sexta-feira, 27 de outubro de 2017

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O PACTO DA SERPENTE 



Muito distante das terras onde os dragões metálicos despertaram do sono milenar, em meio aos grades vales e montanhas cobertas de gelo, dentro de uma imensa caverna um grande dragão de escamas vermelhas despertou, seu nome era Krovack Rubra Aurora, um dos poucos sobreviventes das guerras do passado, seu corpo e mente eram marcados pelas cicatrizes do caos, mas Krovack era um sobrevivente, tão antigo quanto as próprias rochas de seu covil, seu poder era imensurável e sua sombra a mais temida.

Krovack foi o primeiro dragão a despertar, pois a fome e a sede pelo sangue tomaram conta de sua alma e em resposta seu corpo obedeceu. Ao deparar-se com um mundo completamente diferente ele sorriu, pois sabia que os juramentos das eras passadas não tinham mais valor e agora ele seria livre da servidão, agora, ele seria seu próprio mestre.

Fervorosamente Krovack caçou e matou todo o ser vivo que habitava os arredores de seu covil, mas curiosamente uma criatura ainda conseguia sobreviver em meio a desolação causada pelo dragão, uma criatura estranha, mas inteligente, esses seres se abrigavam em cavernas e caçavam tudo que podiam comer. Krovack passou a observá-los nas noites mais escuras, as vezes quando era descoberto devorava um ou outro, mas percebeu que o gosto da carne deles era horrível.

O grande dragão ficou obcecado ao estudar o comportamento dessas criaturas e ao longo dessa "pesquisa" notou que tais seres tinham muito potencial, pois eram grandes guerreiros e em seus íntimos possuiam o mesmo vazio que ele tinha. Pouco depois o dragão descobriu como as criaturas conseguiam sobreviver em seu território, eles roubavam o fogo que restava nas piras de um de seus ataques e com o ele caçavam durante a noite abatendo animais noturnos e carniceiros. Eles sabiam que estavam diante das portas da grande serpente vermelha, e a respeitavam, faziam sacrifícios e esculpiam pedras na forma de seu adorado espírito escarlate. Mesmo assim para Rubra Aurora, eles eram vermes que viviam em seu excremento, e afim de se divertir passou a assusta-los matando alguns e levando outros para serem torturados em seu covil.



Por centenas de anos Krovack ignorou seus vermes, mas em um frio inverno, alguns desses "Umarax" (equivalente a humano na língua dos dragões), impetuosamente adentraram em sua morada. Usavam peles de animais para se protegerem do gelo e portavam artifícios feitos de pedra afiada, junto deles estava um filhote de um dragão metálico, de escamas douradas, a "nobre" criatura estava amarrada e amordaçada. 

Krovack não acreditou no que viu, mas prontamente sabia o que fazer. O imenso dragão vermelho surgiu das sombras e afugentando muitos dos caçadores se aproximou do filhote e o devorou com uma mordida, os mais corajosos entre seus vermes ficaram de joelhos e pareciam cultuar a sinistra serpente que respondeu: 

- Sois loucos ou bravos, digam o que pretendem me trazendo tal sacrifício?

Um dos homens mais fortes se levantou e disse: 

- Queremos apenas sua bênção, queremos o calor que nos foi roubado pelos nossos inimigos, queremos o fogo!




Com essas palavras o guerreiro selou o destino de sua raça, pois a serpente viu que seus vermes eram fortes, pois tinham a capacidade de odiar. Krovack lhes deu o fogo, mas forjou um acordo com seus mais novos servos, pois ele concedeu os segredos da terra, a arte de moldar o metal com o fogo, em troca, pediu a lealdade e a servidão de todos os descendentes daquele povo e o guerreiro com os olhos fustigados pela chama do rancor com o coração cheio de cobiça selou o pacto com seu sangue.

Esse povo passou a ser conhecido por Pendrak e com as bênçãos do fogo dizimaram seus inimigos e dominaram uma vasta região, anualmente, sempre no equinócio do inverno seu líder seguia até a caverna para renovar seus votos e receber maiores instruções da língua bifurcada de seu mestre a grande serpente vermelha. 

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Por: Red Dragon 
Fonte: Aqui 

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