sábado, 15 de fevereiro de 2014

Mitologia Grega: Perseu e a Meduza

PERSEU E MEDUSA


Acrísio, rei de Argos, era pai de Dânae, uma linda moça, mas estava desapontado por não ter um filho. Quando consultou o oráculo sobre a ausência de um herdeiro homem, ele recebeu a informação que nunca geraria um filho, mas no futuro teria um neto, cujo destino era matar o avô.
Acrísio tomou medidas extremas para fugir deste destino e isolou Dânae no topo de uma torre de bronze. Ela permanecia em total reclusão até que um dia Zeus veio visitá-la na forma de uma chuva de ouro. Dânae deu à luz a Perseu, mas Acrísio ainda tinha esperanças de evitar o destino. Mandou construir uma grande arca, colocou Dânae e seu filho dentro e lançou-os ao mar. Lançada pelas ondas, a arca chegou às praias de Sérifo, uma das ilhas das Ciclades. Dânae e Perseu foram cuidados por um honesto pescador, Dictis, irmão do rei de Sérifo, Polidectes, um homem inescrupuloso. Com o passar do tempo, Polidectes apaixonou-se por Dânae, mas Dictis protegia Dânae das investidas do rei, enquanto Perseu crescia.

Certo dia, durante um banquete, Polidectes pediu presentes aos seus convidados. Uns prometeram lhe dar cavalos, outros ofereceram jóias, mas Perseu ofereceu-se a trazer a cabeça da Górgone, a Medusa. Todos que prometiam tinham de honrar e cumprir sua promessa. Polidectes aceitou a oferta pensando que assim se livraria de Perseu e poderia conquistar sua mãe Dânae.
As górgones eram três, monstruosas criaturas aladas com cabelos de serpentes. Duas eram imortais mas a Medusa era mortal e potencialmente vulnerável. No entanto, ela transformava em pedra todos que a olhasse em seus olhos. Hermes mostrou a Perseu o caminho das Gréias, três velhas irmãs que compartilhavam um olho e um dente entre si, e instruído por Hermes, Perseu conseguiu se apoderar do olho e do dente, recusando-se a devolvê-los até que as Gréias mostrassem o caminho até as Ninfas, que lhe dariam tudo o que necessitava para lidar com Medusa.
As Ninfas deram-lhe uma capa de escuridão que permitiria a Perseu pegar a Medusa de surpresa, botas aladas para facilitar sua fuga e uma bolsa especial para colocar a cabeça após tê-la decepado. Hermes lhe deu uma foice, e assim Perseu seguiu para encontrar Medusa.
Ao encontrá-la, Perseu a viu através de seu escudo brilhante evitando olhar para ela; e quando ela se aproximava, Perseu cortou-lhe a cabeça. Acomodando a cabeça da Medusa em sua bolsa, retornou rapidamente a Sérifo, auxiliado por suas botas aladas. Mas ao sobrevoar a costa da Etiópia, Perseu viu abaixo uma linda princesa atada numa rocha. Era Andrômeda, que sua fútil mãe Cassiopéia que ao dizer que era mais bonita do que as filhas do deus do mar Nereu, fêz surgir a ira de Posidon.
Para puni-la, Posídon enviou um monstro marinho para devastar o reino, e isto só poderia ser evitado se fosse oferecido a filha da rainha, Andrômeda, que assim foi colocada na orla marítima para esperar o terrível destino.  Perseu matou o monstro marinho e libertou a princesa.
Os pais dela, em júbilo, ofereceram Andrômeda como esposa a Perseu e os dois seguiram na jornada para Sérifo. Polidectes não acreditava que Perseu tivesse conseguido, e quando quis ver cabeça da Medusa, olhou em seus olhos e se tornou petrificado sob o olhar da cabeça da górgone.
Perseu, Dânae e Andrômeda seguiram juntos para Argos, onde esperavam se reconciliar com o velho rei Acrísio. Mas qu ando Acrísio soube da visita, fugiu da presença ameaçadora de seu neto, indo para a Tessália. No entanto, o destino os fêz encontrar nos jogos fúnebres do rei de Larissa. Eles não se conheciam, e quando Perseu atirou um disco, este se desviou e atingiu Acrisio entre os espectadores,  matando-o. A previsão do oráculo se realizou...
O mito de Perseu e a Medusa representa os medos e temores que carregamos em nós e que nos recusamos a reconhecê-los e enfrentá-los, com a esperança de que podemos fugir deles indo para algum lugar, até que, inconscientemente, atraimos situações que nos colocam frente a frente com esses medos. E por não tê-los reconhecidos e enfrentados, inevitavelmente atrairemos para nossas vidas, o que mais tememos.
Todos nós temos algum temor: medo de perder, medo de não ser amado, medo de amar e não ser correspondido, medo de dentista, medo de ratos, medos... medos... Para enfrentá-los precisamos de coragem; não ter medo de nossos medos. O segredo está em nós mesmos; devemos nos olhar sem medo de nos ver interiormente e também externamente.
Cada detalhe do nosso rosto, do nosso corpo, são digitais únicas; não há ninguém, em todo o universo, que seja igual. Não devemos temer estar sozinhos, de termos somente nossa própria companhia. Precisamos experimentar novas coisas, novos sabores e nos dar novas oportunidades. Somos perfeitos, não precisamos de ter medo; porque a coragem também está viva em nós.

Coragem não é a ausência do medo, mas sim a capacidade de avançar, apesar do medo; é caminhar para frente e enfrentar as adversidades. Não podemos nos deixar derrotar, nos entregarmos por causa dos medos, senão, jamais chegaremos aos lugares que tanto almejamos em nossas vidas.

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