RITOS E PRÁTICAS NA RELIGIÃO ROMANA
Durante toda a história de Roma, os cultos públicos aos deuses foram realizados por sacerdotes que conheciam suas práticas e os sacrifícios necessários, sendo eles os principais responsáveis pela intermediação entre os homens e o divino.
Embora o culto privado conduzido pelo mantivesse sua autonomia ao longo dos séculos, o culto público era realizado por profissionais, em templos pater familias específicos, subordinados ao governo romano.
De acordo com Políbio, os acampamentos romanos, bem como o traçado das cidades, possuíam medidas sagradas.
Nesse sentido, os primeiros templos, onde se realizavam os cultos públicos, tinham locais pré-determinados para serem construídos, eram quase quadrados e possuíam três compartimentos para abrigar a tríade divina romana. A única exceção era o templo dedicado a Vesta, protetora do fogo sagrado, que tinha um traçado arredondado. Os primeiros templos eram de madeira e, mais tarde, passaram a ser de pedra.
Tanto no culto doméstico como no público, os sacrifícios e as oferendas foram muito presentes. No caso do primeiro, havia oferenda de alimentos, flores e sacrifícios de animais para os deuses Lares e Penates. No caso dos cultos públicos havia diferentes tipos de ritos e práticas, dependendo do motivo do evento. Entre eles destacam-se os que sacralizavam os tratados de paz ou guerra, os pedidos de proteção aos campos cultivados e os ritos de passagem, como o final de ano, que eram símbolos purificadores e fecundantes do novo ciclo. Em muitos desses ritos, o sacrifício estava presente e era conduzido por sacerdotes que imolavam o animal, separando e queimando as partes dedicadas aos deuses (fígado, pulmão e coração) e destrinchando a carne que seria consumida por eles e seus companheiros em cerimônia privada.
Durante o período imperial, além dos cultos mencionados, também havia os realizados em homenagem aos imperadores divinizados, e cultos de mistérios realizados em âmbito privado, entre membros da elite romana, como o culto à deusa Ísis ou ao deus solar Mitra, de origem persa. E também durante o século I d.C. que surgem os primeiros conflitos com os cultos cristãos, culminado na perseguição de Nero, em 64 d.C., após o famoso incêndio de Roma.
Outras cerimônias merecem destaque. Os matrimônios, por exemplo, sempre evocavam as divindades femininas, como Juno, símbolo da fertilidade. As festividades que ocorriam duas vezes ao ano em honra aos mortos também eram permeadas por sacrifícios. Em 264 a.C., realizou-se um sacrifício humano que consolidou a forma dos combates de gladiadores. Segundo Tito Lívio, historiador romano, os primeiros combates em Roma ocorreram em cerimônia privada, em homenagem ao falecido Jûnio Brutus Pera. No princípio, os combates de gladiadores podem ser entendidos como uma forma de sacrifício humano aos deuses e, aos poucos, modificaram-se tomando proporções de espetáculos grandiosos e profissionais, durante o período imperial.
Fonte: As Religiões que o Mundo Esqueceu - Como Egípcios, Gregos, Celtas, Astecas e Outros Povos Cultuavam seus Deuses. Pedro Paulo Funari (Org.), 2012.
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