Simurgh (em persa: سیمرغ), também grafado como simorgh, simurg, simoorg ou simourv, e também conhecido como Angha (em persa: عنقا), é o nome persa moderno para uma fabulosa, benevolente, e mítica criatura alada. A personagem pode ser encontrada em todos os períodos da arte e literatura Iranianas, e também é evidente na iconografia da Armênia medieval, no Império Bizantino, e em outras regiões que estavam dentro da esfera da influência cultural persa.
O nome Simurgh deriva do Persa Médio Pahlavi sēnmurw [3][4] (e anteriormente sēnmuruγ), também atestada no Persa Médio Pāzand como sīna-mrū. O termo Persa Médio, por sua vez, deriva de avéstico mərəγō Saēnō "o pássaro Saena", originalmente um raptor, provavelmente uma águia, falcão ou gavião, como pode ser deduzido do cognato sânscrito śyenaḥ "raptor, águia, ave de rapina" que também aparece como uma figura divina. Saēna é também um nome pessoal, que é raiz do nome.
Forma e função
O Simurgh é retratado na arte iraniana como uma criatura alada, na forma de um pássaro, gigante o suficiente para carregar um elefante ou uma baleia. Ele aparece como uma espécie de pavão com a cabeça de um cão e as garras de um leão, no entanto, às vezes também com um rosto humano. O Simurgh é inerentemente benevolente e evidentemente do sexo feminino. Sendo uma parte mamífera, ela amamenta seus filhotes. O Simurgh tem dentes. Ele tem uma inimizade com cobras e seu habitat natural é um local com água em abundância. Suas penas são descritas sendo da cor de cobre, e apesar de ter sido inicialmente descrita como sendo um cão-pássaro, mais tarde, mostrou-se tanto com a cabeça de um homem, quanto com a de cão.
"Si-", o primeiro elemento do nome, está relacionado na etimologia antiga ao respectivo Persa Moderno si "trinta". Embora este prefixo não esteja historicamente relacionado com a origem do nome Simurgh, "trinta" foi no entanto a base de lendas que incorporam esse número como, por exemplo, a de que o Simurgh era tão grande quanto trinta aves ou teve trinta cores (siræng).
Lendas iranianas consideram o pássaro tão velho que viu a destruição do Mundo por três vezes. O Simurgh aprendeu muito por viver tanto tempo e considera-se que possui o conhecimento de todas as Eras. Em uma lenda, afirma-se que o Simurgh vive 1.700 anos antes de mergulhar-se em chamas (muito parecido com a Fênix).
O Simurgh era considerado o purificador da terra e das águas e, consequentemente, concedia a fertilidade. A criatura representava a união entre a terra e o céu, servindo como mediador e mensageiro entre os dois. O Simurgh abrigava-se na Gaokerena, o Hom (avéstico: Haoma), Árvore da Vida, que fica no meio do mundo marítimo Vourukhasa. A planta, que é um potente remédio, é chamado de tudo-cura, e as sementes de todas as plantas são depositadas sobre ele. Quando o Simurgh levanta vôo, as folhas da árvore da vida sacodem fazendo todas as sementes de cada planta caírem. Estas sementes flutuam ao redor do mundo sobre os ventos de Vayu-Vata e as chuvas de Tishtrya, e segundo a cosmologia, enraizam-se para tornarem-se cada tipo de planta que já viveu, e curando todas as doenças da humanidade.
A relação entre o Simurgh e Hom e é extremamente íntima. Como o Simurgh, Hom é representado como um mensageiro e com a essência da pureza que pode curar qualquer doença ou ferimento. HOM é a essência da divindade, uma propriedade que partilha com o Simurgh. O Hōm vai além da condução de farr(ah) (Persa Médio: khwarrah, avéstico: khvarenah, kavaēm kharēno) "glória divina" ou "fortuna". Farrah por sua vez representa o Direito divino dos reis que era o fundamento da autoridade do rei.
Ele aparece como um pássaro, descansando sobre a cabeça ou os ombros de aspirantes a reis e clérigos, indicando a aceitação de Ormuzd do indivíduo como seu representante divino na Terra. Para o povo, Bahram envolve com a fortuna / glória "ao redor da casa do adorador, a riqueza em gado, como o grande pássaro Saena, assim como as nuvens carregadas cobrem as grandes montanhas" (cf Yasht 14,41,. As chuvas de Tishtrya) . Como o Simurgh, Farrah também está associado com as águas do Vourukasha (Yasht 19,51, .56-57). Em Yašt 12.17 a árvore de Simorgh (Saēna) fica no meio do mar Vourukaša, que é um potente medicamento chamado tudo-cura, e as sementes de todas as plantas são depositadas sobre ele.
No Shahnameh
O Simurgh fez a sua aparição mais famosa no épico de Ferdowsi, Shahname (Livro dos Reis), onde o seu envolvimento com o Príncipe Zal é descrito. De acordo com o Shahname, Zal, filho de Saam, nasceu albino. Quando Saam viu seu filho albino presumiu que a criança era prole de demônios e abandonou a criança na montanha Alborz.
O choro da criança foi levado aos ouvidos da compassiva Simurgh, que buscou a criança e a criou como se fosse sua. Zal foi ensinado com muita sabedoria pela amorosa Simurgh, que possui todo o conhecimento, mas o tempo passou e ele se transformou em um homem e ansiava para se juntar ao mundo dos homens. Embora a Simurgh estivesse muito triste, ela lhe deu três penas de ouro para que ele pudesse queimar se ele precisasse de sua ajuda.
Ao retornar a seu reino, Zal se apaixonou e se casou com a bela Rudaba. Quando chegou a hora de seu filho nascer, o parto foi longo e terrível; Zal estava certo de que sua esposa iria morrer no trabalho de parto. Rudabah estava perto da morte quando Zal decidiu convocar a Simurgh. A Simurgh apareceu e o instruiu sobre como realizar uma cesariana poupando Rudaba e a criança, que se tornou um dos maiores heróis persas, Rostam. Simurgh também aparece na história dos Sete Julgamentos de Esfandiar e na história de Rostam e Esfandiar.
No folclore Aziri
Simurgh também atende pelo nome de Zumrud (Esmeralda). Era um antigo conto sobre Malik Mammad, filho de um dos reis mais ricos do Azerbaijão. Esse rei tinha um grande jardim. No centro deste jardim havia uma macieira mágica que produzia maçãs todos os dias. Um gigante feio chamado Div decide roubar todas as maçãs, todas as noites. O rei enviou Malik Mammad e seus irmãos mais velhos para lutar contra o gigante. No meio deste conto Malik Mammad salva os bebês de Simurgh de um dragão. Simurgh em gratidão a Malik Mammad decide ajudá-lo. Quando Malik Mammad quer passar do Mundo das Sombras para o Mundo da Luz Simurgh pede-lhe para providenciar 40 carcaças de carne e 40 odres cheios de água. Quando Simurgh põe água na sua asa esquerda e carne na sua asa direita Malik Mammad é capaz de entrar no Mundo da Luz.
Na Poesia Sufi
Nas literaturas persas Clássica e Moderna a Simorg é freqüentemente mencionado, em especial como uma metáfora para Deus no misticismo sufi. No século 12 em A Conferência dos Pássaros, o poeta sufi iraniano Farid ud-Din Attar escreveu sobre um bando de pássaros peregrinos em busca da Simurgh. De acordo com o conto do poeta, a Simurgh tem trinta furos em seu bico e aspirava o vento através deles, sempre que ela estava com fome. Os animais ouviam uma música bonita e reuniam-se no pico de uma montanha, onde eram comidos pela Simurgh.
Através da assimilação cultural, a Simurgh foi introduzida ao mundo de língua árabe, onde o conceito foi confundido com outras aves míticas árabes como o Ghoghnus, um pássaro que tem uma relação mítica com a tamareira, e mais adiante com o Rukh ( a origem da palavra inglesa "Roc").
No Folclore Curdo
A palavra Simurgh é encurtada para Sīmīr na língua curda. O estudioso Trever cita dois contos curdos sobre o pássaro. Estas versões tem um fundo em comum com as histórias iranianas de Simorg. Em um dos contos, um herói salva os filhotes de Simurgh matando uma cobra que estava subindo na árvore para devorá-los. Como recompensa Sīmīr (Simurgh) lhe dá três de suas penas, que o herói pode usar para pedir por sua ajuda ao queimá-las. Mais tarde, o herói usa as penas, e Simurgh transporta-o para uma terra distante. Em outro conto, Simurgh leva o herói para fora do inferno; aqui Simurgh amamenta sua cria, um traço que coincide com a descrição da Simurgh no livro de Zdspram, do Persa Médio. Em outro conto, Simurgh alimenta o herói na jornada, enquanto o herói alimenta Simirugh com pedaços de gordura de ovelha.
Fontes
- Schmidt, Hanns-Peter (2003). «Simorgh» (PDF). Encyclopedia Iranica. Costa Mesa: Mazda Pub
- Ghahremani, Homa A. (1984). «Simorgh: An Old Persian Fairy Tale». Pasadena: Theosophical University Press. Sunrise magazine (June/July)
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