Entre Escorpiões
"Eu não entendo, sensei", Haikono falou quietamente, a frustação em sua voz quase imperceptível. O jovem scorpion tentava o seu melhor para manter sua voz baixa durante a corte. Sua máscara de seda quase não conseguia esconder sua sensação de completa confusão e raiva que crescia dentro dele.
Próximo ao jovem rapaz, Shosuro Daigo quietamente observava a sala com olhos neutros e uma expressão maliciosamente alegre.
“O que você não entende, meu aluno?”, perguntou o velho Scorpion pelo canto da boca, nunca tirando os olhos dos movimentos à sua frente.
“Certamente se você está confuso com alguma coisa, isto refletirá negativamente em mim como seu professor.” Haikano hesitou por um momento, sem conseguir ter certeza se o seu mestre estava colocando outro sentido nas suas palavras ou não. O discípulo decidiu continuar.
“O senhor já começou a se despedir dos outros convidados da côrte, Sensei, mas nós não fizemos aquilo que viemos fazer." Daigo começou a acompanhar seu discípulo para fora da grande sala enquanto dizia:
“Nós mostramos nosso respeito ao Daymio, entregamos nossos presentes, e agora estamos indo embora.” Após uma pausa, com um olhar neutro na direção de Haikono, perguntou:
“Será que esqueci de alguma coisa?”, e continuou indo embora.
“Sensei”, Haikono sussurou, tentando não soar impertinente mas ainda tentando descobrir o que estava acontecendo,
“nós não devíamos…. matá-lo?”
O velho Sensei sorriu.
“Você notou que a tinta no presente ainda estava molhada?” Haikano parecia confuso.
“Nenhum veneno naquela tinta poderia ser forte o suficiente para matar com um toque, e não ser notado pelo yojimbo do Daymio….” Disse-lhe o aluno.
“Muito astuto”, o sensei respondeu com um impressionado aceno de cabeça.
“Mas lembre-se… nosso estimado convidado rói as unhas.”
Haikano piscou, temeroso e perplexo.
Outro momento de silêncio passou entre eles, e então o delicado som de uma xícara de chá quebrando-se contra o chão duro de pedra ecoou do salão de onde tinham arrecém partido. Haikano olhou para trás, no exato momento que a sala ficou completamente e repentinamente quieta. O som inconfundível de um corpo batendo contra o chão preencheu o vazio do silêncio, seguido logo pelos gritos desesperados de uma mulher e o barulho de botas.
O aprendiz de ninja olhou de volta para o seu mestre, que o esperava com um olhar aguçado e uma sobrançelha erguida, antes de voltar à sua caminhada sem proferir uma palavra.
“É melhor irmos agora, antes que as coisas fiquem mais…. complexas.”, disse ele, com uma nota de satisfação na sua voz.
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