RELATOS DE UM AVENTUREIRO MALDITO...
Um templo tão imponente quanto obtuso, repleto de enigmas esfíngicos, armadilhas letais e restos daqueles que se atreveram a desbrava-lo. Confesso que sorri com tal pensamento, que pude apenas classificar como uma ousadia sem tamanho, tal qual a minha própria.
Encontrá-lo não foi como ir ao vilarejo mais próximo em busca da mais promissora mercante de arcanisses, nem de longe como passear pelos jardins do palácio imperial com a singela companhia que seu nobre soberano desposou e que só então eu deflorei. Não, meu caro companheiro de relatos, a fim de encontrar este lugar precisei aprender a vislumbrar o imponderável, realinhar estrelas e astros, sacrificar aliados e desvendar os mistérios que há muito pereceram junto a raça a qual nossos ancestrais costumavam atribuir aspectos divinais.
Romper o selo arcano foi o desafio com o qual me deparei quando finalmente atravessei o portal que me levou a tão magnânima edificação. As portas colossais jamais se abriram àqueles que... (trecho perdido do pergaminho)
... meus passos ecoam pela escuridão que assola esta câmara suprema e potencialmente nefasta a qualquer criatura que se atreva a percorrê-la, exceto a mim.
A cada nova batida de meu coração, que há muito foi transformado em pedra e que ainda assim inacreditavelmente insiste em bater, sinto o poder das forças primordiais a tomar-me. Nada se compara a isso, meu caro companheiro de relatos e inimigo de batalhas e convicções.
(Trechos com escritas ancestrais incompreensíveis aos viventes)
Sei que a cada nova página destes relatos confusos, o deixo ainda mais desorientado, mas não esmoreça, meu bravo nêmeses. Desta vez, o mundo precisa de fato ser salvo. Já não serei capaz de controlar quaisquer de meus mais perniciosos instintos em poucos dias, eu que nunca fui de medir as consequências de minhas vis ambições, suplico a ti, sempre o mais destemido e irritante ser existente, para que desta vez não hesite, ainda que minhas palavras lhe causem calafrios e lhe soem como um convite à morte certa.
Incubbus
Arte: Matthew Stewart
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