A beleza de Perséfone era admirada por todos os deuses, inclusive por Zeus - o deus todo poderoso do Olimpo. Isso despertou a ira de Afrodite, que sempre desejava ser a mais bela e admirada. Devido a essa rivalidade Afrodite plantou o amor no coração de Zeus, que se transformou numa serpente para seduzir Persefone quando ela viesse visitar sua mãe. Do encontro entre Perséfone e Zeus nasceu Sabazius, que foi viver com Zeus no Olimpo.
Zeus era casado com Hera, mas mantinha seus casos extraconjugais. Entre suas amantes estava Sêmele, a quem Zeus prometeu jamais negar-lhe algo. Para vingar-se da traição, a esposa de Zeus despertou em Sêmele a curiosidade de vê-lo em todo o seu esplendor. Ao satisfazê-la, Sêmele não suportou a visão de Zeus - deus dos raios e trovões - e foi fulminada pelo grande clarão do raio que a atingiu.
Sêmele estava grávida e, na tentativa de salvar a criança, Sabazius costurou o feto na coxa de Zeus. Ao final da gestação nasceu Dioniso, vivo e perfeito. Contudo Hera continuou a perseguir a estranha criança de chifres e ordenou aos Titãs que a matassem. Mais uma vez Sabazius ajudou Zeus a resgatar o coração da criança, que foi cozido junto com sementes de romã transformando numa poção mágica. Eles deram a poção a Perséfone, que engravidou e novamente Dioniso nasceu, sendo chamado "o que nasceu duas vezes".
Graças a Sabazius o pequeno Dioniso sobreviveu. Convocado por Zeus para viver na terra junto aos homens, Dioniso compartilhava com os mortais as alegrias e as tristezas. Atingido pela loucura, Dioniso perambulava pelo mundo junto aos sátiros selvagens, loucos e animais. Deu à humanidade o vinho e suas bençãos, concedendo o êxtase da embriaguez e a redenção espiritual a todos que decidissem abandonar suas riquezas e renunciar ao poder material.
Sabazius também possuía seus atributos e era célebre por sua velocidade e poder de transformação. Considerado como uma divindade agrícola, tal como Dionísio ele também tinha chifres na testa. Alguns chamavam Sabazius de deus-cabrito. Venerado durante a Sabátidas, consagravam-lhe o trigo e a cevada, de onde se fermentava uma bebida inebriante que era servida e apreciada pelos presentes. Essa bebida era a cerveja.
As Sabátidas eram festivais consagrados a Sabazius e também a Pã - deus dos bosques e a Príapo - deus da fertilidade, todos representados pela figura de faunos ou bodes. Durante a festa os convivas banqueteavam sentados no chão sobre peles de animais caprinos, com as quais também se cobriam encarnando seu comportamento e imitando seus berros.
Nesse culto agrário, uma virgem nua simbolizava a fertilidade. Em alusão à Demeter - a Mãe Terra, a virgem deitava-se sobre a mesa ritualística e recebia sobre o ventre as oferendas, geralmente o trigo e a cerveja. Ela própria após o banquete era oferecida à divindade caprina dona da festa, sempre encarnada por um sacerdote com máscara de chifres, vestido com pele de cabra, assim como os demais presentes.
Enlevados pela bebida, durante a festa eles misturavam-se e, não importando o sexo, fecundavam-se mutuamente. Ao final da festa, semelhantemente às Bacanais, invocava-se o raio numa alusão ao mito dionisíaco. Essa era uma forma de relembrar o raio de Zeus que fulminou Sêmele.
A desvirginada do altar arrancava com sua boca a cabeça de um sapo e a cuspia ao chão, em alusão às Mênades possessas que dilaceravam os animais conforme descreveu Eurípedes de modo perturbador nas Bacantes. Estes eram os originais pagãos, cujas festas celebravam no pago ou no próprio povoado, geralmente nos campos de suas comunidades.
Na antiga Roma, Dionísio era conhecido como Baco - o deus do vinho, tendo sido mais popular devido às grandes plantações de uvas e, consequentemente, pela produção do vinho. Além dos limites romanos viviam os bárbaros, que cultivavam os cereais, a cevada e o trigo. Isso tornou os povos - celtas, bretões, gauleses e caledônios - , os povos bárbaros germanos - anglos, saxões, godos - e os povos da suméria, babilônia e Egito, adoradores de Sabazius e grandes apreciadores da cerveja.
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