagens, no meio das quais me encontrava, foram despedaçadas após a passagem dos
meus cavalos.
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