quarta-feira, 30 de novembro de 2016

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LABIRINTOS



Talvez poucas construções humanas evoquem tanto o mistério quanto os Labirintos, ao longo  da história, o homem construiu moradias para abrigar-se, erigiu grandes templos para exaltar as Divindades, mas ninguém deixa de assombrar-se quando estuda as construções dos labirintos.

Construções que aparentemente só servem para adornar, mas que assombram por sua beleza e  mistérios, como por exemplo: o Labirinto Egípcio do Lago Moeris, o Labirinto de Cnosos em Creta, o Labirinto da Ilha de Lemnos, o Labirinto da tumba de Pórsena, o Labirinto da Ilha do Sol…

A primeira etimologia da palavra “labirinto”, do Egípcio “lapi ro hunt”, significa “templo à entrada do lago" e faz referência a um imponente labirinto situado no sul do Cairo, próximo ao Lago Moeris que atualmente leva o nome de Birqkat Qarun (O estanque de Coré).
A segunda etimologia provém da língua minoica onde Labrys significa “lâmina dupla” e está presente em muitos santuários de Creta e relacionado com o par de cornos do Touro.
O Labrys tem relação, no Palácio de Cnosos, com o duplo machado que aparecia em muitas partes desse palácio, cuja planta e estrutura eram labirínticas. O duplo machado é o símbolo da potência masculina e feminina e representa a união dos contrários ou a síntese dos opostos.



A terceira origem etimológica alude a Isidoro de Sevilla que, na Idade Média, onde apareceram labirintos nas catedrais, o deriva de “labor” (trabalho) e “Intus” (interior ou lugar fechado). Portanto, se o labirinto era uma prisão, representava o “trabalho para sair” e se tinha que entrar, representava a “proteção para um tesouro”.
São muitas as expressões do labirinto nas culturas antigas, onde nos ensinam o mistério transcendental que sempre preocupou o ser humano: Como resolver o mistério da vida e da morte?

A filosofia neoplatônica representa no labirinto o estado de perdição, a perda do Espírito na Criação ou na Queda e a consequente necessidade de encontrar o “Centro” para retornar a ele, ao Espírito.

Cada bifurcação do labirinto representa nesse sentido as opções na vida, uma para o centro (Espiritual) e outra para o exterior (para a criação, o exterior, os sentidos).
Também representa o condicionamento da consciência humana que se acha presa em um espaço pequeno e limitado e não é capaz de ver o que está fora do labirinto. É necessário, portanto, aprender a ver a vida de fora, sem identificar-nos com ela.

Existe também uma associação muito interessante com outro símbolo, o “Centro”.
No mundo oriental isto está assumido na Mandala, que combina os símbolos do centro, da cruz e o círculo. Neste caso, no centro, em vez de haver um tesouro, pode haver um lótus, uma figura de Budha, uma chama ou algo dedicado à concentração. 

Na cultura grega nos ensina a mitologia do Minotauro (símbolo da natureza animal do homem que deve ser derrotada) e Teseu (o herói solar, como princípio crístico ou espiritual) no labirinto de Creta.



A saída de Teseu do labirinto após vencer o Minotauro servindo-se do fio de Ariadne, simboliza seu renascimento, sua evasão da morte e imortalidade. Por este motivo o labirinto tem uma associação com a morte e este é o motivo pelo qual tem sido encontrado em tumbas.

Existem danças rituais de coreografia labiríntica na Suécia e Inglaterra onde se faziam danças em labirintos feitos no pasto e relacionados com o renascimento.

Na época medieval aparecem novos labirintos nas catedrais com uma diferença a respeito dos labirintos clássicos, e é a de que nos góticos há um único caminho desde a entrada até a saída. Este labirinto associa-se com o duro caminho até Deus, desde o nascimento (a saída) até chegar a Ele (o Centro) e está associado à ideia de salvação.
É sabido que alguns peregrinos não podiam fazer as grandes peregrinações à terra santa, portanto, faziam um percurso pelo labirinto da catedral, de joelhos.

Em muitas catedrais o labirinto se dispõe depois da entrada no templo (lugar onde está a pia batismal) e antes do acesso ao altar (onde desce a influência espiritual). 
O regresso ao centro é um símbolo do Paraíso reconquistado, é atingir e restabelecer a perfeição original da que se desfrutava antes da Queda, onde Deuses, homens e bestas falavam o mesmo idioma. Mas o caminho ao centro está cheio de obstáculos e duras provas.

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