Estátua de William Wallace na entrada do Castelo de Edimburgo. |
Recentes biógrafos situam o seu nascimento em Ellerslie, Ayrshire, ainda que a tradição oral o situe em Elderslie, Renfrewshire[1] . Venceu o exército de Eduardo I de Inglaterra na batalha conhecida como "Batalha da ponte de Stirling" ou "Stirling Bridge". Pouco depois de sua terrível execução, a independência da Escócia pôde ser restabelecida por Robert the Bruce. Sua participação foi decisiva na Guerra da Independência Escocesa, quando a monarquia, em decorrência dos conflitos incessantes entre os clãs, viu as tropas de Eduardo I avançarem para a total subjugação do reino. Wallace venceu os ingleses em várias batalhas, culminado com o nascimento do Estado escocês.
Tornou-se muito conhecido após ser biografado no filme Braveheart (Coração Valente no Brasil ou O Desafio do Guerreiro em Portugal), dirigido e estrelado por Mel Gibson. William Wallace é, certamente, um herói para os escoceses.
Nasceu em Elderlie, na paróquia de Paisley. Seu pai era servo do alto administrador da Escócia, James Stewart, e é possível que Wallace tenha recebido educação na abadia de Paisley, pois admite-se que teria o dominío dos idiomas latim e francês. Possuía tios sacerdotes que talvez o tenham educado.
Casou-se com Marian (ou Murron) Braidfoot, por volta de 1297, na igreja de S. Kentingern, em Lanark. Mais tarde, em maio de 1297, ela foi assassinada a mando do xerife inglês de Lanark, William de Hazelrig. Acredita-se que ele já havia se revoltado contra os ingleses antes do assassinato de Marian, que teria ocorrido em represália a essas atividades rebeldes.
A Revolta Escocesa:
Ao mesmo tempo em que Wallace estava atacando Hazelrig, Andrew Moray estava liderando um ataque contra os ingleses nas Highlands. Houve, também, outras rebeliões por todo o país naquela ocasião. A inquietação existia devido à imposição de regras estritas aos escoceses. Após John Balliol, que esteve no trono da Escócia por um breve período, ter renunciado ao reinado, Eduardo I assumiu o controle do trono da Escócia, pois ela não tinha rei, e ele queria ter certeza de que os escoceses não se libertariam de suas mãos.
Sob tal opressão, não foi surpresa que os escoceses reagissem. Muitos deles, por serem pobres, usando como armas os implementos agrícolas. O imenso ato de rebelião de Wallace atraiu a atenção das pessoas comuns e também dos nobres escoceses tais como James Stewart, Sir James Douglas e Robert the Bruce. Estes, não querendo se submeter aos grilhões de Eduardo I, se aliaram a Wallace, e sob a tutela do bispo de Glasgow, Robert Wishart, prepararam-se para se libertar da opressão dos ingleses.
Wallace e Moray ficaram chocados quando os nobres, que eram seus aliados, se renderam aos ingleses em 9 de julho de 1297 em Irvine. Em resposta, os dois homens assumiram o controle das forças rebeldes, que haviam se espalhado pelo país. Em agosto, haviam consolidado os rebeldes em um só exército em Stirling.
Em 11 de setembro de 1297, as forças inglesas foram reunidas ao redor do Castelo de Stirling. Ao passo que os escoceses estavam no lado oposto do rio Forth, tudo que os separava dos ingleses era uma ponte. Estes, por serem mal comandados pelos seus líderes, caíram em uma armadilha ao cruzarem esta ponte e foram massacrados pelos escoceses. Foi uma vitória incrível e ao mesmo tempo infeliz, pois Moray foi mortalmente ferido durante a batalha e morreu pouco tempo depois.
Wallace assumiu o controle dos rebeldes, mesmo com a perda de um companheiro insubstituível. Liderou seus homens em um ataque mortal ao condado de Durham, Inglaterra, em outubro. Em novembro, ele e seus homens retornaram para a Escócia, para esperar o inverno rigoroso. Durante esse tempo, ele reconsolidou suas forças.
Eduardo I e seus homens finalmente se dirigiram para a Escócia, em julho de 1298, mas uma das táticas de Wallace era remover todos os animais e pessoas do caminho que os ingleses tomariam através da Escócia para encontrá-lo. Isso garantiria que os ingleses não encontrariam provisões nem informações ao viajarem para o norte. Uma outra tática de Wallace era treinar seus homens para usar shiltrons (grupos de homens armados com lanças virados para todas as direções), formando uma defesa como a de um porco-espinho ou ouriço. Porém, o exército inglês era muito maior do que o escocês e, a despeito dos melhores esforços de Wallace, os ingleses dizimaram os escoceses em Falkirk. O próprio Wallace mal escapou do campo com vida. Alguns historiadores acreditam que Robert the Bruce esteve envolvido no resgate de Wallace do campo de batalha, como foi mostrado no filme, mas outros colocam Bruce em Ayrshire, onde ele atacou o Castelo de Ayr, que estava sob ocupação inglesa. De qualquer forma, historicamente, em ambos os casos, Robert não estava ao lado do rei, como mostra o filme.
Depois da horrível perda escocesa em Falkirk, Wallace renunciou como Guardião, embora não se saiba se ele o fez de vontade própria ou não. Robert the Bruce e seu primo, John Comyn, o vermelho, foram indicados para substituí-lo naquela posição. Muito pouco se sabe sobre as atividades de Wallace depois da renúncia até a sua captura e execução, em 1304. Wallace provavelmente liderou diversos ataques ao norte da Inglaterra e há a possibilidade de Wallace ter ido para o continente para procurar ajuda de escandinavos, franceses e até do Papa. Uma carta de Filipe IV foi enviada para Roma, com o pedido de que Wallace recebesse toda a ajuda possível. Com base na data da carta, provavelmente Wallace estava em Roma em 1300. Os ataques à Inglaterra continuaram em 1303, a maioria deles executados no estilo de Wallace, embora não saibamos se ele era realmente um membro desses grupos atacantes, seu mentor ou apenas os inspirou. No entanto, essas incursões adicionais à Inglaterra serviram somente para enraivecer ainda mais Eduardo I, de maneira que ele concentrou seus esforços em encontrar Wallace.
A Ascensão:
Em março de 1298, Wallace foi feito cavaleiro, possivelmente pelo próprio Robert the Bruce, em Tor Wood, e foi designado como "Guardião da Escócia". O facto de um homem do seu meio ser designado para uma posição tão potencialmente poderosa indicou o quanto ele era reverenciado pelos nobres, pelo seu papel de tentar libertar a Escócia, e o quanto a liberdade era desejada pelos nobres escoceses. Não existem provas de que Wallace tenha feito mau uso do poder que lhe havia sido dado pelos nobres. Em vez disso, ele utilizou esse poder com o melhor de suas habilidades para reunir os cidadãos e os nobres em seu redor, na luta contra os ingleses. Wallace permaneceu firme e não desistiu do seu objetivo da liberdade para a Escócia. Com a ajuda dos muitos escoceses que o viam como um herói, Wallace conseguiu iludir Eduardo I por algum tempo. Entretanto, Eduardo submeteu os nobres escoceses sua vontade, com tanta força que os dias de Wallace estavam contados.
A queda:
Pouco se sabe a respeito da verdadeira captura de Wallace, além do fato de que ela foi realizada pelo escocês John Mentieth (ou, como dizem algumas fontes, por um servo de Mentieth). Assim, no dia 3 de agosto de 1304, crê-se que sir John Mentieth capturou William Wallace em algum lugar perto de Glasgow. Mentieth havia estado do lado da liberdade dos escoceses algum tempo antes, mas sucumbiu a Eduardo I. Como recompensa, foi feito xerife de Dumbarton. Em relação ao filme Braveheart (Coração valente (título no Brasil) ou Braveheart - O desafio do guerreiro (título em Portugal)), embora não haja indicação de que Wallace estava a caminho para encontrar Robert the Bruce quando foi traído, o filme foi preciso ao retratar a traição por um de seus próprios conterrâneos. Wallace foi levado para Londres imediatamente e chegou lá em 22 de agosto. Na manhã seguinte, foi levado pelas ruas de Fenchurch, onde as multidões zombavam dele e lhe atiravam comida e pães podres, haja vista que os ingleses haviam sido levados a acreditar que Wallace era um impiedoso fora-da-lei, que havia matado ingleses inocentes, e que deveria ser punido.
No Westminster Hall, Wallace ficou diante do tribunal designado pelo rei Eduardo I, que o obrigou a ficar em uma plataforma e usar o que alguns acreditavam ser uma coroa de espinhos. Além de traição, Wallace foi acusado do assassinato do xerife de Lanark, Hazelrig, oito anos antes. As acusações eram lidas e a sentença pronunciada, como era costume, uma vez que os marginais, estando fora da lei, não tinham direitos. Wallace não teve oportunidade de falar em sua própria defesa e a sentença foi executada imediatamente: Wallace foi amarrado com couro e arrastado por diversos quilômetros, até Smithfield.
A execução:
Primeiro Wallace foi enforcado até ficar quase inconsciente, e então, amarrado a uma mesa, estripado, e suas entranhas, queimadas, ainda presas a ele. Provavelmente foi também castrado e, então finalmente, foi libertado do seu sofrimento inimaginável, pela decapitação. Seu corpo foi esquartejado, e os pedaços, enviados para Newcastle upon Tyne, Berwick, Perth e Stirling. Sua cabeça foi colocada em um pique na Ponte de Londres, de modo que todos a vissem, como advertência para outros possíveis "traidores".
O Mito:
As crenças de William Wallace são claras no que alguns dizem ser seu verso favorito, originalmente em latim: "Liberdade é a melhor de todas as coisas a ser conquistada, a verdade, lhe digo então: nunca viva com os grilhões da escravidão, meu filho". Mais tarde reabilitado e adorado por seu povo, hoje podem-se ver vários monumentos escoceses a seu herói: um no Castelo de Edimburgo ao lado da entrada (Robert the Bruce ocupa o outro lado), outro em Lanark, em um nicho acima da porta da atual igreja da paróquia, de frente para a High Street, e o mais famoso, em Stirling, no "National Wallace Monument". Wallace, embora morto há sete séculos, ainda vive na história e na imaginação da Escócia.
A Igreja Católica da Escócia defende a canonização de Wallace desde a década de 80, fato esse que gera inúmeras controvérsias. Sabe-se que Wallace era um Católico devoto e é considerado herói nacional, porém muitos questionam suas possíveis qualidades como homem santo.
O sucesso do filme Coração Valente acabou revivendo o movimento pela independência da Escócia (ainda parte do Reino Unido da Grã-Bretanha), que ainda deriva força política da popularidade de Wallace e do patriotismo derivado do filme.
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