COMO O MUTUM GANHOU O SEU TOPETE
Diz-se que um dia um pajé kanassa andava pelas matas e encontrou o mutum, uma pequena ave das matas. Este ser também estava todo atarefado, preparando um pequeno enfeite de penas.
O pajé achou que interromper o trabalho do outro era uma boa maneira de demonstrar a sua simpatia e a sua cordialidade, e perguntou ao mutum:
– O que está fazendo aí?
– Um enfeite de penas para afastar índios chatos – disse o mutum.
O pajé, imperturbável, sentou-se e esperou o mutum terminar a sua obra.
– Vamos ver que tal vai ficar.
O mutum olhou para o pajé com impaciência.
– Vai pôr na cabeça? – disse o pajé.
– Sim – disse ele.
– Então ponha, o que está esperando?
De repente, o mutum temeu estar diante de um louco e resolveu fazer o que o índio dizia. Depois de colocar o enorme penacho no alto da cabeça, ficou
parado, com cara de bobo.
– Parece bom – disse o pajé.
Acalmado por esse pequeno afago na vaidade, o mutum começou a voar de lá para cá.
– Mais rápido!
O mutum voou em todos os sentidos, até de ponta-cabeça. Nesse ponto, o topete se desprendeu e caiu miseravelmente.
– Aí está! – disse o índio, dando uma palmada na coxa. – Ponha de novo!
O mutum recolocou o penacho, e o pajé aproveitou para lançar sobre ele um feitiço. No mesmo instante, o penacho enraizou-se no cocuruto da avezinha e dali nunca mais saiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário