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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Mitologia Grega: OS 12 Trabalhos de Hercules

OS XII TRABALHOS DE HERÁCLES (Hércules)

Alcmena era esposa de Anfitrião. Quando seu marido estava na guerra, Zeus tomou a sua forma para fazer amor com Alcmena. Anfitrião desconfiou da infidelidade da esposa, e no fim, Zeus esclareceu-lhe tudo. Mas, surpreendentemente, Anfitrião ficou contente e honrado com a presença do deus em sua casa. A partir daí, o termo anfitrião passou a ter o sentido de "aquele que recebe em casa". Daquela noite de amor nasceu o semi-deus Hércules (ou Héracles, em grego).O nascimento de Hércules provocou a ira de Hera, a ciumenta esposa oficial de Zeus, que mandou duas serpentes matarem o recém-nascido fruto do adultério. Este, porém, sem grande esforço, estrangulou as cobras, mostrando desde cedo possuir uma força descomunal. Hércules cresceu, mas Hera continuou a persegui-lo e usou seus poderes para provocar um acesso de loucura no herói, que acabou matando a própria esposa, Mégara, e os filhos, ateando fogo na própria casa. Quando Hércules recuperou a razão, procurou o Oráculo de Delfos - o mais famoso templo de consulta às divindades gregas - para buscar orientação sobre como enfrentar a tragédia.O Oráculo mandou-o se entregar em servidão a Euristeus, rei da cidade de Micenas, que ordenou a realização das 12 famosas tarefas. Os 12 trabalhos foram realizados para que Hércules se redimisse das mortes que cometeu.  Conheça as 12 tarefas colossais realizados pelo herói.


1. O LEÃO DE NEMÉIA
Um gigantesco leão aterrorizava a população da região de Neméia, assustando e matando gado e pessoas. Como o animal se entocava em uma caverna com duas saídas, era muito difícil aproximar-se dele. Os caçadores da região pediram ajuda ao rei Euristeu, pois o animal havia se revelado invulnerável às suas armas. O rei enviou Hércules para aquele que seria o seu primeiro trabalho: exterminar o leão de Neméia. O herói fechou uma das saídas da caverna, obrigando o animal a abandoná-la pelo outro lado. Hércules, que o aguardava, desferiu-lhe um violento golpe com sua clava e ao perceber que o animal ficara tonto, em rápida ação, montou sobre ele e o estrangulou até a morte. Hércules decepou uma das garras do leão e com ela conseguiu arrancar a dura pele o animal, passando a usar o seu resistente couro como uma capa protetora. 
Outra versão: 
Filho de Equidna e de Ortro, irmão da Esfinge de Tebas, o leão era de tamanho descomunal e ainda por cima invulnerável. Devastava a região de Neméia, perto de Micenas e de Corinto, e devorava rebanhos e pessoas do lugar. Euristeu mandou Héracles acabar com o monstro.
Héracles primeiro tentou atingir o gigantesco leão com a clava e depois com as flechas, sem sucesso. Com súbita inspiração, encurralou-o em seu próprio antro, atacou-o diretamente, prendendo-o em seus braços, e apertou até o monstro morrer asfixiado. Morto o leão, Héracles esfolou-o com as próprias garras e passou a vestir a pele invulnerável, daí em diante uma de suas "marcas registradas".
Em Neméia, Héracles recebeu a hospitalidade de um camponês pobre, Molorco, cujo filho havia sido morto pelo leão, e que forneceu ao herói seu único carneiro para que ele, em agradecimento, fizesse um sacrifício a Zeus. Nesse local, Héracles instituiu em honra de seu pai os Jogos Nemeus.
De acordo com algumas versões tardias, Hera colocou o leão nos céus, formando uma das constelações do zodíaco (Leo, a Constelação do Leão, entre Cancer, a oeste, e Virgo, a leste).


2. A HIDRA DE LERNA

A Hidra de Lerna era uma serpente colossal que amedrontava a região de Lerna, no Peloponeso, destruindo rebanhos e plantações. A Hidra possuia nove cabeças, sendo que a  do meio era imortal. Hércules planejou livrar-se dela degolando as suas cabeças, mas cada vez que ele decepava uma, duas nasciam no lugar. Para levar a termo o seu trabalho, ele contou com a ajuda de seu fiel amigo Iolaus. Para evitar o contínuo ressurgimento, Hércules as decepava e Iolaus cauterizava com fogo o local impedindo o aparecimento das novas cabeças. Após eliminar todas as mortais, Hércules levantou um enorme rochedo para enterrar a cabeça imortal, quando Hera mandou um enorme caranguejo para impedí-lo, mas o herói apenas o esmagou com um dos pés e conseguiu concluir o seu trabalho. Iolaus ateou fogo ao reduto do monstro queimando seus restos, evitando assim que ela pudesse ressurgir. Por fim, Hércules banhou suas flechas no sangue da Hidra para que ficassem envenenadas.
Outra versão: 
A Hidra era uma serpente gigantesca e de muitas cabeças, que aterrorizava a região de Lerna, na Argólida. Filha de Equidna e Tífon, tinha por irmãos Cérbero, o cão do Hades; Ortro, o cão monstruoso de Gérion, e a Quimera. A picada da Hidra era extremamente venenosa e contra o veneno não existia antídoto. Quando uma cabeça era cortada, outra nascia em seu lugar, e além disso uma delas era imortal.
Héracles atacou-a com o auxílio do sobrinho Iolau, filho de seu meio-irmão Íficles. A cada cabeça decepada, a ferida era cauterizada com o fogo de um archote, impedindo assim que voltasse a nascer. A última cabeça, que era imortal, foi colocada em um profundo buraco, em cima do qual Héracles ainda pôs uma enorme pedra.
Durante a luta, Hera enviou um gigantesco caranguejo para atrapalhar o herói, mas ele simplesmente esmagou-o com o pé. Morto o monstro, Héracles embebeu a ponta de suas flechas no sangue da Hidra, tornando-as para sempre venenosas.
Em versões tardias, a Hidra e o caranguejo foram colocados entre as estrelas, formando duas constelações vizinhas, respectivamente Hydra e Cancer. Hydra é a maior das 88 constelações conhecidas atualmente, e já estava presente no catálogo estelar de Ptolomeu.

3 - JAVALI DE ERIMANTO
Um javali aterrorizava as vizinhanças do monte Erimanto. Enorme e feroz, ele matava quem cruzasse seu caminho. A tarefa era capturá-lo vivo. Ao fatigá-lo após persegui-lo durante horas, o animal foi cercado e dominado por Hércules. Euristeu, ao ver o animal no ombro do herói, teve tamanho medo que foi se esconder dentro de uma ânfora de bronze.
Outra Versão: 
Esse javali se escondia no Monte Erimanto, situado no extremo noroeste da Arcádia, de onde atacava e devastava as vizinhanças, matando muita gente. Era gigantesco e de grande ferocidade mas, conforme as ordens de Euristeu, tinha de ser capturado vivo.
No caminho para Erimanto, Héracles hospedou-se na casa do centauro Folo. Filho de Sileno e de uma ninfa melíade, ele era um centauro amigo dos homens. Os demais, ao contrário, descendendiam de Íxion e da nuvem e se comportavam de forma intempestiva e selvagem.
Folo abriu um odre de vinho em homenagem ao amigo. Os outros centauros, que viviam por perto, sentiram o forte odor da bebida e um bando deles atacou a casa de Folo em busca do vinho, armados de grandes pedras e galhos de árvore. Ameaçado, Héracles enfrentou-os e matou todos a flechaços; infelizmente, seu amigo Folo machucou-se acidentalmente na ponta de uma flecha embebida no sangue da Hidra e também morreu.
Após o funeral de Folo, Héracles localizou o javali e encurralou-o em um campo de neve. Depois de cansá-lo, dominou-o e levou-o a Euristeu. O herói, que não estava lá de muito bom humor com tudo o que acontecera, foi entrando no palácio com javali e tudo. Conta-se que o rei de Micenas assustou-se tanto com o aspecto do monstro que correu a se esconder dentro de um enorme vaso ...

4 - CORÇA CERINÉIA
Alcançou correndo a Corça de Cerínia, um animal lendário, com chifres de ouro e pés de bronze. A corça, que corria com assombrosa rapidez e nunca se cansava, era Taígete, ninfa que foi transformada no animal por Ártemis, para fugir da perseguição de Zeus. Como ela tinha uma velocidade insuperável, Hércules a perseguiu incansavelmente durante um ano até que um dia, exausta, a corça parou para beber água num riacho, foi quando Hércules aproveitou a oportunidade e lançou uma flechada certeira que atingiu a corça na pata dianteira. Berrando de alegria, finalmente aprisionou-a e estava levando-a para Euristeu quando se encontrou com Ártemis, que estava muito zangada e ameaçou matá-lo pelo atrevimento em capturar o animal que lhe era consagrado; mas o herói explicou que foi obrigado a fazer isso, botando toda a culpa em Euristeu, então a deusa concordou em deixar Hércules levar o animal, com a condição que Euristeu o libertasse logo que o tivesse visto.
Outra Versão:
A corça vivia no Monte Cerineu, entre a Arcádia e a Argólida. Tinha chifres de ouro e pés de bronze, era extremamente veloz, nunca se cansava e pertencia à deusa Ártemis, a quem fora consagrada.
Héracles tinha de capturá-la viva, e perseguiu-a durante um ano; segundo Píndaro, perseguiu-a até o país dos Hiperbóreos, isto é, até os confins do mundo conhecido. O herói conseguiu finalmente alcançá-la quando ela atravessava um rio, na Arcádia. Algumas versões da lenda contam que ele retardou a corça ferindo-a levemente com uma flecha, o que não é muito verossímil: o veneno da Hidra não falhava nunca...
No retorno a Micenas encontrou-se com Ártemis e Apolo, seus meio-irmãos, ambos bastante irritados com a captura da corça. Héracles mostrou-lhes que o animal estava vivo e bem, e ponderou que tinha agido por ordem de Euristeu e, indiretamente, de Hera, esposa de Zeus e rainha dos deuses. Com isso, desconversaram e deixaram-no ir em paz.

5 - AVES DO ESTÍNFALE
Tratava-se de um pântano, que estava sendo assolado por aves negras que possuíam asas, garras e bicos de ferro. O herói, primeiramente usou um címbalo (antigo instrumento de música) para atraí-las e começou a tocá-los, e imediatamente inúmeras aves surgiram acima do pântano, bloqueando a luz do sol, transformando o dia em noite. Então Hércules, acendeu uma tocha e chamou a atenção das aves, que começaram a descer violentamente contra ele, então o herói pôde atingir várias delas com suas flechas venenosas e espantar as restantes para países longíquos.
Outra Versão:
Essas aves eram enormes, muito numerosas e escondiam-se em um bosque às margens do Lago Estínfale, no extremo norte da Arcádia (ou no sul da Acaia); verdadeira praga, devoravam constantemente os frutos e as colheitas da região. Algumas versões relatam que atacavam também os homens, e eram capazes de lançar as afiadíssimas penas contra os inimigos.
Héracles foi incumbido de matar as aves. A maior dificuldade, porém, consistia em tirá-las do bosque. O herói recebeu então, da deusa Atena, um par de címbalos de bronze, confeccionados pelo deus Hefesto; sem aproximar-se muito, vibrou os címbalos com toda sua força.
O barulho produzido foi tão intenso que as aves abandonaram desordenadamente o bosque e o herói abateu-as então, sem dificuldade, com suas flechas. Em uma curiosa versão, encontrada em um vaso, ele teria usado uma espécie de funda.

6 - CAVALARIÇAS DE ÁUGIAS
Áugias, rei da Élida, tinha grandes rebanhos de cavalos mas não cuidava de seus estábulos, que acumularam uma colossal quantidade de estrume ao longo dos anos, que exalavam um cheiro mortal. Hércules conseguiu lavá-los num só dia, usando a água de dois rios, cujo cursos desviou com sua força.
Outra Versão:
Augias, rei da Élida, era filho do deus Hélio e possuía grandes rebanhos de gado (ou de cavalos, conforme a versão). Ele não cuidava, porém, de seus extensos estábulos, e ao longo de muitos anos enorme quantidade de estrume foi se acumulando. Apesar de ter sido incumbido por Euristeu de limpar os estábulos, Héracles combinou antes um pagamento com Augias e Fileu, um dos filhos do rei, testemunhou o acordo. O mau cheiro era tão intenso que não permitia a aproximação de ninguém; mas o herói desviou o curso dos rios Alfeu e Peneu na direção dos estábulos e, em apenas um dia, a forte correnteza limpou todo o estrume acumulado. Augias, no entanto, se recusou a efetuar o pagamento combinado, alegando que Héracles servia Euristeu, e não a ele. Héracles invocou o testemunho de Fileu diante dos juízes, e o rapaz honestamente confirmou o combinado entre seu pai e o herói. O rei, porém, encolerizado, não pagou o que devia e ainda expulsou Héracles e o próprio filho da Élida.
Augias desfrutou algum tempo da sua vitória, pois o herói tinha de terminar os outros "trabalhos" para Euristeu. Na primeira oportunidade, porém, Héracles organizou um exército de voluntários, derrotou o rei, matou-o e colocou Fileu no trono da Élida. Conta-se que, quando se dirigia para a Élida, Héracles passou pela Arcádia e engravidou Auge, filha do rei Aleu, que deu à luz o herói Télefo.
Alguns mitógrafos relatam que um primeiro exército organizado pelo herói foi derrotado, graças aos Moliônidas (Êurito e Ctéato, dois irmãos gêmeos, filhos de Actor, irmão de Augias), e que seu irmão Íficles morreu na luta. Héracles, depois de matar os Moliônidas, organizou uma segunda expedição e só então Augias e seus aliados foram finalmente vencidos. Em algumas versões, Héracles teve que armar uma emboscada para vencer os Moliônidas, mas isso não condiz com os demais episódios de sua lenda e deve ser encarado com muitas reservas. Pode tratar-se, simplesmente, de uma tradição local incorporada ao mito do herói.
Em algumas versões, Héracles fundou os jogos olímpicos na Élida, em homenagem a Zeus, logo após a expedição contra Augias.

7 - TOURO DE CRETA
Poseidon, o senhor das águas, ofereceu a Minos, rei da ilha de Creta, um belíssimo touro branco, o qual se tornou furioso porque o rei não o ofereceu em sacrifício ao deus.  O touro devastava os campos da região e Hércules foi até lá para dominá-lo. Após controlar o touro, Hércules não só capturou-o como, montado no animal, levou-o até Euristeu.
Outra Versão:
O rei de Creta, Minos, era também filho de Zeus e possuía um touro enorme e belíssimo, saído do mar, que prometera sacrificar a Posídon. Mas o rei voltara atrás e o deus se vingou enlouquecendo o touro, que havia escapado e agora, furioso, devastava os campos de Creta.
Héracles precisava levar o animal vivo para Micenas e pediu a permissão de Minos. O rei concordou e aceitou que o touro fosse levado a Euristeu, mas recusou-se a ajudar o irmão e ainda impôs a condição de que o capturasse sozinho, "se fosse capaz".
Nenhum problema: o herói pegou literalmente o touro à unha e, de quebra, transportou-o a nado da ilha de Creta até o Peloponeso — uma pequena travessia de 100 km...
Héracles apresentou o touro a Euristeu, que tentou sacrificar o animal a Hera, mas a deusa não o aceitou. O rei então soltou-o e o touro, depois de causar estragos no Peloponeso, fugiu para a Ática e foi posteriormente dominado pelo herói ateniense Teseu.

8 - ÉGUAS DE DIOMEDES
Desta vez Hércules deveria ir até Diomedes, filho de Ares e rei da Trácia, para domesticar seus terríveis cavalos carnívoros que soltavam fogo pela boca. Como todo filho de Ares, Diomedes era um homem cruel, e tinha como principal diversão, lançar qualquer estrangeiro para servir de alimento aos seus cavalos, mas para Hércules isto nada representava. O herói seguiu em direção a Trácia, chegando lá procurou por Diomedes, que de imediato lançou os cavalos contra Hércules, mas ele capturou os animais e, notando que estavam famintos, serviu-lhes Diomedes como refeição.
Outra Versão:
Diomedes era um dos filhos de Ares e rei dos bistônios, povo não grego que vivia na Trácia, ao norte da península balcânica. Possuía quatro éguas (cavalos, em algumas versões) ferozes, carnívoras e antropófagas, que alimentava com os estrangeiros que apareciam em suas terras. Euristeu ordenou e Héracles foi buscá-las.
Interlúdio: Admeto e Alceste
A caminho da Trácia, o herói fez uma pausa para encontrar Admeto, rei de Feras (Tessália), antigo companheiro da época dos Argonautas. Esse rei, algum tempo antes, tivera o privilégio de ter o próprio Apolo sob suas ordens, guardando os rebanhos. Apolo havia sido castigado por Zeus, depois de matar alguns dos ciclopes em represália à morte de seu filho Asclépio.
Apolo afeiçoou-se a ele, e obtivera das Moiras que elas teceriam mais um fio para Admeto, quando ele morresse, caso alguém concordasse voluntariamente em substituí-lo. O tempo foi passando e quando chegou a hora da morte do rei, a única pessoa que se ofereceu para substituí-lo foi Alceste, sua amada esposa. Admeto descabelou-se, chorou, gritou, lamentou, rasgou as vestes... mas aceitou.
Quando Héracles apareceu inesperadamente no palácio de Admeto, os funerais de Alceste já estavam em andamento. O rei, porém, conversou com o amigo alegremente e fingiu que nada havia acontecido, pois não queria perturbá-lo. À vontade, Héracles comeu e bebeu até cansar e se tornou um tanto buliçoso; acabou, porém, percebendo que ninguém acompanhava sua alegria e forçou um dos serviçais a contar o que estava acontecendo.
Horrorizado com seu comportamento, o herói não pensou duas vezes. Emboscou Tânato, a morte personificada, que viera buscar Alceste, enfrentou-o e venceu-o. Alceste, desse modo, pôde retornar ao mundo dos vivos.
De volta ao trabalho
Héracles continuou a viagem para a Trácia e, ao chegar, invadiu o palácio de Diomedes, dominou os serviçais, matou os guardas, capturou Diomedes e se apoderou das ferozes éguas. Ia já levar todas a Euristeu, quando percebeu que as éguas estavam realmente muito famintas. Seus bons sentimentos provavelmente haviam sido estimulados na aventura com Admeto, Alceste e Tânato: sensibilizado com o sofrimento dos pobres animais, serviu-lhes o próprio Diomedes.
Héracles era indubitavelmente temperamental e violento mas se vê que, no fundo, bem no fundo, tinha bom coração...
Em Micenas o herói entregou as éguas antropófagas a Euristeu que, amedrontado, mandou soltar os monstros. Tempos depois elas foram finalmente devoradas por lobos selvagens, quando passavam perto do Monte Olimpo.

9 - CINTO DE HIPÓLITA
Hipólita é a rainha das amazonas -  tribo de mulheres guerreiras descendentes de Ares e que odiavam os homens. Grandes guerreiras, desde meninas elas cortam um dos seios para melhor manejar o arco e flecha. Hipólita tinha um belo cinturão que lhe fora dado pelo seu pai Ares. O nono trabalho de Hércules era obter esse cinturão, desejado por Admete, filha de Euristeu. Hipólita, seduzida pelo belo e musculoso héroi lhe entrega o objeto (em outra versão, o cinturão é obtido depois de Hércules ter raptado a irmã de Hipólita, Menalipe, pedindo o cinturão como resgate). Mas a velha inimiga de Hércules, Hera, disfarçada como amazona, incita as mulheres a atacar Hércules fazendo correr o boato de que este está lá para raptar a sua rainha. A deusa consegue cegar de raiva as mulheres e começa uma batalha feroz e sangrenta contra os heróis. Hipólita tenta intervir, mas a ira e o tropel dos cavalos atrapalham suas ordens. As Amazonas, então, atacam-no e o herói, para conseguir fugir com o cinto, teve de matar todas elas.
Outra Versão:
As amazonas, poderosas e belicosas mulheres guerreiras que já haviam enfrentado o herói Belerofonte, viviam na mítica Temiscira, próximo ao Ponto Euxino (Mar Negro).
A rainha das amazonas, Hipólita, recebera de Ares um precioso cinto, cobiçado pela filha de Euristeu, sacerdotiza de Hera. O rei de Micenas encarregou Héracles de trazer o cinto de Hipólita, e o herói embarcou para Temiscira junto com Teseu, Télamon, Peleu e outros companheiros.
Héracles já havia convencido a rainha Hipólita a ceder-lhe amistosamente o cinto, quando a deusa Hera, disfarçada, incitou as amazonas à luta. Na batalha que se seguiu as Amazonas foram derrotadas, e Héracles conseguiu o cinto. Segundo algumas versões, a rainha Hipólita morreu durante a luta, atingida pelo próprio Héracles.
Na viagem de volta, Héracles passou por Troia, onde o rei Laomedonte estava com um sério problema. Apolo e Posídon, há algum tempo, haviam construído as muralhas da cidade e, diante da recusa do rei em pagar seus serviços, enviaram, respectivamente, uma peste e um monstro marinho contra a cidade.
Quando Héracles chegou, a princesa Hesíone estava a ponto de ser sacrificada ao monstro para aplacar os deuses. Héracles se comprometeu a salvar a princesa, em troca de um pagamento, e efetivamente matou o monstro. Mas Laomedonte, mentiroso contumaz, se recusou a pagar o que prometera e ainda expulsou o herói e seus companheiros da cidade.
Héracles nada pôde fazer naquele momento; sua memória, porém, era excelente. Anos depois, já livre dos trabalhos e da servidão junto a Ônfale, voltou com os amigos e um exército. Ajudado principalmente por Télamon, rei de Salamina, conquistou a cidade, matou Laomedonte e também todos os seus filhos. Apenas Príamo, o mais novo, foi poupado, em virtude das súplicas de Hesíone. E Télamon recebeu Hesíone das mãos do próprio Héracles.

10 - BOIS DE GERIÃO
Gerião era um gigante, com três corpos em um único par de pernas e possuía um numeroso rebanho de bois, que eram guardados por um pastor monstruoso, Eurítion, e seu cão de duas cabeças, Orto. Hércules facilmente matou a dupla, mas foi surpreendido por Gerião. Porém isto não causou nenhuma espécie de temor ao herói, que após uma longa batalha, percebeu que da cintura para baixo o gigante era exatamente como ele, e utilizando-se de um poderoso golpe, atingiu uma das pernas do mostro e o derrubou no chão, e sem piedade esmagou todos os corpos do gigante vencendo a batalha. Quando Hércules trazia de volta os bois de Gerião, exausto, decidiu parar para dormir um pouco. Naquela noite, o gigante Caco, que vivia nas cavernas dalí, rouba seis dos melhores bois que Hércules havia pegado de Gerião. Quando Hércules despertou, procurou em vão o gado perdido. Porém, quando estava a passar perto da caverna onde Caco estava escondido, um dos touros mugiu ruidosamente. Hércules, seguindo o som, encontrou Caco e matou-o, recobrando assim o gado.
Outra Versão:
Gérion era um gigante de três cabeças e corpo triplo, possuidor de enormes rebanhos de bois "vermelhos". Vivia na mítica ilha de Erítia, situada no fim do rio Oceano que envolvia o mundo (possivelmente perto de Cádiz, no sul da Espanha). Era filho de Crisaor e da oceânide Calírroe, e, da parte de Crisaor, neto de Posídon e da Medusa. Pode-se dizer, portanto, que Héracles era seu primo.
Os animais eram guardados por um pastor, Eurítion, e pelo cão Ortro, filho de Equidna e Tífon, ambos monstros perigosíssimos. Assim como Cérbero, seu irmão, Ortro tinha várias cabeças e, segundo algumas versões, corpo de serpente.
Héracles recebera ordens de roubar os rebanhos e levá-los a Euristeu. Antes de mais nada, precisava atravessar o enorme rio Oceano para chegar a Erítia e conseguiu por empréstimo a taça de Hélio, depois de ameaçá-lo com suas flechas no deserto da Líbia. Ao passar pelo estreito que separa a África da Europa, ergueu as famosas Colunas de Héracles (os rochedos de Gibraltar e o de Ceuta, separados pelo "estreito de Gibraltar").
Chegando a Erítia, Héracles enfrentou primeiramente Ortro e Eurítion, e liquidou-os sem maiores dificuldades. Atacado a seguir pelo próprio Gérion, primeiro derrubou-o com suas flechas, e a seguir matou-o facilmente, a golpes de clava.
O retorno a Micenas foi difícil e demorado, pois o rebanho era enorme e muitos ladrões tentaram roubá-lo. Os mitógrafos situam aqui diversas aventuras "locais" do herói, que assinalam sua passagem pelas diversas terras do Mediterrâneo Ocidental situadas entre o estreito de Gibraltar e a Grécia. Uma das mais notáveis foi a luta contra Caco, ladrão de três cabeças que vivia nos arredores da futura Roma.
De volta a Micenas, finalmente, Héracles entregou os bois que restaram a Euristeu, e o rei sacrificou-os a Hera. Ao contrário do touro de Creta, esses ela aceitou...

11 - POMOS DE OURO
Euristeu queria as maçãs de ouro que nasciam no jardim das Hespérides. As Hespérides eram filhas de Atlas, um dos titãs que guerreou contra os deuses e, depois de derrotado, foi condenado por Zeus a carregar eternamente o céu nas costas. Hércules não conseguia encontrar os frutos, e estava prestes a desistir, mas em seu caminho ele encontra ninguém mais, ninguém menos que o titã Atlas, e então pensou que certamente ele deveria saber a localização da árvore. Hércules então perguntou ao velho, onde estava localizada a árvore, porém o titã não quis ceder a informação gratuitamente, então o herói se ofereceu para carregar o mundo no lugar do titã enquanto ele fosse buscar os frutos dourados. Depois de algumas horas carregando o mundo nas costas, Herácles sentiu como deveria ser horrível para o titã e finalmente pôde avistar Atlas retornando com as maçãs douradas, depois de matar o dragão que as guardava. Mas então Atlas sentiu-se incrivelmente aliviado por não estar carregando todo aquele peso, e contou a Hércules que o deixaria lá para sempre, e o herói concordou, para o espanto de Atlas, pediu apenas para que antes fosse cumprir sua missão com as maçãs. Logo Atlas colocou o mundo nas costas novamente, Hércules foi embora mas nunca mais voltou.
Outra Versão:
Hera recebera de Gaia lindas maçãs (ou pomos) de ouro como presente de casamento e mandou plantá-las em seu jardim, no extremo Ocidente. As belíssimas hespérides e um feio e imortal dragão de cem cabeças (ou uma serpente, conforme a versão) guardavam as preciosas árvores.
Héracles foi incumbido de trazer a Euristeu algumas dessas maravilhosas maçãs de ouro e o herói precisou, antes de mais nada, descobrir a localização do jardim de Hera. Isso lhe deu mais trabalho que o "11º trabalho" em si: precisou ir para o norte da Grécia, depois para a Líbia, para o Egito, para a Arábia e para a Ásia Menor — e teve aventuras em cada um desses lugares.
Ao procurar as ninfas do rio Erídano (norte da Grécia), filhas de Zeus e Têmis, teve primeiro de matar Cicno, filho de Ares (seu sobrinho, portanto), e a seguir enfrentar o próprio Ares, seu irmão, que acorrera para vingar o filho.
Héracles conseguiu ferir Ares, obrigando o deus a retirar-se para o Olimpo, porém depois de tudo as ninfas disseram-lhe que somente Nereu conhecia a localização do Jardim. Levaram-no a ele, no entanto, e Héracles convenceu o antigo deus do mar a dar a informação que necessitava; algumas versões relatam que Héracles teve de lutar com ele.
No Cáucaso, Héracles matou com uma flecha a águia que devorava diariamente o fígado de Prometeu e libertou-o das correntes que o prendiam. Agradecido, Prometeu sugeriu que, ao invés de buscar pessoalmente as maçãs, deveria pedir a seu irmão Atlas que o fizesse.
Na Líbia, acabou com o gigantesco Anteu, filho de Posídon e Gaia, que desafiava e vencia todos os estrangeiros porque recebia, ao tocar o solo, a força da terra (o herói estava com um pouco de pressa: manteve Anteu suspenso acima do solo e asfixiou-o).
No Egito, liquidou o rei Busíris, também filho de Posídon, que costumava sacrificar os estrangeiros aos deuses para evitar a seca em seu reino. Detalhe interessante: como Busíris[1] era neto de Ió, ilustre ancestral de Héracles, os dois eram parentes...
Neste ponto há grande divergência entre os mitógrafos. Uma versão da lenda conta que Héracles encontrou o Jardim no extremo Ocidente e fez o dragão adormecer (ou matou a serpente), e as hespérides deram-lhe as maçãs de ouro. Outra versão, igualmente muito contada, relata que Héracles conseguiu as maçãs com a ajuda de Atlas, conforme os conselhos que recebera de Prometeu. E enquanto Atlas estava no Jardim colhendo maçãs, Héracles teria ficado em seu lugar, sustentando o céu...
Héracles finalmente regressou a Micenas, mostrou as maçãs de ouro a Euristeu e entregou-as a Atena, pois eram propriedade de Hera. Atena encarregou-se de recolocá-las no Jardim das Hespérides.

12 - GUARDIÃO DO HADES
Cérbero, um cão de três cabeças e cauda em forma de serpente, guardava a entrada do Hades, o mundo dos mortos, permitindo a entrada de todos, mas não deixando ninguém sair. Hércules desceu ao Hades e o capturou facilmente. Após mostrar Cérbero a Euristeus, devolveu o cão guardião ao inferno e, finalmente, tendo executado todas as tarefas com sucesso, estava liberto, mas a sua história não acaba aí.
Outra Versão:
Cérbero, um cão monstruoso de três cabeças e cauda em forma de serpente, era filho de Equidna e de Tífon, portanto irmão de Ortro, da Hidra de Lerna e da Quimera. Ele guardava a entrada do Hades e permitia a entrada de todos, mas não deixava que ninguém saísse.
O último "trabalho" consistiu em levar a Euristeu o terrível guardião da entrada do Hades. Héracles se iniciou primeiramente nos Mistérios de Elêusis, culto que ensinava aos fiéis como chegar ao outro mundo; acompanhado então do deus Hermes, seu meio-irmão, adentrou a morada dos mortos.
Encontrou-se primeiro com a sombra de Meleagro, o herói da Caça ao Javali de Cálidon, que lhe contou sua história e pediu que amparasse a irmã, Djanira. Deparou-se a seguir com Teseu e o amigo dele, Pirítoo, ainda vivos mas acorrentados. Conseguiu libertar Teseu, com a permissão de Perséfone, mas Pirítoo teve de ficar.
Finalmente, Héracles apresentou-se a Hades e pediu licença para capturar Cérbero. O deus concordou, desde que o herói o fizesse sozinho e desarmado. Héracles apertou então o monstro em seus braços até quase sufocá-lo, abrandando assim sua ferocidade, e levou-o tranquilamente a Euristeu. Ao ver o "cachorrinho", o rei se assustou e correu para dentro daquele vaso já reservado para isso.
Cumprida então a última tarefa determinada pelo Oráculo de Delfos, o herói levou Cérbero de volta e devolveu-o a Hades. Se o monstro continuou monstro depois do hercúleo aperto, a tradição mítica não registrou...

HÉRCULES vs ANTEU
Outra celebrada façanha de Hércules foi sua vitória sobre Anteu, filho de Gaia (a Terra), poderoso gigante e lutador, que era invencível, enquanto estivesse em contato com a terra, sua mãe. Anteu obrigava todos os estrangeiros que apareciam em sua terra a lutar com ele, com a condição de que, se fossem vencidos (como sempre eram), seriam mortos. Hércules o enfrentou e, vendo que não adiantava jogá-lo ao solo pois ele sempre se levantava com redobrado vigor, ergueu-o no ar e o estrangulou, como um abraço mortal.















A MORTE DE HÉRCULES
Após o último trabalho, Hércules disputou com Aquelau o amor de Dejanira, filha do rei da Etólia. Como a princesa a Hércules preferia, Aquelau, furioso, transformou-se em serpente, e investiu contra ele; repelido, transformou-se em touro, e de novo arremeteu; mas o herói enfrentou-o, pela segunda vez, quebrando-lhe os chifres. Aquelau então desistiu e Hércules desposou Dejanira.Numa certa ocasião em que viajava em companhia da esposa, os dois chegaram a um rio, através do qual o centáuro Néssus transportava os viajantes, mediante pagamento. Hércules atravessou a nado o rio, mas encarregou Néssus de transportar Dejanira. Encantado com sua beleza, o centáuro tentou estuprá-la, mas Hércules escutou seus gritos e acertou uma de suas flechas envenenadas no peito de Néssus. Entretanto, antes de morrer e disposto a se vingar, Néssus disse a Dejanira que seu sangue era um elixir do amor e a aconselhou a guardar um pouco caso o marido deixasse de amá-la. Quando Dejanira pensou que Hércules havia se apaixonado por outra mulher, ela mandou-lhe um manto com gotas do sangue de Néssus. Ao vesti-lo, o herói sentiu o veneno infiltrar-se no seu corpo, queimando sua pele; louco de dores, ele tentou arrancar o manto, mas o tecido achava-se de tal forma aderido a sua pele que só saia com pedaços de sua própria carne. Vendo-se perdido, o herói ateou uma fogueira e lançou-se às chamas. Neste momento ouviu-se o rebombar do trovão. Era Zeus que arrebatava seu filho para o Olimpo, onde ganhou a imortalidade e, na doce tranquilidade, recebeu Hebe, a deusa da juventude, em casamento.

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