HASTUR - Mythos de H.P. Lovecraft
Hastur é classificado pelos estudiosos do Mythos de Cthulhu como um dos mais poderosos Grandes Antigos.
Assim como os outras divindades ancestrais, Hastur é suscetível ao poder cósmico que o mantém aprisionado no coração de uma estrela negra próxima ao Sistema de Aldebaran, na constelação de Touro. Há controvérsia a respeito de sua origem. Alguns o consideram uma entidade cósmica, gerada através de um dos movimentos cíclicos de Azathoth no centro do Universo. Para outros a origem de Hastur poderia ser traçada até alguma realidade paralela ou dimensão pouco conhecida, da qual ele escapou ou foi ejetado incontáveis milênios atrás.
Hastur se relaciona a várias simbologias e lugares, nomes como Carcosa, o críptico Símbolo Amarelo, o Lago de Hali, e o Rei Amarelo são repetidos exaustivamente dentro de sua mitologia e fazem parte de um bem definido conjunto de ethos e princípios dogmáticos. De todas as entidades do Mythos, Hastur talvez seja o que mais se aproxime de constituir uma religião organizada. O Deus está ligado a princípios como niilismo, decadência e estagnação.
No passado, ele foi venerado por humanos na Samaria, Attluma e Hyboria. Seus cultistas se reuniam para ouvir as palavras de sacerdotes que professavam uma espécie de evangelho conhecido como "Verdades do Impronunciável". Ironicamente, Hastur atendia também pelo nome de Kaiwan, o deus patrono dos pastores, peregrinos e viajantes que era considerado benigno. O culto existiu na Atlântida Antediluviana e chegou até a Hyperborea, embora não tenha conseguido penetrar nesses lugares e garantir um grande número de adeptos.
Muitos povos consideravam o culto de Hastur particularmente abominável, mesmo quando comparado ao de outros Antigos. Seus rituais mais importantes envolviam complexos sacrifícios humanos utilizados para contatar ou mesmo invocar o deus fisicamente a um de seus templos. Decapitações, desmembramento e a castração estavam entre os ritos praticados pelos sacerdotes.
Os seguidores costumam se reunir para os ritos mais importantes quando Aldebaran está nos céus (entre Outubro até Janeiro, desaparecendo por vezes em fevereiro). Os templos de Hastur, possuem uma configuração semelhante, em geral são a céu aberto e contam com nove monólitos de pedra cortados em forma de V e entalhados com runas ligadas a princípios celestiais. Os monólitos são dispostos em arco e quando um ritual é realizado diante deles, normalmente acende-se uma grande fogueira, onde os cultistas queimam incenso. Fogo, fumaça e luz parecem desempenhar um importante papel nas celebrações. O uso de poeiras alquímicas faz com que esses elementos assumam uma coloração amarela doentia vital para a identidade simbológica do culto. A música também é essencial: cítaras, címbalos, flautas e até trombetas fazem parte dos ritos. No passado artistas eram trazidos para o seio do culto, bem como dançarinos, derviches e acrobatas.
Na Mesopotâmia e na Babilônia, o culto de Hastur (conhecido como Xastur) se enraizou tornando-se popular entre a nobreza decadente até ser expurgado. Os Fenícios também cortejaram Hastur sob o nome Assatur, Deus dos viajantes, mas seus seguidores foram perseguidos e banidos. Dentre as raças não humanas, os Tcho-Tchos e o povo de K'n-yan são os principais seguidores da entidade. Eles o veneram como o Peregrino Branco e a Máscara Amarela, respectivamente.
No que diz respeito a humanidade, o culto de Hastur perdeu considerável espaço para outras divindades como Cthulhu, Nyarlathotep e Shub-Niggurath ao longo das eras. De fato, após a Idade Antiga, o culto de Hastur mergulhou em frequentes períodos de estagnação chegando quase a desaparecer por completo.
Mas de alguma forma, o Olho de Hastur por vezes se volta para terra e ganha foco, sua influência então multiplica-se em seguidores. O maior e mais importante culto dedicado a ele é a Irmandade do Símbolo Amarelo que congrega cultistas em várias regiões do planeta: China, Tibet, Afeganistão e India são os maiores centros de adoração, mas sabe-se da existência de grupos dedicados agindo na Rússia, no Sudeste Asiático, no México e no Peru. Por algum tempo, a França também foi uma sede importante, sobretudo devido a proliferação do tomo "The King on Yellow" (O Rei Amarelo) editado naquela nação.
Em adição aos cultos humanos, Hastur é servido por raças alienígenas, em especial a espécie interestelar conhecida como Byakhee. Essas monstruosidades aladas servem fielmente ao Deus, mas não são eles próprios cultistas ou devotos. Estudiosos supõem que os byakhees são servos de Hastur, talvez escravos condicionados a servidão por algum pacto firmado.
Alguns entendem que outro Grande Antigo, Itaqua também é um servo de Hastur. As relações de Hastur e de seus seguidores diante de outras raças é tumultuada, para dizer o mínimo. Os Mi-Go possuem uma longa e tempestuosa relação com cultistas de Hastur, sendo atacados de tempos em tempos, torturados e coagidos. O mesmo ocorre com membros e agentes da Grande Raça de Yith, muitas vezes capturados para revelar seus segredos. Os Habitantes da Areia, uma raça não humana, também seguiu os preceitos de Hastur em algum momento de sua existência, mas aparentemente esta devoção foi abandonada. Há um vínculo existente entre Hastur e Shub-Niggurath. Alguns tomos afirmam textualmente que essas duas entidades em algum momento cruzaram gerando a terrível semente dos Milhares de Jovens, as crias que servem a Cabra Negra. Cthulhu por sua vez possui uma relação conturbada com Hastur, nas ocasiões em que seus servos se encontraram várias vezes o resultado foram lutas e destruição. Essa relação conflituosa se transferiu também para disputas entre os cultos de Hastur e Cthulhu que se enfrentaram em várias ocasiões. É possível até que o Culto de Hastur jamais tenha se estabelecido na África por resistência das várias facções de Cthulhu nesse continente.
O nome de Hastur é considerado sagrado e constitui um tabu repeti-lo em voz alta. Nos tempos antigos, indivíduos incautos foram assassinados simplesmente por proferir o nome, criando o mito de que o próprio Deus era invocado e eliminava aquele que o fazia. Entre muitos seguidores existe a crença de que proferir o nome de Hastur pode atrair a fúria do Deus ou até causar a ruína daquele que incorre nessa transgressão. No secto indiano, conhecido como "Os Silenciosos" os seguidores tem a língua ou as cordas vocais removidas logo depois de clamar uma única vez por Hastur como se implorassem uma sua benção. No culto estabelecido no Afeganistão, aqueles que mencionam o nome de Hastur são vítimas de assassinos cuja função é purificar o mundo daqueles que proferiram o nome sagrado. Em virtude desse tabu, Hastur atende pelos epítetos de "O Impronunciável" e "Aquele que não deve ser nomeado".
Existem, no entanto, certos rituais, sobretudo de invocação, em que o nome blasfemo de Hastur é clamado em voz alta para abençoar, amaldiçoar ou ativar magias especialmente poderosas. Esses ritos são executados raramente e apenas os cultistas no topo da hierarquia ousam fazê-lo.
Vigora uma grande confusão a respeito da aparência física de Hastur.
Nas ocasiões em que ele é invocado materialmente, manifesta-se como uma enorme massa de carne amarelada e pustulenta, destituída de ossos ou uma estrutura corpórea fixa. Essa massa é maleável, assumindo diferentes aspectos que logo em seguida se desmancham como se fossem feitos de argila ou lama. O ser amorfo tem mais de 100 metros de comprimento e gera um brilho próprio de coloração amarelada fosforescente. Hastur costuma gerar membros e apêndices, mais ou menos humanoides que se formam e desfazem conforme sua necessidade premente. Em alguns casos, Hastur também pode criar uma cabeça dotada de inúmeros olhos, bocas e ouvidos, usados para sondar seus arredores.
Mas nem sempre essa é a forma escolhida por Hastur. Ele também pode assumir a forma de um imenso monstro reptiliano bípede, com mais de trinta metros de altura. Essa abominação de cor verde-amarelada possui uma cabeça oculta por centenas de tentáculos serpenteantes. A entidade costuma assumir essa forma quando planeja destruir ou punir alguma transgressão grave. Nessa forma, ele é frequentemente tomado por uma fúria assassina que resulta em grande devastação.
Há também ocasiões em que Hastur assume a forma de um imenso olho amarelo (o Olho de Hastur) que surge em meio a uma nuvem multi-cromática. Essa forma de Hastur tende a surgir quando a divindade recebe sacrifícios ou quando Aldebaran está em seu ápice.
Além dessas formas específicas, Hastur possui uma dezena de avatares sendo inegavelmente o mais conhecido o Rei Amarelo - sobre o qual falaremos depois. Para alguns teóricos do Mythos, o Rei Amarelo é tão importante que muitos o tem como uma forma diversa de Hastur, quase uma divindade à parte.
De acordo com algumas fontes, Hastur não seria uma entidade consciente e sim uma força de entropia pura, um princípio cósmico que se contrapõe à ordem e a normalidade e que se alia a destruição cósmica pura e simplesmente. Essa "Destruição da Ordem" se manifestaria em todos os níveis do sub-atômico até o cósmico, com uma influência se estendendo a todos os níveis da realidade. O Deus representaria a completa anátema à criação, seria uma força caótica contrária ao princípio germinador cósmico. Ele é a destruição inominável, aquela que devasta as coisas de dentro para fora, agindo de modo sutil, como um câncer dedicado apenas a corroer a matéria constitutiva da criação. Em sua presença nada poderia existir, perante suas trevas abissais, tudo seria deterioração e corrupção sem retorno.
Se essa noção é verdadeira, Hastur teria poder sobre os próprios princípios constitutivos do universo, o que o alçaria ao posto de uma das entidades mais poderosas do cosmos. Nesse contexto, ele poderia ser um Deus Exterior com poder equivalente a Nyarlathotep ou mesmo Azathoth. Aliás, uma corrente de pensamento teoriza que Hastur poderia ser um avatar do próprio Azathoth, assumindo de alguma maneira uma forma senciente.
Contudo, não são todos os tomos que defendem essa visão extremamente aterrorizante.
Para todos os efeitos, Hastur é uma entidade imprevisível cuja potência e amplitude não podem ser sequer contextualizadas pelas frágeis mentes humanas. Não obstante, há aqueles que rastejam diante dele buscando seus favores e que se sujeitam a ele, encontrando somente a obliteração.
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