sexta-feira, 30 de setembro de 2016

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O TELEPORTE DE GIL PEREZ - Um incidente inexplicável no século XVI




Fonte: Mundo Tentacular 

Essa é para quem gosta de histórias estranhas e de incidentes no mínimo bizarros.

A veracidade desse relato é amplamente questionada por historiadores, sobretudo por ter sido uma estória que ganhou fama apenas um século depois do incidente supostamente ocorrer. Além disso, a estória é tão fantástica que apenas indivíduos com a mente aberta seriam capazes de conceber tal acontecimento. Não obstante, ela passou a constar em vários almanaques de época, sendo tratada como um incidente único, absurdo, contudo inexplicável. Registros documentais redigidos pelo Tribunal do Santo Ofício sobreviveram, atestando que o envolvido direto existiu e chegou a ser examinado pela Inquisição em 1596. 


A estória envolve um sujeito chamado Gil Pérez, um soldado espanhol que viajou o mundo no século XVI. Gil trabalhava como Guarda Costas do Governador Geral de Manilla, nas Filipinas, na época uma colônia do Império Ultramarino da Espanha.

Suas ordens expressas eram proteger o Governador Gomez Dasmarinas, contra piratas que o haviam ameaçado repetidas vezes. Manilla era um importante Porto de Comércio e piratas chineses costumavam atacar as embarcações que faziam a rota à caminho do ocidente. Quando o Governador Dasmarinas ordenou escoltas armadas para acompanhar os navios de comércio, ele conquistou o ódio dos piratas. O Governador sofreu um atentado em sua casa onde por pouco não foi assassinado, depois disso, uma guarda especial - a Guarda Civil, foi montada para defendê-lo.

Até onde se sabe, Perez era bastante eficiente e provara seu valor matando piratas em pelo menos duas ocasiões nas quais recebeu uma comenda.

Foi então que algo inusitado aconteceu! 

No dia 24 de outubro de 1593, Gil Perez estava de serviço, montando guarda na Casa Oficial do Governador. Ele não tinha como saber, mas criados da casa haviam sido subornados pelos piratas para abrir uma porta na madrugada e permitir a entrada de assassinos na propriedade. Gil foi visto naquela noite e várias pessoas se recordavam dele fazer a ronda noturna.

Os homens contratados pelos piratas conseguiram abrir caminho e invadir o quarto de Dasmarinas que ainda teve tempo de gritar por socorro. Um dos homens colocou um travesseiro em sua face enquanto outro o perfurou repetidas vezes com um punhal. Os guardas chegaram nesse momento e travaram uma luta esganiçada com os assassinos. Gil foi levemente ferido, mas conseguiu dar cabo de seu atacante. O Governador infelizmente não sobreviveu, os ferimentos se provaram fatais.

Cansado e frustrado após a luta, Gil se retirou do quarto e resolveu utilizar um aposento próximo para descansar. Escolheu um quarto onde o Governador guardava presentes vindos de todos os cantos do Império Espanhol. Ele encostou a porta e sentou em uma cadeira. Cochilou por alguns minutos e quando abriu os olhos não reconheceu o lugar onde estava. Olhou para um lado, olhou para outro e se mostrou chocado com a súbita mudança do ambiente. Não se tratava mais do aposento luxuoso em que havia se refugiado, mas de uma estrutura de pedra, fria, escura e subterrânea. Gil saiu dali assustado. O que teria acontecido? Alguém estaria pregando uma peça com ele e o moveu para outro lugar enquanto estava desacordado? A ferida no flanco ainda o incomodava, mas ele estava perfeitamente lúcido.




Gil caminhou para o lado de fora, constatando que era dia. Em seguida percebeu que as ruas eram diferentes, as pessoas se vestiam de forma estranha e não havia como reconhecer aquela vizinhança de Manilla. Também não havia nem mesmo um filipino à vista, os camponeses eram diferentes e ele não os reconhecia.

Finalmente ouviu alguém falando espanhol e foi até o sujeito conversar com ele. Foi informado de algo impossível. Gil estava no México, na Plaza Mayor, mais de 9000 milhas náuticas de Manilla através do Pacífico. 

Ele explicou ao seu interlocutor, um soldado espanhol que momentos antes ele estava na Casa de Sua Excelência o Governador Geral das Filipinas Gomez Dasmariñas e que este havia sofrido um atentado e morrido nas mãos de piratas chineses. Os homens olhavam para ele sem entender o que ele estava dizendo. Ninguém acreditou em sua estória fantástica.

Depois de buscar um Oficial e relatar sua estória, Gil recebeu ordem de prisão. Meses depois, um outro oficial reconheceu os trajes que Perez usava na ocasião de sua prisão. Ele afirmou que havia servido nas Filipinas anos antes e que aquela era a indumentária dos soldados naquela parte do Império. O homem chegou a visitar o soldado na prisão, conversou com ele usando dialetos da Filipinas, mencionou lugares que só quem esteve lá conheceria e ouviu sua estória. Por fim concordou que embora a estória fosse impossível, estava claro que Perez realmente havia servido em Manilla.




Semanas mais tarde, um navio espanhol chegou ao México trazendo notícias. Uma das novidades era justamente que o Governador Geral de Manilla havia sido assassinado por piratas em um atentado descrito nos mínimos detalhes por Gil Peréz no dia seguinte ao ocorrido.

Os militares acusaram o soldado de ser um desertor e autoridades religiosas estudaram a possibilidade de que ele de alguma forma estivesse em conluio com Satã, pois de que outra maneira ele poderia ter aquela informação meses antes da notícia chegar ao Novo Mundo? O Tribunal da Inquisição interrogou o soldado, mas tudo que ele pode dizer em sua defesa é que ele havia viajado de Manilla para o México em apenas uma noite.

O caso era tão inusitado que os Inquisidores não conseguiram chegar a uma conclusão a respeito do sujeito. Decidiram manter o pobre soldado numa masmorra até que o mistério fosse resolvido. 

Em 1595, uma correspondência foi enviada à bordo de um navio mercante com destino a Manilla. Na carta, pedia-se informações a respeito de um homem chamado Gil Peréz que alegava ter sido membro da Guarda Civil à serviço do Governador Geral. Meses mais tarde um mensageiro trouxe uma resposta notável: havia de fato um homem que atendia por esse nome, mas que desapareceu em 1593 quando estava à serviço do Governador. Os colegas afirmavam que o sujeito havia sido visto pela última vez em 24 de outubro, data que todos recordavam, pois foi a noite em que o Governador Dasmarinas havia sido assassinado.   

Em 1596, Gil Perez, soldado, membro da Guarda Civil Filipina e viajante que havia sido inadvertidamente teleportado de Manilla para o México, foi libertado de seu cativeiro.

Nesse mundo, há muitas coisas estranhas e inexplicáveis. E é muita arrogância imaginarmos que um dia teremos todas as respostas para os mistérios que nos cercam.

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